A paz e a
felicidade
Passamos a vida à
procura da paz e da
felicidade, que nos
parecem inalcançáveis.
Por vezes sentimos um
pouco de paz e outras,
um pouco de felicidade.
Conforme os anos passam,
vai parecendo mais
difícil.
Em criança, salvo
algumas crianças em
exceção, sentíamos paz e
felicidade, bastando
alguma brincadeira.
A nossa desculpa, como
adultos, é o peso da
vida, as obrigações e os
problemas que nos
aparecem.
A vida é difícil, o
próprio Mestre Jesus
diz-nos que a felicidade
não é deste mundo e
adverte-nos que na
oração devemos pedir
força e coragem,
antevendo os problemas
para cada um de nós.
Foi-nos dito que no
sofrimento nasce o
crescimento espiritual,
embora no sofrimento
seja difícil de
percebermos seja o que
for. A visão está muito
obscurecida e capeada
devido ao sofrimento por
que passamos naquela
altura.
O mesmo Mestre diz-nos
que o reino de Deus está
em nosso interior e não
virá de forma externa.
Temos de acreditar que o
reino de Deus é
constituído pela paz e
pela felicidade, senão
seria um Umbral e não um
Reino de Deus.
Tudo isto é muito
confuso para nós,
estamos envoltos em
sofrimento, mas temos o
reino de Deus em nosso
interior.
Com este mapa, a direção
que temos de tomar é
para dentro, pois para
fora é onde se encontra
o sofrimento.
É claro que não me
refiro para dentro do
corpo, pois duvido que
encontremos paz ou
felicidade nos órgãos do
corpo.
Nós não somos o corpo,
embora temporariamente
nos expressemos através
deste.
Aqui na Terra, se
tirarmos o corpo,
sobra-nos claramente a
parte psíquica ou
mental. É aqui que
nascem as doenças
psíquicas, os problemas,
as angústias, o egoísmo,
o orgulho, as opiniões,
o caráter, as paixões
etc. Mas aqui também se
dá a paz e a felicidade.
Tem de ser aqui, neste
campo mental, que também
é chamado de corpo
mental, por ser tão
complexo, que se dá o
caminho para o Reino de
Deus, para o nosso
interior.
Este campo mental
movimenta-se através das
emoções, sentimentos e
pensamentos, que criam
as paixões, os desejos e
as opiniões sobre os
outros, sobre a vida e
sobre nós, que se
transformam em nosso
caráter. Ele é tão
intenso que
desencarnamos e mantemos
a personagem que
vivíamos na Terra,
embora essa personagem
seja o caráter, o
pensamento, uma figura
completamente instável.
Pergunte-se a si próprio
se há cinco, 10 ou 15
anos era a pessoa que é
hoje?
A personalidade vai-se
alterando ao longo da
vida, não conseguimos
ver que ontem éramos uma
pessoa diferente, pelas
experiências e
pensamentos que tivemos,
modificamos
ligeiramente, mas, se
aumentarmos o tempo,
como por exemplo, um ano
ou cinco anos,
percebemos que somos
pessoas diferentes.
Personagens diferentes a
viver ao longo da vida
encarnada. O que não
muda é o nome. Esta
diferença, para muitos,
torna-se enorme depois
de entrarem num Centro
Espírita.
Nós temos ideia de que
somos sempre a mesma
pessoa que se vai
alterando. Essa ideia
está ancorada na ideia
de que somos este corpo,
mas a verdade é que, se
assim fosse, acabaríamos
com o corpo. Também não
somos o personagem, se
este se altera tanto ao
longo da vida, seu final
dá-se quando este acaba
numa nova reencarnação,
pois não nos lembramos
dos personagens das
reencarnações
anteriores.
A nossa alteração é tão
grande ao longo de uma
vida, em especial, se
for longa, que se
repartirmos de 10 em 10
anos, somos seres muito
diferentes.
Poderei dizer que já fui
de muitas formas
diferentes, já tive
diversos caracteres, o
que chamamos de Ego, mas
eu não sou esse Ego,
pois este “morre” de
reencarnação para
reencarnação e eu
permaneço.
A pergunta “que serei
eu?” é um questionamento
fantástico; já alguma
vez se fez essa mesma
pergunta?
A teoria aparece
rapidamente, sou um
espírito reencarnado
etc., etc., … e na
prática?
Se não somos o corpo, se
não somos o Ego, pois
ambos estão condenados e
continuaremos a existir,
o que somos nós?
Dificilmente esta
questão será respondida,
mas é de uma utilidade
enorme, pois causa o
desapego.
A maioria das lutas que
entramos, com os outros,
com a vida, causando um
enorme sofrimento, é por
desejarmos que a vida,
as coisas, sejam como
idealizamos mentalmente.
Esta idealização cria a
comparação entre o que
está a decorrer e o que
queremos, que cria o
conflito e o sofrimento.
Por isso, a resignação e
a indulgência são tão
importantes para a paz e
a felicidade.
Todo este conflito e
sofrimento acontecem
porque nos identificamos
com as ideias, com o
Ego, com um ser terreno
criado mentalmente, pelo
qual damos a vida e
subjugamos o espírito.
Dificilmente saberemos o
que somos enquanto
estamos encarnados, pois
a ilusão é muito forte e
faz-nos lutar com tudo e
com todos, mas o
desenvolvimento da ideia
de que não somos este
ego que se modifica
diariamente, leva-nos a
não sermos tão apegados
a uma forma de ser que
nos direciona ao
conflito e ao
sofrimento.
Transcendermos o Ego é
percebermos que somos
algo que já foi sujeito
a muitos Egos em
inúmeras reencarnações e
que esta figura ilusória
e temporária não merece
o nosso sofrimento na
Terra. Este desapego, a
esta figura, é a paz e a
felicidade.
Experimente estar em
silêncio mental, apenas
sentindo o ambiente, sem
qualquer escolha ou
opinião e veja a paz que
nasce disso.
O mais fácil é no meio
da natureza.
Observando-a,
sentimo-nos próximos a
Deus e exercemos o nosso
direito ao silêncio
mental e a paz e a
felicidade natural do
ser nascem.
Todos sentimos isto de
vez em quando, é a
indicação do caminho,
que de vez em quando
surge. Infelizmente,
acreditamos mais no
funcionamento do Ego e
apegamo-nos a este ser
terreno temporário e a
todos os seus conflitos,
que são formações
mentais.
Como o Mestre ensinou.
não podemos agradar a
Deus e a Mamon.
Bruno
Abreu reside em Lisboa,
Portugal.
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