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por Juan Carlos Orozco

 

Virtudes são conquistas do Espírito


Essa reflexão tem por base os esclarecimentos do Espírito Emmanuel, no livro O Consolador, psicografia de Francisco Cândido Xavier, na resposta à pergunta 253: “A virtude é concessão de Deus, ou é aquisição da criatura?”

Emmanuel ensina: “A dor, a luta e a experiência constituem uma oportunidade sagrada concedida por Deus às suas criaturas, em todos os tempos; todavia, a virtude é sempre sublime e imorredoura aquisição do Espírito nas estradas da vida, incorporada eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio.”

Com poucas palavras, Emmanuel esclarece em duas etapas: Deus concede sagrada oportunidade de aprendizado pela dor, pela luta e pela experiência; e virtude é aquisição do Espírito, conquistado mediante trabalho e esforço próprio, incorporando-a aos seus valores celestiais.

Virtudes adquirimos, principalmente, pelas provações e pelos aprendizados em pluralidade de existências, nas quais a dor, a luta e a experiência constituem oportunidades concedidas por Deus para o Espírito desenvolver atributos morais em seu processo evolutivo, acumulando-os como bens de progresso.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, na Introdução, a respeito da virtude ser graça de Deus ou conquista do Espírito, destaca-se: “O Espiritismo é mais explícito, dizendo que aquele que possui a virtude a adquiriu por seus esforços, em existências sucessivas, despojando-se pouco a pouco de suas imperfeições. A graça é a força que Deus faculta ao homem de boa vontade para se expungir do mal e praticar o bem.”

Nesse contexto, a graça de Deus é dada pela oportunidade de evoluir mediante provas para se livrar do mal e praticar o bem, cuja virtude é aquisição do Espírito, em existências sucessivas, para a bagagem da vida eterna, afastando as suas imperfeições.

Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, na Questão 893, a resposta ensina: “Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade.”

A ação de transformação moral do Espírito é com trabalho, esforço, perseverança e vigilância permanentes, a fim de corrigir o rumo no caminho do bem. Isso porque não há como melhorar moralmente sem sacrifícios ou renúncias.

As provações e as consequentes lições educativas, em pluralidade de existências, favorecem o desenvolvimento da capacidade de discernir entre o bem e o mal, para o Espírito fazer escolhas mais acertadas, pelo uso do livre-arbítrio, com a consciente adesão da vontade para libertar a alma e purificar o coração.

Essa educação do Espírito faz surgir os germes das virtudes, operadas no íntimo do ser, que auxiliam a reprimir os vícios, tornando-o melhor em decorrência da transformação moral.

Nesse sentido, León Denis, no livro O problema do ser, do destino e da dor, capítulo IX - Evolução e finalidade da alma, ensina: “Pouco a pouco a alma se eleva e, conforme vai subindo, nela se vai acumulando uma soma sempre crescente de saber e virtude; sente-se mais estreitamente ligada aos seus semelhantes; comunica mais intimamente com o seu meio social e planetário. Elevando-se cada vez mais, não tarda a ligar-se por laços pujantes às sociedades do espaço e depois ao Ser universal. Assim, a vida do ser consciente é uma vida de solidariedade e liberdade. Livre dentro dos limites que lhe assinalam as leis eternas, faz-se o arquiteto do seu destino. O seu adiantamento é obra sua.”

Ao conquistar virtudes, o Espírito Emmanuel, no livro Pensamento e vida, Capítulo 4 - Instrução, esclarece: “Pelo amor, que, acima de tudo, é serviço ao semelhante, a criatura se ilumina e aformoseia por dentro, emitindo em favor dos outros, o reflexo de suas virtudes; e pela sabedoria, que começa na aquisição do conhecimento, recolhe a influência dos vanguardeiros do progresso, que lhes comunicam os reflexos da própria grandeza, impelindo-a ao Alto. Através do amor valorizamo-nos para a vida. Através da sabedoria somos pela vida valorizados.”

Assim, a aquisição de virtudes é conquista do Espírito diante da graça divina pelas oportunidades concedidas de progresso mediante provações necessárias para a sua evolução moral e espiritual, cujos reflexos de suas virtudes praticadas para com os seus semelhantes, mediante obras edificantes, demonstram o seu grau de elevação.


Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 32ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.

EMMANUEL (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. O Consolador. 29ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

EMMANUEL (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. Pensamento e vida. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Da 3ª Edição francesa. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita