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por Eder Andrade

Banalização do Mal


Ao longo da História da Humanidade, por diversos motivos que só saberíamos explicar pela ignorância, existe uma banalização da maldade dos mais fortes contra os mais fracos. Como se uma determinada classe social tivesse o direito divino ou hereditário de exercer o poder contra o seu semelhante.

O melhor exemplo que podemos dar foi o Modo de Produção Asiático, quando os governantes eram vistos como deuses e exploravam o trabalho da população para a produção de alimentos e construção de grandes obras públicas. Fato ocorrido no Antigo Egito e outros povos do Oriente.

Encontramos em O Livro dos Espíritos uma explicação para a natureza da crueldade do ser humano:

“Por que razão a crueldade forma o caráter predominante dos povos primitivos?

Nos povos primitivos, como lhes chamas, a matéria prepondera sobre o Espírito. Eles se entregam aos instintos do bruto e, como não experimentam outras necessidades além das da vida do corpo, só da conservação pessoal cogitam e é o que os torna, em geral, cruéis. Ademais, os povos de imperfeito desenvolvimento se conservam sob o império de Espíritos também imperfeitos, que lhes são simpáticos, até que povos mais adiantados venham destruir ou enfraquecer essa influência”. 1

Chico Xavier psicografou o livro A Caminho da Luz, quando o Espírito Emmanuel procura mostrar a trajetória da Humanidade e os momentos sombrios, reflexo do materialismo, orgulho e egoísmo das pessoas.

A banalização do mal sempre existiu na História da Humanidade, como uma desculpa para corrigir aqueles que não faziam parte do mesmo clã, da mesma tribo, da mesma cultura ou dos que não se alinhavam às mesmas ideias e política.

A cristandade perseguia os hereges e os infiéis, condenando-os à morte. Qualquer indivíduo que tivesse uma forma de pensar diferente da forma oficial, poderia ser perseguido pela Inquisição da Cristandade na Idade Média.

“A penumbra dos templos era teatro de cenas amargas e sacrílegas. Crimes tenebrosos foram perpetrados ao pé dos altares, em nome d’Aquele que é amor, perdão e misericórdia.  A instituição sinistra da Igreja ia cobrir a estrada evolutiva do homem com um sudário de trevas espessas”.2

Isso ocorria principalmente quando novas teorias científicas passaram a colocar em dúvida as filosofias defendidas pela cristandade, como a Teoria Geocêntrica.

Por muito pouco Galileu Galilei não foi condenado à morte por questionar essa teoria, defendendo a Teoria Heliocêntrica. A banalização do mal pelo uso da força, não é nenhuma novidade, desde a Antiguidade até os dias atuais.

Os interesses políticos e econômicos se confundiam, de forma a mascarar a postura da religião que muitas vezes era usada pela nobreza com o alto clero para manutenção dos seus interesses.

Na metade do século XIX, as disputas ideológicas na Europa geraram conflitos que passaram a disputar o cenário político. A desigualdade social se acentua e dessa forma as camadas subjugadas promovem revoltas e movimentos operários.

Emmanuel prevendo o desdobramento dos conflitos armados no mundo após a Primeira Grande Guerra, procura oferecer, aos espíritas, obras de esclarecimento doutrinário pela mediunidade de Chico Xavier, como o livro Emmanuel (1937), para nossa reeducação espiritual, quando nos solicita:

“Médiuns, ponderai as vossas obrigações sagradas! Preferi viver na maior das provações a cairdes na estrada larga das tentações que vos atacam, insistentemente, em vossos pontos vulneráveis.

Recordai-vos de que é preciso vencer, se não quiserdes soterrar a vossa alma na escuridão dos séculos de dor expiatória. Aquele que se apresenta no Espaço como vencedor de si mesmo é maior que qualquer dos generais terrenos, exímio na estratégia e tino militares. O homem que se vence faz o seu corpo espiritual apto a ingressar em outras esferas e, enquanto não colaborardes pela obtenção desse organismo etéreo, através da virtude e do dever comprido, não saireis do círculo doloroso das reencarnações”.3

As orientações de Emmanuel nas obras acima citadas, procuram mostrar que o abuso do poder no mundo material não é algo recente. Desde a Antiguidade os clãs mais fortes se impunham aos mais fracos. Ao longo do desdobramento da História em todos os continentes, independente da etnia, encontramos classes dominantes que se mantém no poder pelo uso da força. Os livros de História nos ensinam.

Muitos desejam que o Planeta Terra se transforme num Mundo de Regeneração, em um mundo melhor para se viver e vai depender de um esforço coletivo devido aos problemas que estamos presenciando, tanto no setor social como no meio ambiente.

As descobertas científicas contribuíram na nossa história para uma evolução em muitos aspectos, porém ainda existe uma sombra de atraso moral que se projeta na sociedade, devido à falta de uma elevação moral do ser humano, na melhora do trato para com o seu próximo.  


Bibliografia
:

1) Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos; Da Lei da Destruição - Crueldade: Perg. 753; FEB.

2) Xavier, Francisco Cândido; A Caminho da Luz (1938); Cap. - XVIII Os abusos do poder religioso; FEB,

3) Xavier, Francisco Cândido; Emmanuel (1937); Cap. XI - Apelo aos Médiuns; FEB.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita