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por José Lucas

Desculpe, Drª Graça Freitas!

 

A Drª Graça Freitas, médica, ex-Directora-Geral da Saúde durante a pandemia da COVID-19, deu
uma intervista ao jornal Expresso em 10 de Outubro de 2024  (https://bit.ly/4dKXZAD). Ficámos a saber que, paralelamente à pandemia e à sua função de coordenadora nacional, passou por três (3) cancros: da mama, do colo do útero e de pele. [Sobre o termo cancro, leia a nota colocada no final deste texto.]

Talvez não fosse necessário escrever mais nada, após o “lead” deste texto.

Todos conhecemos a Drª Graça Freitas, ela entrou-nos em casa, pela televisão, todos os dias, com informações acerca da pandemia da COVID-19, durante os dois anos que durou esta situação mundial, que causou cerca de 7 milhões de mortos.

Se por um lado a escutávamos, com a atenção de quem quer sobreviver, por outro lado ela foi odiada por muitos, malquerida por outros tantos, mal compreendida, julgada na mente de cada um, difamada, aplaudida, repudiada etc.

Tendo conhecimento desta entrevista, recententemente, no PODCAST do jornal Expresso, vemos que aquela mulher aparentemente “frágil”, que na TV dava orientações, conselhos, ordens, que muitas vezes despertavam em nós aversão, foi uma heroína.

Desvalorizámos, criticámos, achincalhámos e ridicularizámos a figura da Drª Graça Freitas, numa espécie de “vingança” (já que não nos podíamos vingar do vírus) contra a situação pandémica.

Com três (3) cancros, em tratamento contínuo, estar a trabalhar, coordenando a situação mais crítica vivida em Portugal em termos sanitários, é obra de uma pessoa muito grande por “dentro”, um exemplo do que é “ser pessoa”, um exemplo de grandeza moral e de cidadania.

Quando a maioria de nós, numa situação idêntica, ficaria de baixa, em casa… a Drª Graça Freitas foi trabalhar.

Quando a maioria de nós, numa situação idêntica, exigiria este mundo e o outro… a Drª Graça Freitas foi servir Portugal, servir os portugueses.

Quando a maioria de nós deixar-se-ia abater pela difícil situação de saúde… a Drª Graça Freitas foi um exemplo de superação, de generosidade, de serviço à Humanidade, nomeadamente em Portugal.

 

Graça Freitas tornou-se uma referência moral, com o seu exemplo, espírito de serviço ao próximo, grandeza de caráter, onde o “nós” se sobrepôs ao “eu”.

 

Penso que muitos de nós, portugueses, onde me incluo, temos o dever moral de agradecer à Drª Graça Freitas não só o seu trabalho como Directora-Geral da Saúde, a sua prestação, a sua coragem moral em dar a cara (quando outros, mais responsáveis, se ocultavam, receosos, nos seus calculismos políticos), como também o seu testemunho acerca das suas doenças que superou estoicamente.

Muitos de nós, onde nos incluímos, temos o dever moral de agradecer à Drª Graça Freitas o seu exemplo de serviço ao próximo, de dedicação, de humanismo e, simultaneamente, temos o dever moral de lhe dizer… desculpe, Drª Graça Freitas!

Desculpe, por termos pensado mal de si.

Desculpe, por a termos julgado, vezes sem fim.

Desculpe, por, na nossa pequenez espiritual não termos tido capacidade de ver a sua grandeza humana e espiritual.

Obrigado, Drª Graça Freitas, o mundo ficou e ficará melhor, decerto, após o seu testemunho radiofónico, no qual fica imortalizado o objectivo da nossa vida na Terra: servir o próximo e evoluir.


Nota da Redação
:

Cancro, nome que designa o tumor maligno formado pela multiplicação desordenada de células de um tecido ou de um órgão, é o mesmo que câncer ou carcinoma, como geralmente é conhecido no Brasil.


José Lucas reside em Óbidos, Portugal.
               

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita