No livro Inteligência espiritual Danah Zohar defende a
ideia de que além do Quociente de Inteligência-QI (que mensura a
capacidade que uma pessoa tem de processar informações e
resolver problemas, a partir de aspectos como pensamento e
raciocínio) e Quociente Emocional-QE (que mede a aptidão humana
de identificar e controlar as suas emoções para bem administrar
a sua vida), a atividade humana também pode ser medida por meio
do Quociente Espiritual (Spiritual Quotient – QS).
Segundo a autora, o QS está ligado à necessidade humana de ter
propósitos e objetivos na vida, citando como exemplo a
existência de crises que originam a necessidade de
reinventar-nos, redefinir os nossos valores, responsabilidades e
a Humanidade como um todo, pois as crises em determinados
momentos nos obrigam a rever as nossas decisões e os nossos
atos. Atualmente as vidas das pessoas estão fragmentadas, muitas
vidas destruídas, criamos problemas que muitas vezes não
enxergamos as soluções, precisamos usar a nossa inteligência
espiritual para resolvê-los, entender-nos, entender os outros,
saber quando a outra pessoa está triste e precisamos auxiliá-la
da melhor forma possível.
“A inteligência espiritual não tem nada a ver com religião
[...] não é o que eu creio, mas o que eu sou!”, de acordo
com Danah. Significa o que precisamos para recapturar os nossos
valores, o nosso senso do que eu penso. O QI refere-se ao que eu
penso, o QE vincula-se ao que eu sinto e o QS refere-se ao que
eu sou, de maneira séria e significativa, é a inteligência moral
com a qual ouvimos a nossa consciência. Dentro de cada um de nós
há uma voz que sabe o que fazer quando criamos paradigmas,
mudamos pensamentos, temos novas ideias e apresentamos novas
soluções para velhos problemas.
De acordo com psicólogos norte-americanos, 94% das pessoas agem
por medo, raiva ou autoafirmação. As crises nos reinventam, não
nos deixam ficarmos acomodados. Quando sentimos medo de perder
nosso emprego, da fome, insegurança social, ficamos bravos com a
realidade que nos agride e respondemos com a autoafirmação de
que vamos vencer a tudo, encarando a vida com exploração aberta,
tornando-nos mais fortes e verdadeiros ao saber porque lutamos e
nos sentimos animados com as oportunidades de superação, isso é
inteligência espiritual medida pelo Spiritual Quotient.
Em sua explicação doutrinária espírita, o médium e palestrante
Divaldo Franco assevera que o ser humano vem tentando
interpretar o próprio ser humano, a mente humana vem buscando
entender a razão do sofrimento da Humanidade, de onde veio, para
onde vai, surgindo na Antiguidade a origem do pensamento divino
para explicar por meio das religiões o que o nosso entendimento
não alcança. A vida é uma realidade indestrutível apresentada
numa variedade de manifestações ignotas. Vivemos em um Universo
de energias que se manifestam em diversas modulações entendidas
pela Ciência ou Religião. Tudo quanto existem são partículas,
átomos que se unem para constituir a forma, mas depois que se
desagregam transformam-se em energia novamente. A vida tem um
sentido e a criatura humana tem uma origem e tudo se funda em
Deus.
De acordo com Divaldo, o geneticista Francis Collins foi o
responsável pelo mapeamento do DNA humano ao dirigir o Projeto
Genoma Humano que procurava entender o grande enigma da criatura
humana, como Deus criou o Universo e elaborou a vida. Ao
apresentar a decodificação do genoma humano atestou que somos
constituídos de 3 bilhões de letras referenciais e para cada
letra atribuem-se quatro novas variações. Se fossemos nos deter
1 segundo em cada análise gastaríamos 31 anos e produziríamos 32
pavimentos de um edifício para guardarmos o material necessário
para tentarmos entender a vida. Francis concluiu que uma força
superior denominada consciência havia elaborado esse milagre e
procurou resposta nas religiões para entender a fé e comprovar
que a presença de Deus se encontra no genoma humano.
Em 2007, o geneticista Dean Hamer declarou que a fé em Deus está
nos genes humanos (livro O gene de Deus, Ed. Mercuryo),
demonstrando que a criatura humana possui o gene de Deus, o gene
da espiritualidade e autotranscedência (gene sigla vmat2). Em
entrevista à Folha de São Paulo, Dean Hamer afirmou que
não poderia precisar se Deus é uma criação dos nossos genes ou
se criou os nossos genes para que Ele pudesse ser reconhecido. O
que poderia assegurar é que temos genes que facilitam que
pensemos em Deus, que identificam a existência de Deus.
Na opinião de Divaldo Franco ao se reunir em Zurique, na Suíça,
com Danah Zohar, ela criou o QS por meio do sentimento e não
pela crença, e embora não crendo em Deus, não pôde negar que
existe uma realidade espiritual itinerante e transcendente.
Divaldo assegura que a vida é única, há existências anteriores e
a morte é uma mudança de estrutura. A consciência transcende à
capacidade cognitiva e quando Allan Kardec em sua inteligência
singular pergunta aos espíritos “Que é Deus, obteve a resposta
objetiva e clara que é a inteligência suprema, a causa primária
de todas as coisas, bem como, também obteve posteriormente a
resposta de que a lei de Deus está escrita na consciência,
porquanto a matéria é destituída de espontaneidade e uma força
interior a comanda, partindo da aglutinação de moléculas,
minerais, vegetais, animais e humanas que partem na direção da
grandiosidade do espírito imortal. Nós somos o resultado de um
QI, QE e QS com predominância da natureza espiritual, ninguém
morre, há somente uma mudança basilar das estruturas
espirituais. O espírito Joana de Angelis sempre lhe orienta “alimenta-te
do pão espírita” para poder mostrar que todos irão até Deus
pelo mesmo caminho da reencarnação, caridade e amor ao próximo.
Para o médium e escritor espírita Divaldo, o Espiritismo é o
grande Quociente Espiritual em nossas vidas.
No livro Nosso Lar, Lísias, sua mãe Laura e André Luiz
conversam sobre o alimento espiritual que está vinculado tanto à
vida física, quanto à vida espiritual. A senhora Laura informa
que naquela colônia recebem grandes ensinamentos relativo à
nutrição espiritual e que o amor é o alimento para o espírito
minimamente evolvido, tendo a alimentação forte relação com o
pensamento, enquanto reencarnados. A mãe de Lísias fala a André
que Jesus ao proferir o ensinamento evangélico “Amai-vos uns
aos outros” aconselhava a alimentar-nos da caridade
espiritual no campo da fraternidade, alimento fundamental para a
vida em si. O ser encarnado saberá que a conversação amiga, o
gesto afetuoso, a bondade recíproca, a confiança mútua, a luz da
compreensão, o interesse fraternal, a caridade e amor ao próximo
serão os grandes instrumentos da vida espiritual que resolverá
todos os sofrimentos.
Cairbar Schutel em sua obra Parábolas e Ensinos de Jesus afirma
que “há o pão do Céu, o alimento para a alma que contribui
para o engrandecimento moral e permanece para a vida eterna”.
Ao citar o Evangelho de João VI, 22-27, nos dá conta de que
Jesus após multiplicar 5 pães e 2 peixes e alimentar 5 mil
pessoas, noutro dia após transpassar o Tiberíades e estar em
Cafarnaum juntamente com a turba que o acompanhava, diz ser o
Pão da Vida e quem vai a Ele não terá fome e quem nele crê terá
a vida eterna, pois quem come a sua carne e bebe o seu sangue
permanece nele e Ele em nós. Portanto, verifica-se claramente a
influência Espiritual Superior na vida física, seja pela direta
ação de Deus ou do Cristo e seus mensageiros em sustentação às
almas, como forma de suportar as provações, aflições e
lacerações reencarnacionistas enquanto no vaso físico.
Pessoas com elevado senso espiritual atribuem mais sentido à
existência,
preservam a vida como forma permanente de adentrar a eternidade
do espírito, sabem lidar melhor com as suas emoções e
desenvolvem valores éticos e crenças que irão influenciar sua
moral, seu comportamento e suas ações, permitindo integrar as
emoções inter e intrapessoais e diminuindo a distância entre o
Eu e o Outro, estimulando a prática do conhecimento, elevação
pessoal e compreensão dos seus limites a partir de um regramento
que lhes permite perseguir a autorreforma íntima e buscar o seu
aperfeiçoamento por meio da prática da Doutrina Espírita e a
leitura das obras básicas e acessórias na convicção de que,
quando se fizer mister, a Doutrina explica, por se constituir de
uma base filosófica, científica e doutrinária que nos conduz à
construção de uma fé raciocinada. Na tarefa do Cristo existem
corpos famintos e doentes, mas a iluminação do espírito
entranhado no genoma da matéria é fundamental como fonte de fé e
esperança, pois tudo se equilibra no amor de Deus.
Bibliografia:
FRANCO, Divaldo Pereira. Forgiveness and Reconciliation,
March 23rd, 2023, United Nations Heardquarters, NY
City, USA.
XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar, pelo espírito André
Luiz. Ed. FEB, Rio de Janeiro. Cap. XVIII – Amor, Alimento das
Almas.
SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensinos de Jesus. Ed. O
Clarim, Matão, São Paulo. Pag.422, O pão da Terra e o Pão do
Céu.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Matheus
Rodrigues de Camargo, São Paulo. Questão 1: Que é Deus e 621:
Onde está escrita a Lei de Deus?
(*) Artigo contemplado no Concurso A Doutrina Explica 2023,
promovido pelo Jornal Brasília Espírita, em parceria com a
revista O
Consolador e
a Web Rádio Estação da Luz. O autor é palestrante espírita e
reside em Brasília-DF.