Autoiluminação
O ser espiritual ascende
no rumo da Grande
Luz que o arrebata a pouco e pouco
“Vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim.” -
Paulo. (Gálatas, 2:20)
Segundo rezam as tradições do Mundo Maior, no momento em
que Moisés recebia as Tábuas da Lei, Jesus começou a
preparar-Se para encarnar entre nós. Portanto, foram
necessários quase vinte séculos de preparação,
diminuindo-Se vibracionalmente para conseguir estar em
nosso meio.
Nós precisamos fazer o caminho inverso: sair dos baixios
da materialidade e da ignorância para os alcandorados
Cimos da Espiritualidade... Mas, passados dois milênios
mal conhecemos Seus ensinamentos e longe ainda estamos
de praticá-los segundo os exemplos oferecidos por Paulo
de Tarso, Maria de Magdala, Francisco de Assis, Irmã
Dulce, Madre Tereza de Calcutá e outros...
Ora, se o Cristo demorou
aproximadamente vinte séculos para diminuir-Se a fim de
apresentar-Se entre nós, quantos bilhões de milênios
serão necessários para chegarmos à Sua envergadura moral
e espiritual?! Mas, se não podemos ainda dimensionar o
tempo, pelo menos o percurso sim: no livro “Impermanência
e imortalidade”, psicografado
por Divaldo Pereira Franco, Carlos Torres Pastorino
(Espírito) lembra-nos essa luminosa senda, percorrida
por Jesus, e que devemos palmilhar: “(...) Ele nunca Se
recusou à convivência social, religiosa e humana...
Participou das bodas de Caná, frequentou a Sinagoga e o
Templo de Jerusalém, aceitou a entrevista com Nicodemos, o
almoço na residência
de Simão, bem como Se hospedou com Zaqueu,
o chefe dos publicanos, escandalizando a todos; conviveu
com os pobres, os enfermos, os infelizes, mas também foi
gentil com todos aqueles que O buscavam, a começar pelo centurião,
que lhe fora rogar ajuda para o criado enfermo, jamais
fugindo da convivência de todos quantos para o quais
viera... Abençoou criancinhas gárrulas, buliçosas;
dialogou com a mulher da Samaria, desprezada; com
a adúltera que seguia
para a lapidação, libertando-a; participou da saudável convivência
de Lázaro e suas irmãs em Betânia; aceitou a gentileza
da Verônica na via crucis, quando Lhe enxugou o suor
de sangue... Jesus tipificou o ser social e humano por
excelência, portador
de fé inquebrantável, que O sustentou no momento
do sacrifício da própria vida, tornando-Se, em todos os passos,
o Homem Incomparável!
Jamais agrediu o mundo e suas heranças, suas prisões emocionais
e paixões servis, seus campeonatos de insensatez,
sua crueldade, sua hediondez, por saber
que as ocorrências resultavam da inferioridade moral
dos seus habitantes antes que deles mesmos. Apesar
dessa conduta, demonstrou a superioridade do Reino
de Deus, porque
permanente, causal e posterior ao périplo
carnal, convidando os homens e as mulheres de pensamento,
os que se encontravam saturados e sem roteiro, os
sofridos e atormentados à opção libertadora e feliz...
A visão distorcida em torno da vida faz que os indivíduos
se apeguem às distrações, aos objetos, às pessoas
e suas máscaras, às
posições e aparências, quando os deveriam
utilizar-se para avançar, libertando-se de todo tipo de
encarceramento, inclusive emocional disfarçado de amor.
O ego apaixonado é o responsável pela prevalência dos
tormentos, distanciado do ser legítimo, que é o Espírito
fadado à perfeição que o fascina e atrai mesmo quando não
se dá conta.
No mundo, com os seus valores impermanentes, o ser espiritual
desenvolve as inimagináveis possibilidades de que é
possuidor, aprimorando-se e ascendendo no rumo da Grande
Luz que o arrebata a pouco e pouco, desde que também
ele é
constituído de luz na sua expressão mais profunda.
A fatalidade biológica que comanda os mecanismos fisiológicos
desgasta-os, envelhecendo-os, enfermando-os e se
transformando, pela morte, numa transitoriedade inevitável,
enquanto o Espírito se liberta prosseguindo na
sua destinação.
Jesus asseverou: “no mundo tereis tribulações: mas
tende
bom ânimo, eu venci o mundo”, conforme
anotou João, no versículo
33 do capítulo 16, o que é muito significativo.
Graças às aflições do mundo, à incompletude de que se revestem
as suas ocorrências e necessidades, a cada instante
defrontam-se tribulações, sofrimentos que, não
obstante, se
tornam indispensáveis para a superação dos próprios
limites e o anelo pelas aquisições plenas.
O ser necessita do mundo, (é incontestável), a fim de
beneficiar-se
dos fatores ambientais propiciatórios ao seu crescimento,
como a semente
que deve dormir e morrer acondicionada
pelos fatores mesológicos para prosseguir vivendo no
futuro vegetal em que se transformará.
Consciente das formosas oportunidades que o mundo lhe
proporciona, o ser humano
disciplina a vontade e movimenta-se com
equilíbrio em todos os misteres que lhe dizem respeito,
transformando as experiências negativas em lições de
sabedoria, possuindo sem deixar-se possuir, usando os recursos
valiosos da existência com respeito e elevação.
Buda afirmava que a vida terrena são apenas sofrimentos,
que se expressam, em particular, no ser humano, numa expressão
tríplice: sofrer, envelhecer e morrer...
Jesus,
por Sua vez, afiançava que o Seu reino não é deste
mundo, todavia,
mediante
a utilização dos tesouros que aqui
se encontram à disposição, começa-se a sublime
aquisição da felicidade porvindoura no Reino, de
início desapegando-se
do veículo de serviço de que se utiliza - o corpo - bem
como de tudo aquilo que lhe diz respeito e se lhe torna essencial
para a existência da sua impermanência.
Ser livre ou escravo é escolha individual, de acordo
com o
direcionamento emocional e moral que cada qual se
propõe. A
libertação do mundo, porém, torna-se inadiável, embora
seja postergada por ignorância ou rebeldia, mas que a realidade
se encarrega de impor, em razão da intemporalidade
de tudo e da fatalidade das horas na sua sucessão
intérmina.
Adquirir-se a consciência
dos atos, mediante a reflexão
frequente em torno de tudo quanto se pensa e se realiza,
faculta o hábito salutar da morigeração e do equilíbrio,
ensejando mais seguros meios para a conquista da
liberdade real, aquela que não tem retentivas
emocionais com o passado
nem se fixa em ansiedade pelo futuro, estimulando e
proporcionando a paz em todos os momentos presentes.
Na angústia, a certeza da alegria que virá; no júbilo, a
convicção da necessidade de ponderação ante a
probabilidade de desafios posteriores; na enfermidade,
a esperança da
saúde integral, isto é, a mesma serenidade deve ser mantida
nos momentos de vitória, de alegria como naqueles
de perda, de aparente fracasso, de tristeza, que fazem
parte do processo de experiências iluminativas.
O mundo possui os seus atrativos que induzem ao amor, à simplicidade,
à ternura, à beleza, à compaixão, à luta de
sublimação... Em toda parte nele pulsa a vida estuante
em hino de louvor ao Criador, que o elegeu para a Escola
de bênçãos do Espírito em processo de evolução. As
aflições, portanto, no mundo e do mundo, decorrem dos
apegos humanos às suas ilusões, às suas fantasias, às
suas transitoriedades, não sendo, deste modo, da Sua
responsabilidade, mas daqueles que se permitem a
cegueira em torno da realidade”.