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por Wellington Balbo

 

A escala espírita aplicada no dia a dia


A escala espírita (o leitor poderá consultar, na íntegra, a escala espírita em O livro dos Espíritos, ou, caso prefira, na Revista Espírita, mês de fevereiro, ano de 1858), classificação que Kardec atribuiu aos Espíritos, traz bons ensinamentos.

Não fazer o bem denota inferioridade do Espírito. O fato de não se movimentar para o bem retrata uma condição inferior, seja do homem ou do Espírito.

Espíritos de terceira ordem, na classificação de Kardec, trazem, por exemplo, o mau pensamento. Interessante como no campo moral Kardec é bem rigoroso. Como saber se sou um Espírito de terceira ordem? Simples: se tenho um mau pensamento estou classificado nesta condição de terceira ordem. Percebam que não é necessário fazer o mal, mas apenas ter um mau pensamento.

Sentimentos como inveja e ciúme impedem o Espírito de avançar. É a mais pura realidade. Outro dia um amigo fez o seguinte comentário:

Todas as vezes que visitei lugares lúgubres nesta existência foram quando a inveja e o ciúme ganharam espaço em meu ser. À medida que me despeço da inveja, por exemplo, avanço rumo à felicidade. Como ser feliz preocupado com o aumento de salário que um colega recebeu e eu não? Ademais, deixar-se levar por este sentimento é perder o foco e um bem precioso chamado tempo.

Se a inveja traz inquietação, agonia, dor em face da felicidade do outro, natural que quando não a sentimos nosso mundo íntimo esteja melhor, e quando a abandonamos de vez não mais voltaremos a passar pelas dores proporcionadas pela inveja. Neste último caso, como diz Kardec, o progresso já se efetuou. Mas, como abandonar a inveja, haja vista que é um sentir humano? Eis a pergunta que todos queremos saber a resposta. Talvez um bom início seja o de não alimentar quando nos sentirmos dominados por este sentimento. Negá-lo ou reprimi-lo, por exemplo, não resolve, mas admiti-lo e não o alimentar pode ser uma boa estratégia. Prece aos bons Espíritos para nos auxiliarem na dominação das más inclinações também pode ser uma ferramenta que traga bons resultados. A busca por vencer a si mesmo e a influência da matéria é um desafio para que o Espírito se desenvolva e, então, avance.

O resultado prático é que quando deixo a inveja passo a cuidar mais da minha vida, e não me preocupando com a vida alheia sobra-me mais tempo para dedicar ao meu próprio progresso.

As conquistas e realizações do outro já não me causarão dor, talvez, num primeiro momento, indiferença, para depois tornar-se motivo de alegria. E assim vamos caminhando e descobrindo-nos. Algo que o amigo comentou e que tem contribuído muito para poupar aborrecimentos é o de ser o "cientista da própria vida" e observar em que degrau está nesta escala. Diz ele – o amigo – que é um sujeito de perfil reativo, quando dizem algo sua inclinação natural é reagir de forma negativa, guiado por isso e com forte apelo da impulsividade, ao longo do tempo ele produziu ações e respostas nada recomendáveis. Com a ciência da própria alma nas mãos tem conseguido, com muito custo, conter-se e evitar dores de cabeça originárias das respostas sem base num pensamento mais profundo que o da primeira reação ao fato, frase ou colocação do outro.

Isso tolhe, reprime? De forma alguma, ao contrário, traz-lhe paz e, sobretudo, tempo para focar em outros pontos ao invés de apagar fogueiras acendidas pela sua intemperança. Sempre sai vencedor? Não, claro que não, mas já percebe um nítido avanço neste campo do comportamento.

Vamos pensar nisso?


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita