Dirigentes
se reúnem para saber onde está o jovem espírita
É comum entrarmos em uma casa espírita e observarmos
alguns elementos corriqueiros, como uma livraria,
quadros com personalidades conhecidas no meio espírita
(ou talvez nem tanto), um senhor ou uma senhora,
animados, recepcionando quem chega e em alguma parede,
em meio a promoções de galinhada e doação de roupas, um
cartaz com uma imagem de adolescentes com roupas
coloridas ou de uma paisagem com um sol na montanha, com
letras garrafais, convidando: "GRUPO DE MOCIDADE, 20h".
Mas infelizmente, nos últimos tempos, e pelo impacto do
isolamento social pela pandemia, até mesmo esses avisos
andam sumidos das casas espíritas. As mocidades sofreram
uma redução considerável e, apesar de já mostrarem um
crescimento desde então, ainda são motivo de preocupação
para os dirigentes espíritas.
Com o intuito de analisar essa questão no aspecto
prático das casas espíritas, desde 2022, os
departamentos de Mocidade e de Infância da União das
Sociedades Espíritas de São Paulo (USE-SP) vêm se
reunindo para discutir novas maneiras de fomentar esses
grupos e reativar essas células em todo o estado. E não
existe maneira mais interativa de trazer esse debate do
que através de um encontro focado em dirigentes
espíritas – de todas as idades, sempre importante
frisar.
Com o título escolhido a dedo, "Onde está o jovem
espírita?", o evento aconteceu na sede da USE em São
Paulo no dia 21 de janeiro de 2024 e trabalhou em dois
momentos as percepções e realidades de dirigentes na
relação das casas espíritas com os jovens.
Durante o primeiro momento, uma apresentação artística
sensibilizou os participantes colocando-os em contato
com o dia a dia dos jovens e quatro rodas de conversa
discutiram as perguntas: “O que faz o jovem não querer
ficar na casa espírita?”. “Por que o jovem não chega na
casa?”. “Por que a transição do jovem entre participante
e trabalhador é tão difícil?”. “Por que é importante o
jovem estar na casa espírita?”.
Baseados nas discussões dessa primeira etapa, os
facilitadores criaram casas espíritas fictícias
(baseadas ou não na realidade do movimento espírita) e
propuseram aos participantes a sugestão de ideias e
ações para diminuir os quatro motivos mais impactantes
citados nas conversas anteriores: a comunicação, o
acolhimento, o pertencimento e a metodologia, como sendo
fatores que interferem na permanência do jovem na casa
espírita.
Ao todo, cerca de noventa dirigentes com experiências
diversas participaram das atividades. Havia dirigentes
jovens, não tão jovens, recentes, experientes, com
mocidades de diferentes classes sociais e de cidades do
interior e da capital e essa diversidade acabou sendo um
diferencial, que fez com que o evento fosse tão bem
recebido e que as conclusões e propostas do final tenham
sido tão proveitosas.
O planejamento dos departamentos de Mocidade e Infância
ainda não prevê data para uma próxima edição, mas a
necessidade e, por que não, o sucesso dessa experiência
garantem que logo teremos um "Cadê o jovem? – parte
dois" ou, quem sabe, eventos similares para abordar a
temática.
Mais detalhes sobre esse e outros eventos:
usesp.org.br/dm ou no perfil do Instagram @dmusesp.
Esta reportagem foi publicada originalmente no jornal Correio
Fraterno, de São Bernardo do Campo-SP.
Henrico Brum mora em Campinas e é secretário de
Comunicação do Departamento de Mocidade da USE-SP.