Revelação
muito aguardada
A crença na vida após a
morte é muito antiga,
porém nem todos
entendiam como isso
seria possível, devido à
forte interferência
cultural da religião.
Acreditavam, desde o
início dos tempos, no
que os sacerdotes das
tribos diziam ou nas
antigas histórias dos
seus antepassados. A
religião tinha uma forte
influência no culto da
vida espiritual e nos
ritos de passagem entre
as gerações.
Existiam muitos médiuns
de berço que acabavam
tornando-se importantes
xamãs, pitonisas e
sacerdotes. Eram
responsáveis pelo culto
aos mortos, assim como
os rituais de
sepultamento e
preparação para a vida
além-túmulo.
Apesar de possuírem
algum conhecimento com
relação à vida após a
morte, não compreendiam
o fenômeno da
reencarnação. Com o
passar do tempo, alguns
povos passam a entender
que era possível os
mortos retornarem ao
mundo dos vivos.
Observamos isso na
Antiga Grécia nas
palavras de Platão,
quando em um dos seus
diálogos nos deixou:
“É certo que os vivos
nascem dos mortos e os
mortos tornam a nascer”.
“A alma, após se
‘desligar’ do corpo, não
morre como aquele, mas
vive e volta a viver em
outro corpo. Da mesma
forma que do feio vem o
belo, da justiça a
injustiça e assim com
tudo o mais, da morte
vem a vida e da vida a
morte. Um eterno ciclo,
no qual um dá origem ao
seu oposto”. 1
Pelas reflexões de
Platão, a ideia de vida
após a morte era uma
realidade, porém não
entendiam o mecanismo do
que hoje conhecemos como
reencarnação. Por falta
de um termo mais
apropriado, utilizaram a
expressão já conhecida
como metempsicose.
Eles não acreditavam
como os egípcios, que um
homem poderia retornar
como uma planta, embora
utilizassem esse termo
até que tempos depois
surgiu a expressão transmigração
da alma.
A vinda do Cristo
representou na visão
espírita a segunda
revelação da
espiritualidade no que
diz respeito à vida após
a morte e a
reencarnação. O
conhecimento era muito
avançado para algumas
mentes da época, para
isso o Cristo prometeu a
vinda de um Consolador
que explicaria melhor
aquilo que as pessoas
não conseguem
compreender. 2
Apesar do Cristo
conversar com homens
eruditos da época, era
necessária uma visão
mais holística da Boa
Nova. O Cristo deixou
ensinamentos para
libertar os homens das
aflições e padecimentos
físicos e morais
prometendo uma nova
oportunidade, quando
dizia que era necessário
nascer de novo ou
reencarnar! Em outras
palavras, acenava para
uma vida futura, onde
teríamos novas
oportunidades.
A ideia cristã na
unicidade da existência
e no juízo final, foi
defendida e propagada
pela Igreja, tanto
quanto alguns povos do
oriente que se
restringem a esclarecer
a população apenas das
verdades que atendessem
seus interesses. Temos
como bom exemplo o Modo
de Produção Asiático,
onde o governante era
visto como um deus.
Podemos ter ideia desse
controle das crenças,
quando tornava possível
a construção de grandes
obras públicas, como
palácios, mausoléus,
templos e pirâmides.
Todo esse conhecimento
era apenas de acesso a
uma minoria, reduzida
apenas a alguns membros
da nobreza e ao alto
clero.
O marco para o advento
da terceira revelação
ocorreu no século XVIII
com o surgimento do
Iluminismo e do
Enciclopedismo. Esse
movimento cultural de
grande abrangência,
modificou a mentalidade
da sociedade ocidental,
abrindo precedentes para
a aceitação de novas
ideias e novos conceitos
filosóficos, culturais
como a imortalidade da
alma e a reencarnação.
Allan Kardec, ao
organizar O Evangelho
Segundo o Espiritismo,
procurou nos oferecer
reflexões para melhor
compreender a ideia de
reencarnação:
“A reencarnação fazia
parte dos dogmas dos
judeus sob o nome de
ressurreição; só os
saduceus, que pensavam
que com a morte tudo se
acabava, não acreditavam
nela. As ideias dos
judeus sobre esse ponto,
assim como sobre muitos
outros, não estavam
claramente definidas
porque eles só possuíam
noções vagas e
incompletas sobre a alma
e sua ligação com o
corpo”. 3
O trabalho de Allan
Kardec consistiu em
fundamentar a crença da
reencarnação, revelando
para todos que desejarem
conhecer os aspectos
organizados por ele que
definem as normas e
diretrizes da Doutrina
Espírita.
Entre muitos
colaboradores e
pesquisadores que vão
legitimar as ideias
kardecistas, podemos
destacar Arthur Ignatius
Conan Doyle, escritor e
médico escocês, que se
interessou pelo
Espiritismo em 1887,
quando perdeu alguns
familiares e passou a se
dedicar e escrever sobre
o assunto. Em 1926
publicou o livro A
História do Espiritismo,
onde elabora uma
interessante reflexão
sobre manifestações
espontâneas para
despertar a atenção dos
encarnados sobre a
existência do mundo
espiritual.
Podemos destacar na
introdução, quando Conan
Doyle utilizando sua
visão de escritor e
romancista da época, diz
que o mundo espiritual
planejou uma invasão
organizada ao mundo
material. Enviou
diferentes missionários
e mensageiros para
sinalizar que algo de
ordem espiritual estava
prestes a acontecer.
Conan Doyle explica
dentro de uma visão
histórica que
personagens em
diferentes épocas vinham
sinalizando o advento de
uma revelação para a
Humanidade. Sendo que
Kardec teria o papel
fundamental de concluir
esse processo,
explicando melhor, e com
exemplos, a diferença
entre reencarnação e
ressurreição, assim como
a imortalidade da alma. 4
Quase dois mil anos se
passaram entre a Boa
Nova e o advento do
Espiritismo, que
conseguiu concluir
explicando, de forma
mais detalhada, aquilo
que o Cristo não teve
oportunidade de
exemplificar aos
seguidores na época. A
revelação, tão
aguardada, foi concluída
pelo Espírito da
Verdade.
Bibliografia:
1) Platão;
Fédon; 3 – A
Imortalidade da Alma: as
provas no Fédon (Cap.
2º ao 7º)
2) Kardec,
Allan; A Gênese;
Cap 1 – itens 10, 11 e
12 - Caráter da
revelação espírita; Ed.
FEB.
3) Kardec,
Allan; O Evangelho
Segundo o Espiritismo;
Cap. IV – it. 4:
Ressureição e
Reencarnação; Ed. FEB.
4) Conan
Doyle, Arthur Ignatius; A
História do Espiritismo;
it. 6 - A invasão
organizada; Ed.
Pensamento.
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