Natural do Rio de Janeiro-RJ, Americo Domingos
Nunes Filho (foto), médico por formação
com especialidade em pediatria, reside desde
2010 em Guapimirim-RJ, município localizado a 75
km da Cidade Maravilhosa e a 24 km de
Teresópolis-RJ, refúgio este que lhe permite
desfrutar de uma paz reinante para a prática
intelectual espírita. Nosso entrevistado foi
membro-fundador da Associação Médico-Espírita do
Brasil e Internacional, AME-Brasil e
AME-Internacional respectivamente, além de
professor, assistente religioso em presídio,
radialista, produtor de cinema e vídeos
espíritas, roteirista do filme “Vidas Partidas”
e autor de várias obras espíritas. Atualmente
dirige o Grupo Espírita Dimas e é presidente da
AME-Rio, da qual também é fundador.
Em que momento teve contato com a Doutrina
Espírita?
Como a maioria dos profitentes, ingressei na
Doutrina Espírita pelo motivo de estar
vivenciando muita ansiedade e insegurança
religiosa. Como jovem acadêmico de medicina,
depois de um ano de ensinamento teórico e de
observação, fui convocado para a prática
obstétrica. Foi-me concedida a oportunidade de
ser responsável pelo parto de duas multíparas,
mulheres que já tiveram mais de três filhos e
que parem com muita facilidade. Preparei-me com
muito ardor e estava muito feliz de poder
exercer a oportunidade de trazer um ser ao
mundo. Todo o meu procedimento foi correto;
contudo, veio a lume um neném desprovido de
olhos (anoftalmia), a ausência completa dos
globos oculares. O outro nascituro nasceu
normal. Fiquei estarrecido, pois a execução do
meu primeiro parto foi sentida com muita
tristeza e a minha crença protestante não me
concedia uma explicação espiritual lógica.
Procurando auxílio imediato, foi-me dito que os
desígnios de Deus não devem ser discutidos e
muitos casos são considerados como mistérios.
Depois de alguns dias, passando por intensa
inquietação, perturbando até o sono, liguei o
rádio, ao léu, e entrei na frequência 1400 kHz
AM (Rádio Rio de Janeiro), ouvindo um
“professor” (confrade Geraldo de Aquino),
dialogando com uma “aluna” (sua filha). A jovem
pergunta ao seu mestre: - “Por que há nascimento
no qual a criança surge sem os olhos?” Naquele
momento, as nuvens que me ofuscavam foram
removidas para sempre, pois a formosa Doutrina
Espírita me foi apresentada e modificou todo o
meu ser. Em verdade, além de me conceder a
resposta plausível, me fez parecer um
“Nicodemos” hodierno procurando por Jesus e
recebendo dele a consolação, através da
revelação da reencarnação.
Fale-nos mais a respeito desse encontro com o
Espiritismo.
Agradeço intensamente ao estimado Geraldo de
Aquino a oportunidade valiosa de abrir as portas
do Espiritismo para mim, no momento certo. Que
Jesus abençoe cada vez mais esse irmão querido,
que já se encontra na Pátria da Imortalidade!
Qual foi a reação da sua família ante sua adesão
à Doutrina Espírita?
Com a minha família foi tudo muito bem aceito.
Afinal, a Doutrina do Consolador Prometido, que
“não me deixou órfão”, trouxe-me a paz de que
necessitava e a cura para o mal que me
assediava. Já os parentes de minha esposa,
tradicionais metodistas, custaram a
acostumar-se; porém, sabiam que a crença
protestante para mim não se prestou suficiente.
Dos três aspectos do Espiritismo - científico,
filosófico e religioso -, qual é o que mais o
atrai?
Como médico e pesquisador, sempre me atraiu o
aspecto científico; contudo, o religioso é
marcante, mais me sacode, porquanto envolve a
restauração do cristianismo e a necessidade da
renovação do homem, visando o conhecimento de si
mesmo e de começar a se situar diante da
grandeza do Infinito. Para todos nós, viajantes
da retaguarda, Jesus é o caminho da verdade e da
vida!
Sendo um médico e espírita, como se dá, em sua
opinião, o elo entre a medicina e o Espiritismo?
A ciência espírita, com sua metodologia de
estudo, amplia a noção de saúde integral do
homem e pode contribuir muito com a comunidade
científica em geral. O Espiritismo permite esse
entendimento sob a égide de Jesus, o mais
graduado mestre terapeuta que surgiu no mundo.
Hodiernamente, a ciência estabelece tenazes
ligações entre espiritualidade, religiosidade e
saúde, proporcionando a oportunidade do
estabelecimento de muito estudo e propagação, já
que material não falta.
Dentre as inúmeras obras espíritas que escreveu,
qual é a que lhe fala mais de perto ao coração e
por quê?
Graças ao apoio da Espiritualidade que me cerca,
tive a oportunidade de ser útil em quatorze
obras, sendo editadas, principalmente, pela
Editora EME, de Capivari, SP, a Editora O
Clarim, de Matão, SP e a Editora CELD (Centro
Espírita Léon Denis). Também, tive o prazer de
lançar um opúsculo em Paris, em língua francesa,
em 2015, versando a respeito das doenças mentais
e outras, todas explicadas à luz refulgente da
Doutrina Espírita. Embora tenha participado de
inúmeros seminários e congressos em diversos
estados do País e no Exterior, como igualmente
articulista, com centenas de matérias publicadas
em revistas e jornais, inclusive também do
exterior, os momentos mais significativos para
mim foram a oportunidade de ver publicados dois
trabalhos de minha lavra: “A Ciência descobrindo
o espírito”, no jornal Azohckuú Becthnk,
da Rússia, em julho de 1991, e a outra, na
França (“Acárdicos – Fetos sem espírito”),
publicada na Revue Spirite (Revista
Espírita), nº 36, 3º trimestre de 1998, criada
por Allan Kardec e hoje publicada pelo Conselho
Espírita Internacional (CEI).
O primeiro, publicado poucos meses antes da
queda da União Soviética, e o segundo pela
emoção de fazer parte, em matéria de capa, da
Revista Espírita do magnânimo Kardec, em
relançamento.
Que livros espíritas que tenha lido você
considera de leitura indispensável aos confrades
iniciantes?
Para os que estão dando os primeiros passos, no
estudo doutrinário, essencial a leitura dos
livros básicos. Depois, temos as obras dos
gigantes Herculano Pires e Deolindo Amorim.
Importante, igualmente, tomar contato com os
compêndios escritos por Carlos Torres Pastorino.
No aspecto religioso, é fundamental a apreciação
do que deixou à posteridade a mediunidade
gloriosa do estimado e sempre lembrado Chico
Xavier.
As divergências doutrinárias em nosso meio
reduzem-se a poucos assuntos. Um deles diz
respeito ao Espiritismo laico. Para você o
Espiritismo é religião?
Sim, sem dúvida, baseado na lavra escorreita do
inolvidável Allan Kardec, meu mestre abaixo de
Jesus. Mas não devemos confundir a Doutrina do
Consolador, a Terceira revelação divina à
Humanidade, com religiões distantes da
autenticidade do cristianismo de Jesus:
dogmáticas, com características essencialmente
materiais, surgindo a partir das inúmeras
concessões políticas feitas pelos religiosos de
batinas com os mandatários romanos. A religião,
constituída no poder temporal, bem convencional,
de forma alguma pode ser confundida com a
doutrina codificada por Kardec, o Apóstolo da
Verdade, alicerçada na ausência de hierarquias,
destituída de dogmas, sem rituais, vivenciando a
comunhão com Deus em “espírito e em verdade”,
assim como ensinou o Mestre à samaritana.
Assim sendo, rotular o Espiritismo como uma
religião comum, tradicional, estaria sendo-lhe
dado um julgamento depreciativo. Segundo o
Codificador Kardec, a Doutrina Espírita não tem
uma feição religiosa igualada com as outras;
inclusive, com elas ostentando uma história bem
distante no contexto cristão, estritamente
mundana e violenta, em que se salientam as
Cruzadas, a tenebrosa Inquisição, as sérias
deturpações da mensagem cristã, os infelizes
desvios, pelas determinações dos concílios, de
cunho cada vez mais político e, essencialmente,
mais distante do vero cristianismo de Jesus. Por
isso, Kardec considerou o Espiritismo de maneira
mais superior e profunda: religião, no sentido
filosófico, conforme publicação na Revista
Espírita — Jornal de estudos psicológicos —
1868, dezembro, na sessão anual comemorativa dos
mortos.
Ainda hoje, materialistas e ignorantes
espiritualistas, desconhecendo a história do
cristianismo, confundem o cristianismo do Mestre
com o malsucedido cristianismo dos homens,
representado pelas religiões dogmáticas e
enquadram erradamente como cristãos exatamente
os que malbarataram a doutrina ensinada e
exemplificada por Jesus.
É incrível que muitos irmãos de caminhada
terrena, inconscientemente, sentem aversão a
Jesus, uma certa antipatia, que eles mesmos não
sabem explicar. Acredito que a doutrina das
vidas sucessivas explicaria muito bem essa
terrível abominação, porquanto as Cruzadas foram
responsáveis por um milhão de seres (entre
cristãos e muçulmanos) desencarnados e a
Inquisição deixou um saldo triste de cem mil
pessoas mortas. Por conseguinte, ser trucidado,
de forma injusta, vendo o algoz representado por
uma cruz retratada em seu peito, pode ser a
causa dessa infeliz repulsão por Jesus e pelo
vero cristianismo, da parte desses companheiros
“laicistas” e, igualmente, de alguns
materialistas.
O Espiritismo é cristão por excelência e muitas
mensagens dos arautos da codificação recebidas
por Kardec revelam a autenticidade do Cristo
entre nós, dando legitimidade cristã à Doutrina
do Consolador Prometido.
Como você vê a discussão em torno do aborto? No
seu modo de ver as coisas, os espíritas deveriam
ser mais ousados na defesa da vida?
O aborto é um crime impetrado a um ser vivo que
precisa nascer e, como um ato desumano, cruel,
deveria ser excluído totalmente da sociedade
humana. Como o homem estagia, no sentido
espiritual, em um cenário onde predomina o mal,
essa prática bárbara tem preponderância ainda na
Terra. É inconcebível que um verdadeiro
profitente espírita esteja uníssono com as
vibrações doentias dos que são favoráveis a esse
assassinato intrauterino. Algumas pessoas, de
viés materialista, infiltradas no movimento
espírita, são facilmente reconhecidas pela
postura favorável ao crime realizado contra o
embrião ou o feto.
As instituições espíritas, como as AMES e a FEB,
sempre se apresentaram atuantes no combate à
barbaridade realizada intraútero, a despeito de
uma oposição forte e numerosa, como a exercida
pela mídia, que a incentiva e a aplaude. Com o
que está ventilado sobre o assunto, em O
Livro dos Espíritos, mostrando o ato
abortivo como uma prática criminosa, acredito
que os adeptos espíritas deveriam ser mais
atuantes e vigorosos no seu combate. Em verdade,
nada temos a temer da oposição gigantesca
inferior, pois estamos de passagem, na Terra, e
a verdadeira vivência é a espiritual, situada na
Dimensão da Imortalidade, onde a consciência
falará mais alto, desde que nela estão inseridas
as leis de Deus.
O movimento espírita em nosso País lhe agrada ou
falta algo nele que favoreça uma melhor
divulgação da Doutrina Espírita?
Infelizmente, o estudo da codificação ainda é
realizado de forma discreta e alguns grupos
tentam se entranhar, impondo conceitos
totalmente estranhos ao arcabouço espírita.
Felizmente, estão sendo repelidos paulatinamente
pelos que são árduos estudiosos da Doutrina e a
amam incondicionalmente. Vozes venturosas se
fizeram ouvir, repelindo esses pensamentos
malsãos. Uma delas, das mais ouvidas, provieram
do insigne Herculano Pires e de seus pupilos,
dos quais me sinto confortado de ser mais um.
Assim como aconteceu com o cristianismo
primitivo, as falanges do Anticristo tentam, com
seus sombrios tentáculos, atacar a Doutrina
Espírita, maculando-a e conseguiram atrasar
consideravelmente a expansão do Consolador
Prometido no mundo e, em especial, no Brasil.
Satisfatoriamente, com pouquíssimos adeptos,
inaptos, já se encontram no ostracismo, de onde
nunca deveriam ter saído.
Em face dos problemas que a sociedade terrena
está enfrentando, qual deve ser a prioridade
máxima dos que dirigem atualmente o movimento
espírita no Brasil e no mundo?
