Natural de Belo Horizonte (MG), Geraldo
Conceição Coura (foto), desde 2002
radicado nos Estados Unidos, reside em
Kissimmee, Flórida (EUA). Bancário de carreira
como contador, é administrador/empresário. Nas
lides espíritas, vincula-se à Plenitude
Spiritist Society, de que é fundador, e é
também o atual presidente do Conselho da Spiritist
Federation of Florida. Nesta entrevista, ele
nos fala sobre sua atuação espírita no exterior
e sua vivência na prática mediúnica.
Como se tornou espírita?
Na minha singela concepção, quando estamos na
espiritualidade, antes de nascermos, temos total
entendimento da realidade espírita. No meu modo
de ver, nascemos espíritas naturalmente, pois
nossa religião é dos espíritos, mas quando
reencarnamos somos bombardeados com a cultura da
família, do país e das tradições da Terra. Eu
nasci espírita como todas as crianças. Por
motivos diversos nos desviamos ou somos
ajudados, por nossos pais, guias, amigos e
mentores a retornarmos à realidade universal.
Portanto eu não me tornei espírita e sim
retornei à realidade espírita.
Fale-nos sobre suas percepções mediúnicas desde
a infância.
Como não sou missionário, nasci médium.
Mediunidade cármica e consciente dos débitos do
passado e tirando o melhor proveito possível das
oportunidades de reconstruir o que destruímos e
de nos redimirmos com nossas vítimas. Vidência
desde o berço, audição e sendo atormentado o
tempo todo pelas minhas companhias espirituais
cobradoras. Se assim não fora, eu não teria
buscado socorro no Centro Espírita, pois às
vezes ficava possuído por um soldado alemão da
primeira guerra e falava alemão arcaico fluente.
Graças a Deus, no Centro em que iniciamos
reencontrei D. Erzgi Shouber e Antau Shober,
ambos húngaros, e ela, que vivera em Berlim,
falava fluentemente a língua e, como artista,
fazia shows para os oficiais nazistas e
até para Hitler, embora à noite ajudasse a fazer
passaportes e conduzir judeus para fora da
Alemanha. Foi ela quem doutrinou ou esclareceu o
nosso amigo.
O que você mais admira nos fundamentos do
Espiritismo?
O que mais admiro no Espiritismo, além de sua
lógica filosófica e cientifica, é como ele nos
conduz aos ensinamentos do Cristo de Deus, sem
dogmas e com a pureza original dos ensinos de
Jesus.
Estando no exterior já há duas décadas, que
bagagem principal você levou do movimento
espírita brasileiro?
Na verdade, sempre estive ligado aos Estados
Unidos, pois fui designado pelo Dr. Aloisio
Faria (Banco Real S/A) a montar a rede
Transamérica de Rádios FM e, devido a isso,
sempre vinha à América e minha maior tristeza
era não ter nenhuma informação de Casas
Espíritas aqui. Estou falando do início dos anos
1970. Minha maior alegria hoje é termos um
movimento rico e próspero. Já temos a USSF
(United States Spirits Federation) e outras
Federações Estaduais. Na verdade, não tenho
mérito nenhum quanto ao progresso que está
acontecendo. Simplesmente, quando me mudei para
cá definitivamente em 2002, encontrei outra
realidade e as Federativas em plena atividade.
Providenciamos a vinda do nosso querido
professor Cesar Reis e o apresentei ao meu amigo
Marcelo Neto, que estava sendo eleito presidente
da Spiritist Federation of Florida e
com isso a parceria com a FEB e Divaldo Franco.
Como fora da caridade não há salvação, e a
realidade daqui é bem diferente, fundar casas
espíritas sem uma obra de caridade que funciona
como terapia aos que chegam à casa sem
equilíbrio, trouxemos a experiencia das
caravanas de visitas fraternas que sempre
fizemos no Brasil, desde 1963, quando fizemos a
primeira visita fraterna ao Hospital de Câncer
Infantil em Belo Horizonte (MG) e mais tarde aos
leprosários de Belo Horizonte, Rio de Janeiro
(RJ), São Paulo (SP) e São Luís (MA). Então,
hoje temos aqui a Caravan of Love Foundation fazendo
trabalhos incríveis com os Homeless (Moradores
de Rua) e visitas a asilos e hospitais com
nossos artistas e músicos. Já existe Caravan
of Love em Miami, Orlando, Tampa, Fort
Myers, Nova York, Frankfurt (Alemanha).
Como você avalia o movimento espírita nos
Estados Unidos?
Temos hoje aqui um movimento muito bom e
consistente. A parceria da FEB com a nossa
Federação da Flórida gerou a EDICEI América e
FEB Publisher, com todas as obras da FEB sendo
publicadas na América e traduzidas para diversos
idiomas. O mesmo acontece com as obras de
Divaldo Franco, graças à LEAL Publisher, que vêm
sendo também traduzidas para vários idiomas.
Quanto a esse fato, a tradução do livro Pão
Nosso, de Emmanuel, foi um marco muito
importante. Aqui existe uma fundação
especializada em selecionar os melhores livros
cristãos do ano, premiando-os com medalhas de
ouro, prata e bronze (Illumination Books
Awards). E o livro concorreu com diversos outros
livros de cunho cristão e foi avaliado por uma
banca de analistas cristãos e, mesmo sendo uma
obra mediúnica espírita, ganhou a medalha de
bronze. E a obra do nosso querido irmão Dan
Assisi, da California, com sua monumental obra
"Our Road to Damascus”, com duas medalhas - ouro
e prata. Incrível!
