Nossas obras, nossa herança
Cada um colhe o fruto imperecível de suas obras passadas
e presentes
“A cada um será dado de acordo com as suas obras”. Jesus.
(Mt., 16:27.)
Em virtude da ação constante do pensamento e da vontade
sobre o perispírito, vê-se que a retribuição é absolutamente perfeita:
cada um colhe o fruto imperecível de suas obras passadas
e presentes; colhe-os não por efeito de uma causa
exterior, mas por um encadeamento que liga em nós mesmos
o pesar à alegria, o esforço ao êxito, a culpa ao
castigo... É, pois na intimidade secreta de nossos
pensamentos e na viva luz de nossos atos que devemos
procurar a causa eficiente da nossa situação presente e
futura.
O Espírito ilumina-se a cada pensamento altruísta, a
cada impulso de solidariedade e de amor puro; e
entenebrece-se a cada pensamento ruim, a cada ato
criminoso e cada hábito pernicioso.
Os atos violentos, a crueldade, o homicídio e o suicídio
produzem no culpado um abalo prolongado, que repercute,
de renascimento em renascimento, no corpo material, e
traduzem-se em doenças nervosas, tiques, convulsões e
até deformidades, enfermidades ou casos de loucura,
consoante a gravidade das causas e o poder das forças em
ação. Toda transgressão da lei implica diminuição,
mal-estar, privação da liberdade... As vidas impuras, a
luxúria, a embriaguez e a devassidão conduzem-nos a
corpos débeis, sem vigor, sem saúde, sem beleza. O ser
humano que abusa de suas forças vitais, por si mesmo se
condena a um futuro miserável, a enfermidades mais ou
menos cruéis.
Tua obra mais valiosa e mais bela é tu mesmo!
Com teus esforços constantes podes fazer de tua
inteligência, de tua consciência, uma obra admirável, de
que gozarás indefinidamente. Cada uma de tuas vidas é um
cadinho fecundo do qual deves sair apto para tarefas,
para missões cada vez mais altas, apropriadas às tuas
forças e cada uma das quais será tua recompensa e tua
alegria.
Assim, com tuas mãos irás, dia a dia, moldando teu
destino... Renascerás nas formas que teus desejos
constroem, em organismos superiores aos da Terra;
renascerás nos meios que preferes, junto dos seres
queridos, que já estiveram associados a teus trabalhos,
a tuas vidas, e que viverão contigo e para ti, como tu
reviverás com eles e para eles.
Terminada que seja tua evolução terrestre, quando
tiveres exaltado tuas faculdades e tuas forças a um grau
suficiente de capacidade, quando tiveres esvaziado a
taça vinagrosa dos sofrimentos, das amarguras e das
felicidades que nos oferece este mundo, quando lhe
houveres sondado as ciências e as crenças, comungado com
todos os aspectos do gênio humano, subirás então, com
teus amados para outros mundos mais belos, mundos de paz
e harmonia...
Volvidos ao pó, teus
últimos despojos terrestres, chegada às regiões
espirituais tua essência purificada, tua memória e tua
obra hão de amparar ainda os homens, teus irmãos, em
suas lutas, em suas provações, e poderás dizer com a
alegria de uma consciência tranquila: “minha
passagem na Terra não foi estéril;
não foram vãos meus esforços!”