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por Jane Martins Vilela

 

Anelo de misericórdia


“Senhor, sejam para o teu coração misericordioso todas as nossas alegrias, esperanças e aspirações. Ensina-nos a executar teus propósitos desconhecidos. Abre-nos as portas de ouro das oportunidades do serviço e ajuda-nos a compreender a tua vontade!
 ...” – André Luiz, do livro À Luz da Oração, psicografia de Chico Xavier.


O Espiritismo é luz divina concedida aos homens. Àqueles que são muito racionais e precisam adquirir a fé viva, a fé que transporta montanhas, veio Deus, em sua misericórdia infinita, sob os auspícios de Jesus, permitir o conhecimento libertador.

“Conhecereis a verdade e ela vos tornará livres”, disse-nos Jesus há mais de 2.000 anos. Estamos a caminho. O Espiritismo é a ponte que unifica o mundo material com o espiritual e vem elucidar o homem desejoso de aprender. Ainda é longa a jornada, difícil o caminho, estreita a porta, esclareceu-nos o mestre divino.

Milênios se passaram desde que atingimos o despertar da consciência e, através de múltiplas reencarnações, estamos num aprendizado incessante, muitas vezes acertando, muitas vezes falhando.

A grande maioria de nós, seres da Terra, somos muito endividados perante as leis divinas que estão impressas em nossas consciências. Já erramos muito, mas o importante é que agora desejamos acertar.

Quantos derramam lágrimas de dor perante atitudes que tomaram na vida, passada ou presente. O passado se ergue indicando a reparação necessária a ser feita, permitida pela bondade de Deus. O presente, naquilo que foi feito já é passado, pois já foi. Importante o aprendizado partido dele, não estagnar na jornada, levantar a fronte e seguir em frente, na linha reta do bem.

Deus ampara e cuida todo o tempo. É o Pai de divino amor, que Jesus nos ensinou a amar e não a temer.

Aos espíritas tem sido ofertado muito. A possibilidade do intercâmbio com o mundo espiritual abre perspectivas de caridade, fraternidade, esperança e fé. Aqueles que partiram nos vêm contar sobre as realidades espirituais.

O amor socorre sempre e o nosso amado Brasil, onde o Espiritismo fez sua morada, tem sido o local em que a espiritualidade maior busca trazer aqueles que já podem ser socorridos, num processo de auxílio para eles, através dos médiuns e para os médiuns e colaboradores, pelo que podem aprender em trabalhos mediúnicos, em estudos e observações.

Quantos milhares de espíritos são atendidos em reuniões mediúnicas de todo o nosso país, de ponta a ponta?

Um verdadeiro processo de socorro para os que sofrem, jamais abandonados!

Quantos médiuns maravilhosos, dedicando sua vida à causa do bem, renunciando a si mesmos pela caridade e fraternidade!

Quantos processos de dor em obsessões graves e subjugações intensas, provocadas por espíritos que ainda não conhecem o amor e desejam a todo o custo a vingança sobre seu agressor do passado, vítima agora no presente!

Todos os espíritas que estudam e frequentam reuniões mediúnicas ouvem ou veem relatos emocionantes e auxílio intenso e são sempre chamados ao serviço do amor aqueles que são socorridos, mesmo os senhores das trevas, que têm o encontro com Jesus na sua estrada de Damasco, tal qual ocorreu no passado ocorreu com Saulo, o grande perseguidor dos cristãos!

Guardamos com carinho na memória muitos trabalhos de auxílio que pudemos observar. Comentar sobre todos eles demandaria muitas e muitas páginas, por isso falaremos sobre um deles, que ainda nos emociona.

Numa reunião mediúnica, num grupo humilde (e imaginamos que inumeráveis centros espíritas poderiam nos dar relatos semelhantes, pois o socorro é intenso em todos), pudemos ouvir um espírito que chegou apresentando-se como um senhor das trevas que não aceitava Jesus. Ele achava que Jesus, por ser manso e humilde, também era fraco.

Reuniu um seu exército inumerável das trevas e foi desafiar Jesus. Foram para o mar. Estavam sobre as águas do mar. Lembramos ao leitor que segundo esclarece Gúbio, instrutor espiritual de André Luiz, no livro Libertação, psicografado por Chico Xavier, a volitação não é processo evolutivo de amor, apenas da inteligência, e por isso se viam espíritos volitando no Umbral, próximo à cidade estranha aonde Gúbio e André iam, para prestar socorro a Margarida, encarnada na Terra, atendendo a pedido do espírito luminoso de Matilde.

Estava então essa hoste comandada por esse espírito sobre as águas do oceano, que se tornou turbulento, com ondas gigantescas, tamanha era a ferocidade deles. O senhor desse exército, o espírito que se comunicou conosco, estava à frente deles liderando-os. Ele gritava por Jesus, desafiava o Mestre a uma luta entre o exército dele e o exército de Jesus. Mas, debalde ele gritava e o exército de Jesus não vinha travar combate algum. A fúria deles então aumentava a intensidade das ondas. Estava ele pensando que Jesus era mesmo um covarde e não responderia ao desafio, quando embaixo, no mar, uma pequena embarcação surgiu, na forma de uma jangada. Somente um homem nela. Por onde ela passava, as águas se aquietavam e a luz substituía a escuridão. Aquilo o intrigou. Quem era aquele ser que vinha sozinho enfrentar a ele e a seu exército? Ficou observando. Quando aquele ser chegou abaixo dele, as águas estavam tranquilas. Ele levantou o olhar e o fitou. Quando os olhos dele encontraram os seus, ele não suportou, caiu de joelhos, chorando, emocionado.

E agora ali estava ele, na reunião mediúnica. Seus asseclas pensaram que ele se acovardara, mas ele não podia mais desafiar Jesus depois de olhar seus olhos de profunda misericórdia. Será que Jesus o aceitaria? Uma luz intensa o banhou naquele momento, ouviu um coral e um chamamento. Jesus o chamava para seu rebanho. Ele saiu em lágrimas, porque Jesus o aceitou.

Já contamos esta história no nosso jornal, mas ela é uma de nossas favoritas, entre tantas que poderíamos citar.

Tudo depende da escolha que o espírito faz. Quando esclarecido, a verdade é libertadora, porque entre eles – os espíritos em sofrimento e carentes de ajuda – há mais revolta por desconhecimento, ódio pelo sofrimento não compreendido, de ignorância do amor, do que pura maldade. Quando esclarecidos, eles então se libertam. É o jugo leve e amoroso de Jesus, que a todos socorre.

O amor de Deus está em tudo e em todos, jamais nos deixa órfãos, socorre-nos sempre. Resta-nos agradecer agindo sempre no bem, orando, confiando e tendo fé, na certeza do amparo que recebemos sempre.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita