Internacional
por Ana Moraes

Ano 18 - N° 879 - 7 de Julho de 2024

 

Quem foi Samuel Hahnemann, o pai da Homeopatia


Na última terça-feira, dia 2, registrou-se mais um aniversário da desencarnação de Christian Friedrich Samuel Hahnemann, ocorrida em julho de 1843, quatorze anos antes do advento d’ O Livro dos Espíritos, que assinalou o nascimento da doutrina espírita, em cuja estruturação participou compondo a equipe espiritual que orientou Kardec, o codificador dos ensinos espíritas. No ano de 1863, em mensagem transmitida mediunicamente em Paris, Hahnemann dissertou sobre a Cólera, texto que Kardec incluiu no cap. IX, item 10, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, publicado em abril de 1864.

Hahnemann nasceu em 10 de abril de 1755, em Meissen, no leste da
Alemanha. Seu pai era pintor de porcelana e o filho foi preparado para seguir a carreira paterna. Com esse objetivo, ele estudou e pôde aprender várias línguas estrangeiras, com o objetivo de poder, no futuro, comercializar em outros países a porcelana.

A vida lhe reservava, contudo, um destino diferente: a Medicina, que ele estudou em Leipzig e Viena, utilizando, para se sustentar durante os estudos, das traduções que fazia.

Formado e dedicado à carreira médica, ele se mostrava insatisfeito por não conseguir bons resultados na cura dos enfermos que tratava. Seus amigos diziam que ele sonhava, pois tudo o que almejava era utopia. Mas o fato é que, aos 36 anos, após a morte de um amigo de que cuidava clinicamente, decidiu abandonar a Medicina. Se não podia curar, de que valia sua ciência?

Para sobreviver e sustentar a família, passou a trabalhar em traduções, mais especialmente na área da química e da farmacologia.

Fazendo a tradução de uma obra do médico escocês William Cullen, no ano de 1790, surpreendeu-se com a descrição das propriedades do quinino.

Chamou-lhe a atenção, em especial, o fato de que a intoxicação pelo quinino tinha sintomas semelhantes aos da enfermidade natural da febre intermitente. E, para experimentar, passou a ingerir doses de quinino, comprovando que os resultados eram semelhantes à febre combatida por aquele produto.

Repetiu depois a experiência com outras drogas, como o mercúrio, a beladona, a digital, o arsênico, sempre no homem sadio, concluindo por elaborar a doutrina homeopática, resumida na expressão Similia similibus curantur (“semelhante cura semelhante”), ou seja, sintomas semelhantes são curados por remédios semelhantes.

Hahnemann publicou, em 1796, o importante ensaio ‘Um novo método para averiguar os princípios curativos das drogas’. No século 5 a.C., Hipócrates, pai da medicina, já afirmava que uma doença podia ser combatida com substâncias que causavam sintomas parecidos, teoria já mencionado na Índia mais de 2 milênios antes. No século XVI, o suíço Paracelso (1493-1541) afirmava que venenos ministrados em pequenas doses podiam curar enfermidades. Entretanto, o princípio “Similia similibus curantur” só foi batizado posteriormente por Hahnemann como homeopatia – do grego “homoion” - similar e “pathos” - doença.

Nos princípios homeopáticos estabelece-se que toda substância que, em dose ponderável, é capaz de provocar no indivíduo sadio um quadro sintomático, também tem capacidade de fazê-lo desaparecer, com administração em pequenas doses. Mas advertiu que a preparação dos medicamentos requer diluições infinitesimais, pois que elas teriam a capacidade de desenvolver as virtudes medicinais dinâmicas das substâncias grosseiras.

Em 1810, publicou a primeira edição do Organon da Arte de Curar, livro que teve outras cinco edições. A sexta edição só foi publicada em 1921, muitos anos após sua morte.

Organon passou a ser considerado a "Bíblia da homeopatia". Nessa obra, Hahnemann cita 440 médicos que utilizaram o princípio dos semelhantes, desde Hipócrates até os seus dias.

Em 1811, publicou o primeiro volume da Matéria Médica Pura, que concluiu no ano seguinte, constituída por seis volumes. A partir de 1812, começou a lecionar na Universidade de Leipzig para estudantes, admiradores e antigos médicos. Para tanto, teve que defender tese na faculdade de medicina, fazendo uma magistral apresentação sobre a utilização do Veratrum album para uma plateia lotada, demonstrando profundo conhecimento da história do pensamento médico.

Após a dissertação, a banca, constituída por inúmeros adversários de sua doutrina, teve que admitir sua grande erudição e aprová-lo sem ressalvas. Conseguiu um grande número de seguidores e, em 1828, publicou outra grande obra, intitulada Doenças Crônicas. Nessa época, a homeopatia já havia alcançado várias outras regiões do mundo; seu criador, porém, ainda não havia sido reconhecido.

Desde os primeiros momentos, Hahnemann sofreu acirrada campanha contrária ao que expunha, em especial dos farmacêuticos, pelo que muito padeceu.

Apenas em 1835, já com seus 80 anos, viúvo, foi procurado por uma jovem que o buscou em sua cidade como último recurso médico e foi por ele curada. Eles se consorciam e ela o levou para Paris, onde finalmente obteve geral reconhecimento.

Hahnemann e seus discípulos desenvolveram 100 substâncias curativas. Hoje há cerca de 3 mil delas. Ao longo dos anos, os métodos homeopáticos evoluíram muito, mas seus princípios básicos, desvendados por Hahnemann, perduram após mais de dois séculos.

O Brasil é um dos países com maior número de médicos homeopatas do mundo e calcula-se que cerca de 17 milhões de brasileiros já tenham recorrido à medicina de Hahnemann. No território nacional existem cerca de 15 mil médicos exercendo a homeopatia, 2 mil farmacêuticos e o mesmo número de farmácias especializadas.

 

Fontes: Max Altman (Opera Mundi) e www.espiritismogi.com.br  



 
  


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