Há Muitas Moradas na Casa de Meu Pai
Em recente artigo intitulado “Ad Gentes Aliorum
Planetarum” (Aos Povos de Outros Planetas, na tradução
livre), o jornalista católico Marco Antonio Campos, do
jornal Gazeta do Povo (1), abordou a questão da
crença em vida fora da Terra, durante palestra sobre
ciência e fé realizada para um grupo de jovens na
paróquia que frequenta.
O jornalista argumentou aos jovens o posicionamento do
irmão jesuíta Guy Consolmagno, diretor do Observatório
Vaticano, que afirma que “mais cedo ou mais tarde, a
raça humana descobrirá que existem outras criaturas
inteligentes no universo”, e acrescenta que há algumas
razões para isso: há tantos bilhões e bilhões de
planetas por aí que “em algum lugar, deve haver outros
seres civilizados e racionais”; outra é “a criatividade
fecunda de Deus não poderia simplesmente se limitar a
nós”, aponta o diretor do Observatório.
Por meio do Espírito de Verdade, o codificador da
Doutrina Espírita, Allan Kardec, nos revela de forma
categórica, que todos os “globos que se movem no espaço
são habitados”. A Questão 55, do Livro dos Espíritos,
nos instrui a respeito: “São habitados
todos os globos que se movem no espaço?”
“Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o
primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição.
Entretanto, há homens que se têm por espíritos muito
fortes e que imaginam pertencer a este pequenino globo o
privilégio de conter seres racionais. Orgulho e vaidade!
Julgam que só para eles criou Deus o Universo.”
Cabe-nos entender o Universo como a Casa do Pai (2),
organizada em estações transitórias, destinadas aos
inúmeros espíritos-filhos em diversos estados de ventura
ou de dor, caminhada evolutiva obrigatória,
caracterizada, para fins didáticos por Kardec, em mundos
primitivos, de provas e expiação, de regeneração,
felizes e celestes ou divinos.
O Espírito Emmanuel registra elucidativo comentário
psicografado por Francisco Cândido Xavier, a propósito
dos domicílios espirituais:
- Observa, desse modo, a natureza do teu campo íntimo
e acautela-te para o futuro, porque, sem dúvida, há
inúmeras moradas no universo infinito, mas viverás
escravo ou senhor no templo do bem ou no cárcere do mal
que tiveres escolhido para a tua residência nos caminhos
da vida eterna. (3)
Ao estabelecer a Lei do Livre-Arbítrio, Deus nos concede
a capacidade para elegermos a velocidade de cruzeiro
evolutivo planetário, de maneira tal que, pelo esforço,
ainda na vida física, nos libertemos dos vícios e
defeitos que nos retardam a caminhada espiritual.
Diante dessa realidade, cuidemos de nos aperfeiçoar, na
prática incessante do bem, por meio da incorporação de
hábitos espirituais diários (a prece, a leitura
edificante, o silêncio, a meditação, a caridade, a
bondade, dentre outros), e Deus nos reservará morada
compatível ao nosso empenho.
Ainda, em referência ao artigo mencionado, o autor
manifesta a incerteza descrita pelo jesuíta ao citar as
atuais limitações científicas da humanidade,
reconhecendo que somos a única espécie inteligente que
conhecemos!
O materialismo no qual estamos imersos, na condição de
encarnados, nos condiciona e limita a uma determinação
geográfica do planeta que ocupamos transitoriamente.
Sendo assim, consoante declaração de Emmanuel, no
tocante aos materialistas, assestam telescópios na
direção das galáxias, e supõem resolver os enigmas do
Universo pelas acanhadas impressões dos cinco sentidos
da esfera física (4). O Espiritismo nos mostra que o
Universo é infinito, assim como infinito é o número de
espíritos que o habitam.
As comunicações iluminadas dos irmãos desencarnados
comprovam a continuidade da caminhada espiritual e
confortam os corações e mentes de todos que cumprem a
etapa evolutiva necessária nos domínios provisórios das
diversas encarnações, demonstrando a misericórdia e o
amor do Pai.
Vamos recordar importante registro contido na obra
intitulada Renúncia, de autoria espiritual de
Emmanuel, psicografada por Francisco Cândido Xavier,
onde conhecemos o exemplo de Amor e Renúncia de Alcíone,
habitante do sistema de Sírius, que decide voltar a
reencarnar na Terra para auxiliar Pólux, o grande amor
de sua alma.
As moradas reveladas pelo Cristo devem ser sempre
lembradas e meditadas por todos nós em processo de
esclarecimento e consolação planetária, razão pela qual
convém transcrever a sagrada escritura do Apóstolo João:
“Não se turbe o vosso coração. – Credes em Deus, crede
também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se
assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou
para vos preparar o lugar.” (João
14, 1-2.)
Referências: