O
autoconhecimento
A maioria das pessoas
anseiam uma vida de paz
e amor. Por verem o
mundo tão violento e
cheio de problemas,
apegam-se à esperança de
encontrarem um futuro
diferente. A descrença
na possibilidade de uma
vida em paz repleta de
amor e felicidade na
Terra é tão intensa que
dão um enorme valor às
ilusões religiosas de um
paraíso futuro, após a
morte. Esta ideia é uma
fonte energética à
ociosidade no ser
humano, pois alimenta o
conceito de que não
temos nada a fazer senão
esperar o tempo passar.
Jesus ensina-nos que a
primeira tarefa a fazer
na vida terrena é a
busca do Reino de Deus.
Esse Reino não é um
local físico, mas está
“dentro” de nós. O reino
de Deus não estará a
nossa espera quando
morrermos, não chegará a
nós, mas temos que
sermos nós a procurá-lo.
Temos de colocar as
seguintes questões. O
que é o Reino de Deus?
Por que vivemos fora do
Reino de Deus, que está
em nós, e nem nos
apercebemos disso? Por
que não percebemos que o
Reino de Deus está em
nós?
O Reino de Deus tem de
ser cheio de paz, amor e
harmonia, senão não tem
sentido.
Às duas últimas, podemos
responder que, segundo o
Mestre Jesus, vivemos em
uma enorme ilusão e que
um dia conheceremos a
Verdade e esta nos
libertará.
Esta ilusão está na
humanidade, pois temos
todos forma de pensar e
agir idênticas, vemos as
coisas de forma
semelhante. Se a ilusão
está na humanidade,
logicamente está em nós,
embora não a consigamos
perceber.
Isso coloca-nos num
ponto de situação que
nos diz o seguinte.
Estamos em ilusão, não a
percebemos, pois se a
percebêssemos não
estaríamos nela, mas tem
de existir uma forma de
a percecionarmos, pois,
o Mestre disse-nos que
um dia saberíamos a
verdade.
Para percebermos sobre
algo temos de dedicar a
nossa atenção a esse
algo.
Neste caso, queremos
perceber sobre a ilusão
em que vivemos e
encontrar o Reino de
Deus, como tal, temos de
colocar a nossa atenção
sobre nós próprios.
Este é o mais profundo
nível de
autoconhecimento a que
devemos chegar, conhecer
a humanidade completa
através de nós. Nós
estamos habituados a
olhar para o
autoconhecimento como a
tarefa de nos
conhecermos a nós, no
sentido de nosso feitio,
nossa forma de estar,
mas o autoconhecimento a
que devemos chegar
ultrapassa essa forma e
chega à profundidade de
conhecermos o que somos,
como funcionamos, para
que possamos perceber a
ilusão que está
instalada na humanidade.
Estamos habituados a
olhar para o
autoconhecimento para
perceber o que mais
gostamos, ou se somos
uma pessoa orgulhosa, se
somos agressivos e o que
nos faz ser agressivos,
mas existe muito mais
para perceber, se
queremos mudar e nos
aproximar do Reino de
Deus.
A um nível mais
superficial é importante
sabermos se somos
orgulhosos, mas a um
nível mais profundo
podemos saber o que é o
orgulho e cortarmos esse
movimento mental de nós
próprios. A um nível
superficial, podemos ver
que somos agressivos,
mas a um nível mais
profundo saber o que é a
agressividade, como se
movimenta, porque nos
manipula e cortarmos
esse movimento da mente
por plena consciência
deste.
O autoconhecimento
ultrapassa saber o que
gostamos, leva-nos a
compreender o que é
gostar de algo,
ultrapassa saber quem
amamos, mas mostra-nos o
que é o amor, é sabermos
o que nos movimenta, o
que nos constitui, quem
somos realmente, não na
teoria, mas na
consciência da
realidade. Por isto
Jesus nos diz que a
primeira tarefa é a
Busca do Reino de Deus e
que está em nós.
A crença do que somos na
Terra tem-nos cegado,
travado e aprisionado
dentro da ilusão que nos
tem escravizado e levado
a autodestruição.
Só um estudo minucioso
sobre nós próprios,
através de uma
observação constante nos
poderá levar a perceber
este funcionamento
ilusório. Não existe
forma de ser explicado,
senão já o teria sido,
pelos sábios que
passaram pela Terra. O
conhecimento da verdade
cabe a cada um, através
do caminho do
autoconhecimento.
A consciência da verdade
que Jesus tinha em
relação a nossa, é tão
grande que na altura que
era massacrado pede a
nosso Pai que nos perdoe
pois não sabíamos o que
fazíamos.
A busca do Reino de Deus
é através do
autoconhecimento, para
que possamos descobrir
quem somos, o que somos,
para tal temos de
perceber o que nos
movimenta e porque nos
movimenta.
A atenção a nós próprios
é o único caminho para o
Autoconhecimento, que
Jesus nos indica através
do Vigiar. Esta vigia
sobre nós não é de vez
em quando, mas uma
vigia, que tem de ser
constante.
O maior obstáculo a este
trabalho intenso, é a
ideia de que nos
conhecemos, mesmo em uma
época como a nossa, em
que as doenças
psíquicas, como a
depressão são uma
epidemia, trazendo um
conhecimento prático de
que não temos controle
sobre as mentes a que
chamamos de nossas,
achamos que nos
conhecemos.
Para iniciarmos esta
tarefa do
autoconhecimento temos
de abdicar da ideia de
que nos conhecemos, o
que se pode tornar tão
assustador.
Quando abdicamos desta
ideia que nos tem
prendido e o susto
passa, acontece a
humildade necessária ao
início desta tarefa para
que a possamos executar
com a atenção necessária
a uma consciência
desperta para o
autoconhecimento ou
conhecimento sobre
humanidade.
Para esta tarefa a nossa
estrela norteadora deve
ser viver em harmonia e
amor com todos, onde
estamos incluídos, tal
como o grande mandamento
de Jesus. Se não está a
acontecer, não devemos
dar desculpas a nós
próprios, mas continuar
o nosso percurso de
autoconhecimento para
percebermos o que nos
ilude para não vivermos
segundo o mandamento
deixado pelo Mestre.
Se culpabilizamos a
vida, a situação ou os
outros, estamos no
caminho errado, pois o
Mestre em situação tão
horrível, como pregado
em uma cruz e
vandalizado, amava-nos e
pedia perdão por nós,
estando em harmonia e
amor.
Para abandonarmos a
ilusão que nos trava,
temos de ir percebendo a
verdade que nos passa
despercebida.
Bruno Abreu reside em
Lisboa, Portugal.
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