Banalização do Mal
Ao longo da História da Humanidade, por diversos motivos
que só saberíamos explicar pela ignorância, existe uma
banalização da maldade dos mais fortes contra os mais
fracos. Como se uma determinada classe social tivesse o
direito divino ou hereditário de exercer o poder contra
o seu semelhante.
O melhor exemplo que podemos dar foi o Modo de Produção
Asiático, quando os governantes eram vistos como deuses
e exploravam o trabalho da população para a produção de
alimentos e construção de grandes obras públicas. Fato
ocorrido no Antigo Egito e outros povos do Oriente.
Encontramos em O Livro dos Espíritos uma
explicação para a natureza da crueldade do ser humano:
“Por que razão a crueldade forma o caráter predominante
dos povos primitivos?
Nos povos primitivos, como lhes chamas, a matéria
prepondera sobre o Espírito. Eles se entregam aos
instintos do bruto e, como não experimentam outras
necessidades além das da vida do corpo, só da
conservação pessoal cogitam e é o que os torna, em
geral, cruéis. Ademais, os povos de imperfeito
desenvolvimento se conservam sob o império de Espíritos
também imperfeitos, que lhes são simpáticos, até que
povos mais adiantados venham destruir ou enfraquecer
essa influência”. 1
Chico Xavier psicografou o livro A Caminho da Luz,
quando o Espírito Emmanuel procura mostrar a trajetória
da Humanidade e os momentos sombrios, reflexo do
materialismo, orgulho e egoísmo das pessoas.
A banalização do mal sempre existiu na História da
Humanidade, como uma desculpa para corrigir aqueles que
não faziam parte do mesmo clã, da mesma tribo, da mesma
cultura ou dos que não se alinhavam às mesmas ideias e
política.
A cristandade perseguia os hereges e os infiéis,
condenando-os à morte. Qualquer indivíduo que tivesse
uma forma de pensar diferente da forma oficial, poderia
ser perseguido pela Inquisição da Cristandade na Idade
Média.
“A penumbra dos templos era teatro de cenas amargas e
sacrílegas. Crimes tenebrosos foram perpetrados ao pé
dos altares, em nome d’Aquele que é amor, perdão e
misericórdia. A instituição sinistra da Igreja ia
cobrir a estrada evolutiva do homem com um sudário de
trevas espessas”.2
Isso ocorria principalmente quando novas teorias
científicas passaram a colocar em dúvida as filosofias
defendidas pela cristandade, como a Teoria Geocêntrica.
Por muito pouco Galileu Galilei não foi condenado à
morte por questionar essa teoria, defendendo a Teoria
Heliocêntrica. A banalização do mal pelo uso da força,
não é nenhuma novidade, desde a Antiguidade até os dias
atuais.
Os interesses políticos e econômicos se confundiam, de
forma a mascarar a postura da religião que muitas vezes
era usada pela nobreza com o alto clero para manutenção
dos seus interesses.
Na metade do século XIX, as disputas ideológicas na
Europa geraram conflitos que passaram a disputar o
cenário político. A desigualdade social se acentua e
dessa forma as camadas subjugadas promovem revoltas e
movimentos operários.
Emmanuel prevendo o desdobramento dos conflitos armados
no mundo após a Primeira Grande Guerra, procura
oferecer, aos espíritas, obras de esclarecimento
doutrinário pela mediunidade de Chico Xavier, como o
livro Emmanuel (1937), para nossa reeducação
espiritual, quando nos solicita:
“Médiuns, ponderai as vossas obrigações sagradas!
Preferi viver na maior das provações a cairdes na
estrada larga das tentações que vos atacam,
insistentemente, em vossos pontos vulneráveis.
Recordai-vos de que é preciso vencer, se não quiserdes
soterrar a vossa alma na escuridão dos séculos de dor
expiatória. Aquele que se apresenta no Espaço como
vencedor de si mesmo é maior que qualquer dos generais
terrenos, exímio na estratégia e tino militares. O homem
que se vence faz o seu corpo espiritual apto a ingressar
em outras esferas e, enquanto não colaborardes pela
obtenção desse organismo etéreo, através da virtude e do
dever comprido, não saireis do círculo doloroso das
reencarnações”.3
As orientações de Emmanuel nas obras acima citadas,
procuram mostrar que o abuso do poder no mundo material
não é algo recente. Desde a Antiguidade os clãs mais
fortes se impunham aos mais fracos. Ao longo do
desdobramento da História em todos os continentes,
independente da etnia, encontramos classes dominantes
que se mantém no poder pelo uso da força. Os livros de
História nos ensinam.
Muitos desejam que o Planeta Terra se transforme num
Mundo de Regeneração, em um mundo melhor para se viver e
vai depender de um esforço coletivo devido aos problemas
que estamos presenciando, tanto no setor social como no
meio ambiente.
As descobertas científicas contribuíram na nossa
história para uma evolução em muitos aspectos, porém
ainda existe uma sombra de atraso moral que se projeta
na sociedade, devido à falta de uma elevação moral do
ser humano, na melhora do trato para com o seu próximo.
Bibliografia:
1) Kardec,
Allan; O Livro dos Espíritos; Da Lei da
Destruição - Crueldade: Perg. 753; FEB.
2) Xavier,
Francisco Cândido; A Caminho da Luz (1938); Cap.
- XVIII Os abusos do poder religioso; FEB,
3) Xavier,
Francisco Cândido; Emmanuel (1937); Cap. XI -
Apelo aos Médiuns; FEB.
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