Rogativa paternal
Deixem-me o corpo assim na cova rasa,
Sem símbolos, sem lousa, sem legenda…
Amados filhos meus, ninguém se ofenda,
Embora o imenso adeus de pranto em brasa.
Parto, revendo a infância e a velha casa,
As paredes de barro, o pão da venda,
E a pobreza que sofre sem contenda
No lar onde o carinho se extravasa.
Nem coroa, nem manto, nem adorno,
Nem o luto que a lágrima entretece,
Nada que de mim mesmo, em vão, me forre!
Sentindo o sol de Deus vibrando em torno,
Quero somente os júbilos da prece
Na alegria do amor que nunca morre…
Do
livro Antologia dos Imortais, soneto psicografado
pelo médium Francisco Cândido Xavier.