Onde todos podem
trabalhar
Uma certa
geração de
jovens espíritas
cresceu embalada
pelas músicas de
Marielza
Tiscate.
Musicalmente bem
elaboradas e de
letras de um
sentido
profundo, muitos
estudos
espíritas foram
ilustrados por
palavras destas
canções, e
muitas lágrimas
de emoção
verteram frente
a essa obra
musical.
Do Rio de
Janeiro para o
Brasil,
certamente o
leitor deve
conhecer alguma
música dessa
autora, ainda
que por vezes
não identifique
que era dela.
Sim, aquela
música do
“Chamado” é
dela. E se
lembrar de
outra, é bem
capaz que seja
também.
Mas, nesse breve
artigo, nos
deteremos a uma
música em
especial, que
nem é das mais
conhecidas da
autora, presente
no CD da Série Raízes e
que dispõe
também de uma
bela versão pelo
Grupo cearense
de arte espírita
AME. Estamos
falando da
música “A paz”.
Na letra dessa
música existe
uma frase
emblemática,
referindo-se à
paz: “Vem
comigo, venha
logo, traga o
teu olhar...Pra
esta empreitada
onde todos podem
trabalhar.”
Um convite que
indica que o
desafio da paz é
uma porta aberta
a todos que
desejem nela
trabalhar.
Sonhamos com uma
paz duradoura,
idílica, perene,
esquecendo que a
paz é uma
construção
cotidiana, que
se faz no micro
das relações,
nos espaços
públicos e
também no
contexto
geopolítico,
permeando a
família, as
relações
profissionais,
escolares e
entre as nações.
O edifício da
paz, que ninguém
há de destruir,
como diz a
música de
Marielza,
precisa ser uma
luta das
relações
domésticas. Um
olhar, uma
palavra mal
colocados, e se
instala a guerra
na família,
nosso espaço de
repouso e de
fraternidade.
A paz no lar, no
almoço de
domingo onde
visitamos os
parentes,
precisa ser uma
busca. Claro,
não pode ser a
paz à custa do
silêncio que
oprime, mas não
pode ser fruto
da intolerância
com as
limitações do
próximo que
busca causar
para chamar a
atenção.
É possível
encontrar o tom
da paz na
família. Basta o
seu esforço, o
meu esforço,
ainda nas linhas
da canção. Mas
não é suficiente
que haja paz na
família,
demandando paz
também as
relações em
ambientes
coletivos, como
a escola e o
trabalho.
Vivemos
recentemente
ataques as
escolas por
ex-alunos
armados,
remetendo a
experiências
vivenciadas
tristemente e em
maior frequência
nos Estados
Unidos, onde faz
tempo, escolas e
ambientes
profissionais
são objeto de
ações violentas
movidas pela
vingança de
ofendidos,
demitidos ou
mesmo pelos
acometidos de
problemas
íntimos, que
sobre essas
estruturas
derramam seu
ódio.
Para essas
situações surgiu
no debate
público a ideia
de que a escola
precisa de uma
cultura de paz,
que se traduz
objetivamente em
não transformar
a escola em um
ambiente de medo
e de mais
violência para
combater a
violência, e sim
fomentar a paz
pelas relações
saudáveis, que
fortaleçam os
aspectos
humanistas no
ambiente
escolar.
A paz aqui se
faz com medidas
concretas, de
acolhimento, de
diálogo, em que
todos se
respeitem
mutuamente e que
as diferenças
sejam mediadas.
A mesma lógica
se aplica as
empresas, hoje
preocupadas com
a saúde mental
de seus
empregados,
esquecendo que
as causas
residem em um
ambiente mais
fraterno e menos
adoecedor.
De todos os
níveis para essa
empreitada onde
todos podem
trabalhar, o
aspecto
geopolítico é o
mais complexo.
Ninguém ignora
que na última
década o
espírito
belicoso entre
os países tem
estado
acentuado, com
ameaças e gestos
que sinalizam o
ânimo de se
fazer a guerra,
que por vezes
tem se
materializado.
Um cenário
preocupante.
Aqui também
podemos
trabalhar,
usando nossa voz
para propagar
que não importam
os motivos da
guerra, a paz é
mais importante,
parafraseando
Roberto Carlos
em sua música
mais inspirada
no movimento
Hippie, que se
levantou diante
da longa guerra
do Vietnã
(1955-1975), no
Século passado.
Os Hippies,
pacifistas,
cidadãos
estadunidenses,
foram as ruas
pela paz e
pressionaram
seus governantes
para abreviar o
conflito, o que
se deu afinal.
Aqueles heróis
anônimos
souberam
construir a paz.
Importante
identificar
nessa empreitada
como podemos
trabalhar pela
paz. E não
subestimemos
nosso potencial.
A paz espera a
nossa alegria de
viver, a nossa
esperança e a
nossa certeza no
vencer. Não
pensemos que a
interpretação da
fala de Jesus de
que não vim
trazer a paz e
sim a espada
seja um convite
para a
violência.
Falava o Cristo
da quebra de
paradigmas por
trazer ele uma
mensagem de amor
ao próximo.
Espíritas são
amantes da paz,
e temos nossa
responsabilidade
nessa empreitada
de um mundo no
qual a paz se
faça presente
mais
concretamente.
Que tenhamos Paz
na Terra, e para
isso basta aos
homens um pouco
de boa vontade.