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por Waldenir A. Cuin

 

O socorro a Mariazinha


No trabalho de atendimento aos Espíritos necessitados, na sessão mediúnica daquele dia, compareceu um irmão desencarnado em grande aflição.

Afirmava não ter pedido para estar ali, pois que não era afeito às coisas de religião e nem a rezas, e na verdade nem sabia fazer uma oração, pois que nada via de interessante nessa prática.

Dizia ser uma criatura abominável, inescrupulosa e muito perversa, uma vez que cultivava a maldade constantemente.

Acolhido na Casa Espírita, fora atendido com muito respeito e fraternidade e, mesmo assim, continuava agressivo e insensível, pois segundo ele, diante da vida que levou, carregava um peso enorme de culpas, porque fora um matador de aluguel, que executava suas vítimas sem piedade e tratava esse seu comportamento de execução como um serviço.

O irmão encarnado que com ele mantinha o diálogo se esforçava para informar que a Providência Divina a ninguém desampara, não importando o tamanho e a dimensão dos nossos erros, oferecendo na hora certa as oportunidades de reparação dos males praticados.

O Espírito, contudo, se mantinha pouco afeito à tratativa solidária que recebia.

Passado um curto período de tempo, enquanto, silencioso, ouvia as palavras carinhosas que lhe eram endereçadas, expressou-se lamentoso:

– Eu nunca fiz nada que prestasse para merecer esta atenção de vocês...

Foi quando pela intuição o irmão orientador começou a relatar:

– Mas, e a Mariazinha?

– Como assim, como você sabe da Mariazinha, quem lhe contou isso?

E o nosso irmão prosseguiu no relato:

– Você e seus comandados viram, ao longe, um incêndio numa cabana e para lá se dirigiram.

– Sim, fomos ver do que se tratava, mas não fomos nós que colocamos fogo, esse crime não foi nosso...

– Chegando lá, identificaram uma família inteira morta, menos uma pequena criança que saiu de dentro de uma moita de capim, com os olhos arregalados e assustadiços. Você foi até ela, a pegou no colo, colocou na cabeça do arreio do seu cavalo e a levou para sua casa. Tanto você quando a sua esposa se apaixonaram por ela e, como não tinham filhos, a Mariazinha passou a ser sua filha adotiva.

– Mas como você sabe disso? faz tanto tempo...

– A Mariazinha cresceu e se tornou uma bela jovem, casando-se e lhe dando dois netinhos...

– Sim, eles foram a alegria da minha vida... Mas você não me disse quem lhe contou essa história.

– Então, olhe para a frente e veja quem nos trouxe esses relatos e rogou imensamente a Deus por você e para que fosse acolhido nesta casa, esta noite.

– Não conheço este casal que se aproximou...

– Claro, naquele dia que você socorreu a Mariazinha eles estavam mortos...São os pais da Mariazinha que têm por você uma imensa gratidão, pelo acolhimento e carinho com que cuidou da filha deles.

Entre lágrimas e muita emoção pais biológicos e pais adotivos se abraçaram, uma vez que a esposa daquele Espírito também estava presente.

 

***

 
Mesmo diante de uma vida de crimes e atrocidades, a Providência Divina, com base em apenas uma única ação no bem, encontrou recurso para socorrer o irmão atolado no sofrimento.

Obviamente, ele responderá pelos atos infelizes praticados, quando estiver pronto para isso, mas sempre contando com a misericórdia de Deus.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita