Artigos

por Paulo Viana Rabelo

 

Há Muitas Moradas na Casa de Meu Pai


Em recente artigo intitulado “Ad Gentes Aliorum Planetarum” (Aos Povos de Outros Planetas, na tradução livre), o jornalista católico Marco Antonio Campos, do jornal Gazeta do Povo (1), abordou a questão da crença em vida fora da Terra, durante palestra sobre ciência e fé realizada para um grupo de jovens na paróquia que frequenta.

O jornalista argumentou aos jovens o posicionamento do irmão jesuíta Guy Consolmagno, diretor do Observatório Vaticano, que afirma que “mais cedo ou mais tarde, a raça humana descobrirá que existem outras criaturas inteligentes no universo”, e acrescenta que há algumas razões para isso: há tantos bilhões e bilhões de planetas por aí que “em algum lugar, deve haver outros seres civilizados e racionais”; outra é “a criatividade fecunda de Deus não poderia simplesmente se limitar a nós”, aponta o diretor do Observatório.

Por meio do Espírito de Verdade, o codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, nos revela de forma categórica, que todos os “globos que se movem no espaço são habitados”. A Questão 55, do Livro dos Espíritos, nos instrui a respeito: “São habitados todos os globos que se movem no espaço?”

“Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição. Entretanto, há homens que se têm por espíritos muito fortes e que imaginam pertencer a este pequenino globo o privilégio de conter seres racionais. Orgulho e vaidade! Julgam que só para eles criou Deus o Universo.”

Cabe-nos entender o Universo como a Casa do Pai (2), organizada em estações transitórias, destinadas aos inúmeros espíritos-filhos em diversos estados de ventura ou de dor, caminhada evolutiva obrigatória, caracterizada, para fins didáticos por Kardec, em mundos primitivos, de provas e expiação, de regeneração, felizes e celestes ou divinos.

O Espírito Emmanuel registra elucidativo comentário psicografado por Francisco Cândido Xavier, a propósito dos domicílios espirituais:

Observa, desse modo, a natureza do teu campo íntimo e acautela-te para o futuro, porque, sem dúvida, há inúmeras moradas no universo infinito, mas viverás escravo ou senhor no templo do bem ou no cárcere do mal que tiveres escolhido para a tua residência nos caminhos da vida eterna. (3)

Ao estabelecer a Lei do Livre-Arbítrio, Deus nos concede a capacidade para elegermos a velocidade de cruzeiro evolutivo planetário, de maneira tal que, pelo esforço, ainda na vida física, nos libertemos dos vícios e defeitos que nos retardam a caminhada espiritual.

Diante dessa realidade, cuidemos de nos aperfeiçoar, na prática incessante do bem, por meio da incorporação de hábitos espirituais diários (a prece, a leitura edificante, o silêncio, a meditação, a caridade, a bondade, dentre outros), e Deus nos reservará morada compatível ao nosso empenho.

Ainda, em referência ao artigo mencionado, o autor manifesta a incerteza descrita pelo jesuíta ao citar as atuais limitações científicas da humanidade, reconhecendo que somos a única espécie inteligente que conhecemos!

O materialismo no qual estamos imersos, na condição de encarnados, nos condiciona e limita a uma determinação geográfica do planeta que ocupamos transitoriamente. Sendo assim, consoante declaração de Emmanuel, no tocante aos materialistas, assestam telescópios na direção das galáxias, e supõem resolver os enigmas do Universo pelas acanhadas impressões dos cinco sentidos da esfera física (4). O Espiritismo nos mostra que o Universo é infinito, assim como infinito é o número de espíritos que o habitam.

As comunicações iluminadas dos irmãos desencarnados comprovam a continuidade da caminhada espiritual e confortam os corações e mentes de todos que cumprem a etapa evolutiva necessária nos domínios provisórios das diversas encarnações, demonstrando a misericórdia e o amor do Pai.

Vamos recordar importante registro contido na obra intitulada Renúncia, de autoria espiritual de Emmanuel, psicografada por Francisco Cândido Xavier, onde conhecemos o exemplo de Amor e Renúncia de Alcíone, habitante do sistema de Sírius, que decide voltar a reencarnar na Terra para auxiliar Pólux, o grande amor de sua alma.

As moradas reveladas pelo Cristo devem ser sempre lembradas e meditadas por todos nós em processo de esclarecimento e consolação planetária, razão pela qual convém transcrever a sagrada escritura do Apóstolo João: “Não se turbe o vosso coração. – Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar.”  (João 14, 1-2.)


Referências

(1) LINK-1

(2) LINK-2

(3) Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier. Reformador: FEB, 1957, p. 33

(4) XAVIER, F. Cândido. Religião dos Espíritos: FEB, 1960, cap. 67, p. 160.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita