Transformação de Paulo
Senhor, que queres que eu faça? Paulo
Paulo de Tarso é sem dúvida um dos maiores exemplos de
transformação de que se tem notícia, podendo ser
comparado a Maria Magdalena e Pedro.
De acordo com a História, o então Saulo de Tarso era um
ferrenho perseguidor dos cristãos, como todos sabemos,
bem como um seguidor à risca das leis mosaicas.
Num momento de sua vida, ele decide ir a Damasco para um
acerto de contas com Ananias, responsável por converter
muitas pessoas ao Cristo, com a sua Boa Nova.
Juntou-se a alguns soldados e no caminho a Damasco
ocorre algo que mudaria a sua vida por completo e
deixaria para o mundo um trabalho maravilhoso sobre os
ensinos de Jesus, tornando-se um apóstolo que não vivera
junto do Mestre dos mestres.
Ensina Emmanuel no livro Paulo e Estêvão,
psicografado pelo querido Chico Xavier, que no caminho
Saulo percebeu a presença de uma luz intensa, que o
derrubou do cavalo. Totalmente perturbado e sem saber o
que fazer, ele pergunta: “Quem sois vós?”, recebendo
a clássica e profunda palavras de Jesus: “Saulo,
Saulo, por que me persegues?”
Nesse instante, algo grandioso desperta em Paulo, que
sentiu que estava no caminho errado, que estava
profundamente equivocado, mas seu espírito justo perante
aquilo em que ele acreditava, percebendo agora seu
engano, responde: “Senhor, que queres que eu faça?”
Podemos perceber nesse momento, com a capacidade que
atualmente todos nós temos, que Paulo tinha
conhecimento, honestidade, dentro do aprendizado
recebido por ele, e assim vivia sua vida dentro desses
princípios. Dentro de segundos, percebeu estar
equivocado e realiza uma transformação surpreendente que
viria transformar para melhor o entendimento do muito
que Jesus nos trouxe para vivenciarmos em nossas vidas.
A mudança foi profunda a ponto de mais tarde trocar o
nome de Saulo para Paulo e mostrar que ele era agora um
novo ser, com o espírito todo renovado, dentro dos
ensinos de Jesus.
Sem dúvida, Paulo trouxe essa missão para sua vida, mas
esse contato com o mundo físico, a vivência, o
aprendizado, seus estudos, e ainda sendo um ser como
nós, em evolução, havia-se desviado.
Muitas vezes não percebemos o caminho correto a ser
tomado, em função dos desvios gerados pelo nosso
comportamento. Entendemos que no profundo do seu ser
palpitavam alguns pensamentos, interrogações, dúvidas,
entre outras coisas, sobre a sua vida e o que o
conhecido Nazareno ensinara e prometera às pessoas...
Assim ele vai reconstruir sua vida, num ato supremo de
entrega e de trabalho nunca visto antes na humanidade.
Todos nós somos chamados todos os dias, mas muito poucos
de nós conseguimos entender e assimilar esses pequenos e
sutis chamados.
Importante que entendamos que a espiritualidade não está
solicitando a nós que façamos mudanças radicais em
nossas vidas, pois, no passado, a nossa fé era
verificada quando nos entregávamos às feras dos circos
romanos, mas hoje o que devemos procurar realizar é a
nossa mudança interior, que talvez seja mais difícil do
que enfrentar uma fera brutal.
Interessante observar que no instante que Saulo cai do
cavalo e fica assustado com tudo que está ocorrendo à
sua volta, vai provocar nos seus soldados uma sensação
de que seu mestre ficou doido, perdeu o juízo. Numa
clara percepção ele entendeu que eles não estavam ainda
preparados para perceber esse grandioso momento. Quem
sabe se nós estivéssemos lá naquela hora, seria o mesmo,
pois tudo tem o momento correto de acontecer, em função
de nosso despertar, do nosso entendimento e da possível
assimilação do que está ocorrendo.
Que a transformação de Paulo seja para todos nós um
marco para a nossa transformação, de um ser material, de
sentimentos brutos, egoicos e orgulhosos, para uma
criatura que venha buscar passo a passo, ou quem sabe de
forma mais incisiva, a profunda e verdadeira reforma
íntima, que vai sem dúvida provocar dentro de nós a
verdadeira paz, como disse o Mestre Jesus: “A minha
paz eu vos dou a minha paz eu vos deixo, mas não é a paz
do mundo”, porque somente a reforma íntima, ou seja,
a renovação profunda do ser, atingindo a individuação,
como nos ensina Joanna de Ângelis, vai gerar dentro de
nós o equilíbrio, a consciência profunda do sentido
verdadeiro da vida, e, a partir desse momento, viveremos
a paz que Jesus nos oferece e até mesmo enxergando-a no
mundo.