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por Bruno Abreu

 

O caminho do Reino de Deus


As pessoas que procuram a doutrina e se mantêm tempo suficiente, a determinada altura, começam a sentir mais paz e serenidade. Sua vida começa a ficar mais calma por olharem para esta de uma forma mais serena.

Não existem dúvidas, que este caminho em direção a serenidade é o caminho em direção  ao Reino de Deus, pelo menos na fase inicial.

Se já deu conta disto em si, alguma vez se perguntou por que está uma pessoa mais calma? O que foi buscar ao Centro Espírita para ficar mais sereno?

Nós ficamos mais calmos por abdicarmos ou desapegarmo-nos de funcionamentos turbulentos. Passamos a dar mais valor à paz do que a tendências interiores negativas.

Não ficamos mais calmos por perceber o funcionamento do mundo espiritual, este entendimento é muito útil, como ciência, para ajudarmos outros irmãos que sofrem de influências espirituais e prevenirmo-nos de que aconteça connosco. Mas mesmo esta ajuda é limitada, pois está à proporção do crescimento moral de cada um, incluindo de quem ajuda.

Como funciona o crescimento moral? Como funcionou o aumento de sua paz, através do Centro Espírita?

Procure compreender esta última questão e perceberá como funciona o crescimento moral.

Kardec fala em combatermos as nossas más tendências e Jesus em desapegarmo-nos dos desejos da vida. O Mestre chega ao pondo de dizer que nos temos de abandonar e segui-lo.

Esta última afirmação parece assustadora, como nos vamos abandonar?

Para o seguirmos temos de ter o corpo, logo o abandono é da parte psíquica, pois, num copo cheio nada mais cabe.

O nosso caráter, o nosso feitio, são as nossas tendências, desejos, hábitos, ou seja, formação psíquica. É daqui que nasce o orgulho, o egoísmo e todas as más tendências. Então, a afirmação de Kardec, não é diferente da afirmação de Jesus, apenas palavras diferentes.

O que fazemos no Centro Espírita, para além do aprendizado da parte científica, é incentivarmo-nos uns aos outros a abandonar as más tendências. Este aprendizado vem de uma forma racional e através desta torna-se mais fácil crescer a força para o desapego às más tendências.

Sem nos apercebermos, de forma inconsciente, vamos colocando em prática no dia a dia, por estarmos mais atento a estes problemas humanos que pertencem a orbe psíquica.

A nossa paz e serenidade nasce desta forma de estar nova que somos incentivados a manter em nós.

Outra das coisas que não damos conta é que nossa cabeça, nossa mente, passa a funcionar mais lentamente. Passamos ter uma perceção mais clara do que acontece e estar mais atentos ao que surge em nós. Damos mais valor a paz e procuramos, inconscientemente, uma forma mais serena de viver.

O Vigiai que o Mestre nos aconselhou, ainda em um nível superficial, por não ser consciente, mas já em funcionamento.

Kardec, que compilou a Doutrina Espírita, preocupou-se mais com a parte Cientifica, por ter consciência que na parte moral, o Evangelho de Cristo, é órgão máximo.

Temos dificuldade em atingir os ensinamentos de Cristo, por não serem palavras a decorar, mas uma indicação a um modo de vida manso, pacifico e cheio de amor.

Se analisarmos de forma correta o que acontece connosco, como resultado de frequentar o Centro Espírita, percebemos que passamos a ser seres mais calmo.

O esforço a que somos incentivados a ter em nós próprios, através dos Centros, de combater as más tendências, é o caminho moral do Evangelho.

Podemos perceber na prática, que ao travarmos as más tendências que nascem no pensamento, podemos permanecer na paz e na serenidade.

Tudo isto acontece dentro de nós, no que chamamos de psique. Esta Psique é onde acontecem os movimentos mentais, a construção do caráter através dos hábitos, desejos e vontades. Se considerarmos que somos o nosso caráter, esta personagem, no meu caso, o Bruno, pois na Doutrina Espírita sabemos que não somos o corpo físico, então somos esta parte do ser.

Logicamente, podemos perceber que o caráter também vai alterando ao longo da vida e que quando este está parado, quando a mente está em silencio, não deixamos de existir, logo, o caráter é uma construção terrena após o ser principal.

É das primeiras, pois a maioria deste se mantêm no inconsciente e nós agimos a partir deste centro, mas não deixa de ser uma formação mental, posterior ao ser que percebemos em silêncio.

Nós temos ideia de que o silêncio é um desejo do ser terreno, mas se o analisarmos profundamente, o verdadeiro silencio acontece por não existir qualquer movimento da mente.

Quando estamos em paz e em silencio mental, passamos para além do caráter, das formações mentais, podemos perceber que naquele segundo presente, somos puro amor e paz.

Se o Reino de Deus está dentro de nós, este é o caminho.

Todas as más tendências nascem através do pensamento, após o caráter ou Eu, o chamado de Ego pela Psicologia.

Ao termos consciência de que a Paz aparece naturalmente, pelo desapego dos impulsos mentais das más tendências, por deixarmos de ser escravos de um movimento mental que nos tem passado despercebido, passamos a dar mais força a este funcionamento da atenção. Sabemos o caminho do crescimento moral, sabemos onde aparecem as más tendências, percebemos o esforço da atenção que temos de empregar minuto a minuto, pois a desatenção é a queda do ser nas ilusões e problemas terrenos.

Vigiai e orai, este conselho do Mestre resume toda a ideia em duas sábias palavras.

Percebam de como e de onde nasce a vossa paz, quando a têm, e percebam de onde nasce a vossa tribulação e conflitos, quando os tem. Esta consciência vos levará a uma paz mais duradora e a felicidade, a estarem a caminho do Reino se Deus.

A paz e a felicidade aqui é a paz e a felicidade no mundo espiritual.        


O autor reside em Lisboa, Portugal.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita