Joias da poesia
contemporânea

Autoria: A. Branco

 

Diante da vida


Encarcerado, enfim, nas grades da memória,

Tudo tresanda em mim o sinistro bafio

Da torva escuridão a que me sentencio,

Na câmara de fel da sombra merencória.

 

Mocidade, ilusão, tudo é lodo e vanglória

Esbarrando na morte — horrendo desafio:

Para a descida ao caos ignoto, imenso, frio,

E ser lama pensante, escória sob a escória.

 

Ó minh’alma infeliz, por que assim te sublevas?

Corvo triste da mágoa a crocitar nas trevas,

Volve em prece a dormir na paz inerme do ovo!

 

Sepulta, coração, no tremedal medonho

A aflição derradeira e o derradeiro sonho

Para tudo esquecer e começar de novo!


Do livro Antologia dos Imortais, soneto psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita