O que temos de viver e o
crescimento espiritual
acontecem em nós
O Mestre Jesus diz-nos
que toda a maldade nasce
em nós, humanidade, e
que toda a bondade
existe em nós.
Quando vemos uma criança
nascer e em tenra idade,
não vemos maldade.
Podemos até ver birras,
mas não existe projeção
de maldade, por isso,
quando quiseram afastar
as crianças do Mestre,
este repreendeu, dizendo
para que as deixassem
passar até ele e que,
quem não fosse como
elas, não entraria no
Reino dos Céus.
Trazemos a bondade de
nossa natureza, como
filhos de Deus, e com o
passar da idade, vamos
acumulando uma forma de
ser e de estar que nos
leva à maldade.
A vida é violenta e vai
nascendo em nós formas
de estar de defesa
perante esta, que nos
levam a um pensamento de
isolamento e de
existência separada do
resto da humanidade.
Este pensamento, que se
torna numa forma de
estar, a que a
psicologia chama de Ego,
faz-nos ter tendências
mentais egoístas, nos
separando do resto da
humanidade.
Esta forma de
funcionamento mental,
que deturpa a nossa
visão da vida, faz com
que o rio dos
pensamentos que aparecem
em nós seja sempre a
favor deste Ego,
entidade fictícia
terrena, em vez de serem
a favor do todo.
Nossa forma de educação
e vida das sociedades do
nosso planeta, para além
de viver desta forma
autodestrutiva, educa
todas as gerações a
fazê-lo da mesma forma.
Pressionamos nossos
filhos a serem “alguém”
na vida, pois merecem o
melhor. Tem de conseguir
tudo o que é bom e
entrar em competição com
tudo e com todos,
incluindo a própria
vida.
Nossos filhos crescem e
tronam-se seguidores
cegos deste “deus”
Mamon, tal como nós. Até
na Espiritualidade
cultuamos esta forma de
ser, pois queremos nos
“safar” para um sítio
melhor, não queremos
ficar no umbral.
Tornamo-nos “boas”
pessoas, cheios de uma
individualidade
espiritual de
“categoria”.
Kardec afirma que sem
caridade não existe
salvação. É o mesmo que
dizer sem nos
habituarmos a viver para
o todo, para a
humanidade, não sairemos
da nossa prisão Egoica
que nos leva a um fluxo
hipnotizante de uma vida
com o único sentido do
retorno próprio.
Esta forma de estar,
este Mamon, é invisível
ao pensamento, por isso
não nos apercebemos da
direção que tomamos nem
da motivação das ações
que temos. Como Paulo de
Tarso nos diz, estamos a
dormir, entre os mortos
e por isso Cristo não
nos pode esclarecer. É
um hipnotismo redundante
que nos mantêm nesse
estado.
Este é o jogo na
reencarnação, acordar
deste hipnotismo, ou
como o Mestre disse,
conhecer a verdade que
nos tirará da ilusão.
A ideia do passado e do
futuro, ajuda a manter
esta ilusão de forma
muito cerrada.
O passado construiu
nosso caráter, nosso
Ego, sem ele, este não
existe, e a ideia do
futuro leva-nos em
direção a estas
construções, alimentando
esta forma de ser.
Tanto um como outro são
ilusões. Criamos e
mantemos a memória,
através da
forma-perceção, que é a
forma como nós
percebemos o que
aconteceu e é esta forma
como guardamos na
memória. Portanto, pode
ser muito diferente da
forma como outra pessoa
que passou pelo mesmo,
percebeu, fazendo com
que haja diferentes
histórias da mesma
situação. O outro, o
futuro, é mais fácil de
perceber que é uma
ilusão, sempre imaginada
com o que sabemos, ou
seja, a avaliação do
passado que projeta uma
ideia sobre o futuro.
O que realmente existe é
o presente. O passado é
um pensamento, uma
memória com base na
forma-perceção e o
futuro um outro
pensamento, uma
imaginação.
Mantermos o nosso ser
concentrado nestes dois
tempos fictícios, é
permanecermos em nossa
mente, hipnotizados pelo
funcionamento do
pensamento, que se torna
tão intenso que algumas
pessoas, vem toda a vida
através deste, raramente
vindo ao presente.
Para ter uma ideia sobre
este assunto, o ódio é
uma permanência numa
ação ou situação que
aconteceu no passado.
Logo, é um reviver do
passado,
obrigatoriamente,
através do pensamento,
que nos leva
constantemente aquela
emoção. Se eu não fosse
tão manipulado pelo
passado, pelo
pensamento, não sentiria
o ódio com a mesma
intensidade ou até, não
o sentiria.
A situação é antiga, mas
o pensamento traz para o
presente o funcionamento
emocional. Tal como o
medo, é uma emoção de
incerteza sobre uma
ideia de futuro que nos
assusta, que é um
pensamento vivido no
presente.
No pensamento tudo pode
aparecer. O arquivo da
memória, que serve para
as coisas úteis, como a
profissão, também serve
para as inúteis, como
ódio, raiva, orgulho,
egoísmo, todas as
perceções negativas e
autodestrutivas que
temos por alimentarmos e
cultuarmos o Ego, ou a
forma de viver
direcionada a uma
individualização.
Esta forma de viver é
tão forte que mesmo
quando temos boas ações,
desinteressadas, a favor
dos outros, como a
caridade, já fora de
tempo da realidade, como
por exemplo de volta a
casa, ouvimos em nossa
mente “hoje tive bem”. O
Orgulho a alimentar o
Ego, na secção de “sou
uma boa pessoa”. Qual a
necessidade desta frase
senão para polimento
Egoico? Jesus alerta-nos
para este perigo quando
nos diz, não saiba a tua
mão esquerda o que a
direita fez.
Viver no presente, é
viver em atenção ao que
está a acontecer. Isto
inclui o funcionamento
de nossa mente, o
pensamento automatizado.
Viver neste tempo,
oferta-nos a hipótese de
percebermos o que nasce
em nós, que nos pode
levar a tentação, a um
mau caminho.
Tudo na terra acontece
no presente, mesmo o
pensamento que tem por
base o passado, como a
lembrança de algo mau.
Este passa a ser
presente, através da
emoção que é gerada em
nós, embora seja um
presente mental que é um
caminho completamente
diferente do presente da
vida.
Toda a luta terrena, o
crescimento espiritual
ou evolução espiritual,
o bem e o mal, acontecem
dentro de nós, não
existe fora de nós. O
que parece estar fora de
nós é uma ilusão, está
dentro dos outros e
quando temos consciência
deste, passou a estar em
nós.
A evolução planetária, a
evolução do ser humano,
tudo está em nós, cada
um, tentando andar por
si próprio.
O caminho é feito no
presente, com atenção ou
vigia ao que nasce em
nós, com direção e
intenção da ação em prol
de todos.
Toda a luta para o
crescimento espiritual é
em nós, suportando as
más tendências, mantendo
o silêncio da
resignação, indulgência
e Fé, trabalhando e
sendo caridosos.
““Eu” sou o caminho a
verdade e a vida”, esta
é uma outra forma
verdadeira de ver o Eu
mencionado por Jesus.
Cada um de nós é o
caminho, a verdade e a
vida.
Bruno
Abreu reside em Lisboa,
Portugal.
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