Acredito, assim como Kardec, que a
sociedade humana está carente da educação, que
“é a arte de formar caracteres e, por
conseguinte, é o conjunto de hábitos
adquiridos”. Então, surge o Evangelho de
Jesus, o maior pedagogo que o mundo já recebeu,
clamando a repressão das más tendências, o não
revide de uma ofensa, saber perdoar; enfim, se
esforçar por amar ao próximo. A edição de O
Evangelho segundo o Espiritismo constituiu-se
em um marco que assinalou o caminho da
transformação moral do espírita e o Codificador
foi muito feliz nesse mister.
Quantos exemplos de memoráveis seres, muito
nobres, tem o homem que praticar e seguir seus
preciosos passos: Francisco de Assis, Jan Hus,
Vicente de Paulo, Madre Tereza de Calcutá,
Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo,
Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco
e muitos outros humanistas e educadores, que
abraçaram os preceitos do amado Cristo, pondo em
prática os seus sublimes ensinamentos.
Evangelizar deveria ser a meta a seguir. Sempre
cuidar dos doentes do corpo e do espírito. Como
é importante ministrar cursos
profissionalizantes e ajudar o próximo a saber
pescar, ao invés de dar somente o peixe. Enfim,
para quem quiser ajudar o semelhante, nunca
faltará a ocasião, principalmente aos carentes
de maneira geral.
Sendo um dos fundadores da AME-Rio em outubro de
1995, na ocasião, o que se esperava dessa imensa
obra, e hoje, 28 anos passados, qual a avaliação
do trabalho realizado junto aos médicos e à
sociedade de modo geral?
Sim, fui um dos responsáveis pela fundação da
AME-Rio. Tudo começou, através da abnegada
seareira espírita, Dra. Marlene Nobre, a qual
foi recebida por mim, em uma de suas estadas no
Rio. Ela iria proferir uma palestra no ICEB
(Instituto de Cultura Espírita do Brasil) e fui
incumbido de buscá-la no aeroporto e levá-la ao
hotel, onde ficaria hospedada. Já a conhecia
pelo lançamento de livros de minha lavra na
Bienal de São Paulo e de ter participado como
orador em diversos congressos espíritas na
cidade paulistana e em outras cidades do Brasil,
sempre juntos.
Pois bem, a querida colega me contou que estava
vindo de Uberaba e o Espírito do Dr. Bezerra de
Menezes, através da abençoada mediunidade do
estimado Chico Xavier, lhe confidenciou que
estava na hora de ser fundada a Associação
Médico-Espírita do Estado do Rio de Janeiro e
ela iria encontrar um filho já escolhido para
esse trabalho. Quando fui levá-la de volta ao
aeroporto para o retorno a São Paulo, ela me
disse que já tinha encontrado a pessoa que
Bezerra anunciou, e era eu. De imediato, embora
sentindo grande respeito e carinho pelo “Médico
dos Pobres”, recusei, argumentando que se
tornava impossível tal ação, por me dedicar
demais à família, à profissão, trabalhando em
consultório e em vários plantões, acrescido das
tarefas doutrinárias bem extensas. Ela anuiu,
compreendendo as minhas limitações e as
dificuldades para aceitar essa gloriosa
incumbência.
Mais ou menos um ano depois, a abnegada Dra.
Marlene retorna a minha cidade e, novamente, fui
escalado para acompanhá-la em sua jornada de
palestras. Ao final de tudo, voltou ao assunto e
me deixou muito acabrunhado por ter que negar,
mais uma vez, um pedido do Dr. Bezerra,
acrescido do fato de ser uma tarefa já
projetada, na Espiritualidade, antes da minha
atual encarnação. No dia seguinte, fui proferir
uma palestra no CELD (Centro Espírita Léon
Denis) e, conversando com o presidente da Casa,
o saudoso Altivo Carissimi Pamphiro, contei-lhe
o que a Dra. Marlene me tinha dito e ele,
prontamente, me incentivou a aceitar o pedido do
Dr. Bezerra, dizendo que iria repartir a
empreitada comigo, pois muitos médicos espíritas
frequentavam o CELD. Então, não mais me pareceu
uma tarefa dificílima e aquiesci, comunicando à
Dra. Marlene o meu propósito de servir à causa
médico-espírita, liderada pelo querido vovô
Bezerra, na “Cidade Maravilhosa”.
É um afazer muito difícil, pois os profissionais
de saúde precisam sempre se atualizar, estudando
bastante e o trabalho doutrinário, igualmente, é
árduo. Por isso, é difícil reunir todos juntos,
mas a tarefa se dirige sempre para a frente e
muitos frutos vão surgindo.
Qual o principal trabalho realizado pela
AME-Rio?
O que mais se destaca é a ação anônima, junto
aos sofredores de maneira geral, principalmente,
através do site da Associação. Os médicos
espíritas são muito procurados pelos doentes,
pois, aliada à arte de tratar as enfermidades,
podem também acolhê-los, utilizando o melhor que
puderem do Evangelho de Jesus e do trabalho
educativo e consolador ministrados pela Doutrina
Espírita.
Quem pode fazer parte da associação, e os que
desejarem ingressar, como proceder?
Na AME-Rio, pode associar-se qualquer
profissional de saúde espírita; contudo, na
Diretoria, respeitando o Estatuto da Associação,
só médicos são credenciados. Os interessados
preenchem uma ficha de inscrição e são
convocados a comparecer às reuniões
científico-doutrinárias realizadas e abertas ao
público, no terceiro sábado do mês, às 10h, no
aconchegante auditório da AEOB (Associação
Espírita Obreiros do Bem), situado na Rua Santa
Alexandrina, 667, bairro do Rio Comprido, com
estacionamento próprio.
Como você vê o trabalho das Casas Espíritas
junto às crianças e jovens, que tantos sofrem
com ausência de uma boa estrutura moral no seio
familiar?
Importantíssimo, principalmente junto às
famílias carentes. O Espiritismo é conhecido e
muito respeitado pelo trabalho social que
desempenha junto aos sofredores, com Jesus,
ofertando o alimento orgânico e o espiritual.
Gostaria de acrescentar algo mais?
Agradecer ao confrade Marcel
Bataglia Gonçalves por esta entrevista, que me
proporcionou algumas lembranças tão maravilhosas
e a oportunidade de trabalhar mais um pouco pela
Doutrina que tanto amamos. Sabendo que a
entrevista será publicada no Jornal O Imortal e
na Revista O Consolador, sinto-me muito feliz
por me lembrar de dois confrades queridos: o
Astolfo Olegário de Oliveira Filho, amigo de
longa data com quem, juntos, eu, ele, seus
irmãos e Célia, sua estimada companheira,
participamos duas vezes da aprazível e
inesquecível Semana Espírita de Astolfo
Dutra-MG, bem como o Hugo Gonçalves, com quem
conversamos algumas vezes por telefone,
tratando-se de pessoa realmente cativante e
especial. Que o Mestre Jesus lhes abençoe os
passos, Astolfo Olegário entre nós, encarnado, e
o Hugo, já na Dimensão Espiritual!
Uma mensagem final aos nossos leitores.
Aos leitores destas linhas, estudiosos do
Espiritismo, posso dizer que a Doutrina Espírita
realmente é Jesus quem retorna. Kardec disse:
“Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de
vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o
Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o
que o Cristo disse, é que o que este disse foi
esquecido ou mal compreendido” (“O Evangelho
segundo o Espiritismo”, VI:4).
Por conseguinte, os tempos são chegados e a
doutrina cristã, desde os meados do século
dezenove, vem sofrendo um processo magnânimo de
restauração. Agora, sem a presença do domínio
das potestades físicas, destituído de
hierarquias, não mais com a nefasta apresentação
dos dogmas e rituais (cristianismo redivivo de
Jesus). O Espiritismo, o Consolador Prometido,
veio ao mundo para reviver o cristianismo
primitivo, não deixando mais perder a sua
pureza, sofrendo a pútrida contaminação humana.
Simples e humilde, como o Mestre de todos nós,
prega sem figuras e alegorias e derruba
incondicionalmente todos os véus que ocultam os
chamados mistérios.
Basta de dogmatismos e poder mundano! Conforme
afiançou o espírito de Emmanuel: “A missão do
Consolador tem que se verificar junto das almas
e não ao lado das gloríolas efêmeras dos
triunfos materiais” (“O Consolador”, Q. 353).
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