De suas experiências mediúnicas, dentre as
várias que viveu, qual sobressai em sua memória?
Para mim a mais impressionante e única, pois
nunca mais se repetiu, foi quando, numa festa de
arrecadação de fundos que fazia em minha casa,
um dos nossos valiosos colaboradores
nos apresentou seu sócio, que não era espírita,
mas estava aqui conosco e muito entusiasmado.
Depois ele ligou para sua mãe, que mora no Rio,
e queria me apresentar. E então lhe disse: -
Mãe, este aqui é o Seu Geraldo de que lhe falei;
fale com ele. Quando eu peguei o telefone e a
vi, de repente eu via seu pulmão e seu rim,
ambos com tumores. Não me contive e disse a ela:
- A senhora sabe que tem tumores nos pulmões e
nos rins? Isso no meio de uma roda de pessoas
que ficaram estáticas esperando a reação dela,
e, antes que ela reagisse, seu filho
perguntou assustado: - Mãe, a senhora sabia
disso? Está me escondendo algo? E ela confirmou
que tinha recebido esse resultado e não tinha
ainda contado a ele. Depois ela me perguntou: -
O senhor acha que vou morrer? Eu respondi
dizendo que com certeza todos vamos, mas se a
Espiritualidade, num esforço incrível, nos fez
ver e ainda falou para ela buscar tratamento e
parar de fumar, era por haver esperança.
Infelizmente o meu amigo desfez a sociedade de
forma hostil e ficou inimigo de todos os amigos
do ex-sócio. Eu já havia visto órgãos internos
numa sala de passe, o que é normal, mas assim,
numa triangulação com o espirito que estava lá,
com ela me acessando e transmitindo tudo que ele
estava vendo, eu nunca tinha experimentado.
Como você vê a conexão existente entre
mediunidade e doutrina espírita?
Eu tenho notado que as pessoas chegam com a
mediunidade desabrochando e às vezes perdendo o
controle. Então orientamos os estudos e os
trabalhos de caridade, mas eu foco em como não
receber espírito, pois as pessoas não fazem
distinção de suas reações e atitudes que muitas
vezes são induzidas por influências externas,
típicas de quem não ora e nem exercita a
caridade e muito menos estuda. Estou notando a
quantidade de crianças que estão chegando com a
mediunidade de vidência exacerbada. O problema é
que aqui os médicos perguntam se a pessoa está
vendo ou ouvindo alguma coisa e, se os pais ou a
própria criança confirma, pronto, já dão
medicamentos e correm o risco de internação.
Isso nos mostra quanto trabalho ainda temos pela
frente. Só seremos felizes assumindo o controle
de nossas virtudes mediúnicas.
Que você diria das reais influências espirituais
sobre os encarnados, tanto da boa vibração,
quanto dos fluidos mais densos e equivocados com
outros propósitos fora da lei de fraternidade?
É a nossa salvação, pois se não houvesse tais
influências, boas ou más, ficaria muito mais
difícil nosso retorno à realidade espiritual. O
nosso Pai e o Mestre Jesus sabem muito bem como
nos fazer retornar ao seu aprisco. Só sofremos
quando dele nos distanciamos.
Como se iniciou a Plenitude Spiritist Society?
A nossa casinha se iniciou como muitas, em
cultos no lar que prosperam e, a exemplo de
Paulo de Tarso, se transformam em núcleos de
atividades redentoras. Plenitude Spiritist
Society - www.plenitudess.org -
não fugiu à regra. Teve seu início com 9 irmãos
em sintonia com a causa, Cristo e Kardec, e com
os nossos cultos. Hoje temos um time de
voluntários de mais de 65 pessoas e mais de
duzentos frequentadores. Temos estudos todos os
dias: via Zoom, segundas em inglês e presencial
o Estudo das Obras de Emmanuel; terças-feiras:
Obras Básicas; quartas-feiras, Estudo presencial
d’O Livro dos Médiuns e Atividades
mediúnicas. E quintas-feiras, via Zoom: A
Gênese e O Céu e o Inferno;
sextas-feiras e Domingos: reunião pública.
Atividades de coleta permanente de doações para
o Haiti junto a outros centros e fundações.
Participação na Caravan of Love, que tem
atividades aos sábados e domingos. Promovemos
eventos semestrais com oradores brasileiros
conhecidos aqui.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Quando estávamos nos decidindo se deveríamos
largar tudo no Brasil e reiniciar na América, já
com 59 anos de idade, vieram os questionamentos.
Será que perdera o juízo? Mas recebemos um
cartão certa vez, quando tivemos a mesma dúvida
ao pensar em largar o Rio de Janeiro e nos
mudarmos para São Luís (MA). Nele estava
escrito: Você está onde o Senhor quer que
esteja. Boom! Reli o mesmo e confiei!
Suas palavras finais.
A missão do Brasil na espiritualização do
planeta é muito importante, acreditem. O
desconhecimento da mediunidade leva muitos
irmãos nossos para internações e tratamentos
desnecessários nos países que não têm o mesmo
discernimento espiritual espontâneo, como no
Brasil. E a nos caberá sempre a missão de
espalhar essa mensagem de amor e fraternidade
que o Cristo nos ensinou! Lembremo-nos de que o
Brasil é o coração do mundo e como tal irrigará
o planeta com a pureza doutrinária do Cristo de
Deus! Desejamos a quem tiver acesso a estas
singelas palavras o mesmo que desejo para meus
filhos, netos e bisnetos – a Paz do Cristo e a
consciência tranquila do dever cumprido.
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