Quem foi Samuel Hahnemann, o pai da
Homeopatia
Na última terça-feira, dia 2, registrou-se mais um
aniversário da desencarnação de Christian Friedrich
Samuel Hahnemann, ocorrida em julho de 1843, quatorze
anos antes do advento d’ O Livro dos Espíritos,
que assinalou o nascimento da doutrina espírita, em cuja
estruturação participou compondo a equipe espiritual que
orientou Kardec, o codificador dos ensinos espíritas. No
ano de 1863, em mensagem transmitida mediunicamente em
Paris, Hahnemann dissertou sobre a Cólera, texto que
Kardec incluiu no cap. IX, item 10, do livro O
Evangelho segundo o Espiritismo, publicado em abril
de 1864.
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Hahnemann nasceu em 10 de abril de 1755, em
Meissen, no leste da |
Alemanha. Seu pai era pintor de porcelana e o
filho foi preparado para seguir a carreira
paterna. Com esse objetivo, ele estudou e pôde
aprender várias línguas estrangeiras, com o
objetivo de poder, no futuro, comercializar em
outros países a porcelana. |
A vida lhe reservava, contudo, um destino diferente: a
Medicina, que ele estudou em Leipzig e Viena,
utilizando, para se sustentar durante os estudos, das
traduções que fazia.
Formado e dedicado à carreira médica, ele se mostrava
insatisfeito por não conseguir bons resultados na cura
dos enfermos que tratava. Seus amigos diziam que ele
sonhava, pois tudo o que almejava era utopia. Mas o fato
é que, aos 36 anos, após a morte de um amigo de que
cuidava clinicamente, decidiu abandonar a Medicina. Se
não podia curar, de que valia sua ciência?
Para sobreviver e sustentar a família, passou a
trabalhar em traduções, mais especialmente na área da
química e da farmacologia.
Fazendo a tradução de uma obra do médico escocês William
Cullen, no ano de 1790, surpreendeu-se com a descrição
das propriedades do quinino.
Chamou-lhe a atenção, em especial, o fato de que a
intoxicação pelo quinino tinha sintomas semelhantes aos
da enfermidade natural da febre intermitente. E, para
experimentar, passou a ingerir doses de quinino,
comprovando que os resultados eram semelhantes à febre
combatida por aquele produto.
Repetiu depois a experiência com outras drogas, como o
mercúrio, a beladona, a digital, o arsênico, sempre no
homem sadio, concluindo por elaborar a doutrina
homeopática, resumida na expressão Similia similibus
curantur (“semelhante cura semelhante”), ou seja,
sintomas semelhantes são curados por remédios
semelhantes.
Hahnemann publicou, em 1796, o importante ensaio ‘Um
novo método para averiguar os princípios curativos das
drogas’. No século 5 a.C., Hipócrates, pai da medicina,
já afirmava que uma doença podia ser combatida com
substâncias que causavam sintomas parecidos, teoria já
mencionado na Índia mais de 2 milênios antes. No século
XVI, o suíço Paracelso (1493-1541) afirmava que venenos
ministrados em pequenas doses podiam curar enfermidades.
Entretanto, o princípio “Similia similibus curantur” só
foi batizado posteriormente por Hahnemann como
homeopatia – do grego “homoion” - similar e “pathos” -
doença.
Nos princípios homeopáticos estabelece-se que toda
substância que, em dose ponderável, é capaz de provocar
no indivíduo sadio um quadro sintomático, também tem
capacidade de fazê-lo desaparecer, com administração em
pequenas doses. Mas advertiu que a preparação dos
medicamentos requer diluições infinitesimais, pois que
elas teriam a capacidade de desenvolver as virtudes
medicinais dinâmicas das substâncias grosseiras.
Em 1810, publicou a primeira edição do Organon da
Arte de Curar, livro que teve outras cinco edições.
A sexta edição só foi publicada em 1921, muitos anos
após sua morte.
O Organon passou a ser considerado a "Bíblia da
homeopatia". Nessa obra, Hahnemann cita 440 médicos que
utilizaram o princípio dos semelhantes, desde Hipócrates
até os seus dias.
Em 1811, publicou o primeiro volume da Matéria Médica
Pura, que concluiu no ano seguinte, constituída por
seis volumes. A partir de 1812, começou a lecionar na
Universidade de Leipzig para estudantes, admiradores e
antigos médicos. Para
tanto, teve que defender tese na faculdade de medicina,
fazendo uma magistral apresentação sobre a utilização
do Veratrum
album para
uma plateia lotada, demonstrando profundo conhecimento
da história do pensamento médico.
Após a dissertação, a banca, constituída por inúmeros
adversários de sua doutrina, teve que admitir sua grande
erudição e aprová-lo sem ressalvas. Conseguiu um grande
número de seguidores e, em 1828, publicou outra grande
obra, intitulada Doenças
Crônicas.
Nessa época, a homeopatia já havia alcançado várias
outras regiões do mundo; seu criador, porém, ainda não
havia sido reconhecido.
Desde os primeiros momentos, Hahnemann sofreu acirrada
campanha contrária ao que expunha, em especial dos
farmacêuticos, pelo que muito padeceu.
Apenas em 1835, já com seus 80 anos, viúvo, foi
procurado por uma jovem que o buscou em sua cidade como
último recurso médico e foi por ele curada. Eles se
consorciam e ela o levou para Paris, onde finalmente
obteve geral reconhecimento.
Hahnemann e seus discípulos desenvolveram 100
substâncias curativas. Hoje há cerca de 3 mil delas. Ao
longo dos anos, os métodos homeopáticos evoluíram muito,
mas seus princípios básicos, desvendados por Hahnemann,
perduram após mais de dois séculos.
O Brasil é um dos países com maior número de médicos
homeopatas do mundo e calcula-se que cerca de 17 milhões
de brasileiros já tenham recorrido à medicina de
Hahnemann. No território nacional existem cerca de 15
mil médicos exercendo a homeopatia, 2 mil farmacêuticos
e o mesmo número de farmácias especializadas.
Fontes: Max Altman (Opera Mundi) e www.espiritismogi.com.br