Em
apenas três trechos
A Doutrina
Espírita é essencialmente educativa. Seu objetivo é a
melhora moral de todos aqueles que se conectam ao seu
inesgotável conteúdo, sempre orientativo e luminoso.
Aliás, como indicou o próprio Codificador do
Espiritismo, Allan Kardec, no comentário acrescentado à
resposta da conhecida e sempre comentada questão 685-a
de O Livro dos Espíritos, referindo-se a
um elemento capaz de equilibrar as relações sociais e
seus desdobramentos nos diversos segmentos com suas
especificações próprias: “(...) Esse
elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a
educação moral. Não nos referimos, porém, à educação
moral pelos livros e sim à que consiste na arte de
formar os caracteres, à
que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto
dos hábitos adquiridos. (...)”
Vejamos que o detalhe está exatamente nessa formação de
caracteres morais, que incutem hábitos. Portanto, além
da transmissão de ensinos, o exercício alimentado, tanto
pelo educador, como pelo educando, transformando os
próprios hábitos. Exercício que demanda perseverança,
dedicação, esforço, do educador, mas, claro, também do
educando. A didática do educador, todavia, tem papel
fundamental nisso, pois vai funcionar como dínamo que
impulsiona, conquista, atrai, sensibiliza.
E como acima dissemos, aqui repetindo, que o Espiritismo
é de essência educativa, selecionamos três pequenos
trechos – entre tantos outros disponíveis – que bem
evidenciam esse aspecto:
1) Em O
Livro dos Espíritos – questão 924
Sem transcrever a
pergunta e resposta, coloco a essência da questão: O
homem deve resignar-se perante os males que o atingem e
suportá-los sem murmurar, se quiser progredir.
Sugiro ao leitor conferir a compacta pergunta e também
compacta resposta, pois acima adaptei às minhas palavras
para expressar o pensamento contido. Note-se, todavia,
que esse resignar-se e sem murmurar,
são exercícios educativos. Uma vez assimilados
devidamente, pela contínua prática, torna-se um hábito
que se incorpora ao comportamento: não reclamar.
2) Ainda
em O Livro dos Espíritos – questão 988
Na resposta dos Espíritos à indagação de Kardec sobre
pessoas com vida calma, sem turbulências, após
considerações importantes sobre escolha das provas,
informam os benfeitores: “(...) O Espírito não pode
adquirir conhecimentos e se elevar senão pela atividade;
se adormece na negligência, não avança. (...)”. Essa
informação é posterior a outra igualmente marcante sobre
a escolha de existências quase sem provas: “(...)
percebem que ela não lhes serviu ao progresso e, então,
como o preguiçoso, lamentam o tempo perdido. (...)”.
Uma vez mais vejamos o caráter educativo nos ensinos dos
Espíritos: adquirir conhecimentos e elevar-se pela
atividade; permanecendo na negligência, não avançamos.
Essa atividade, pelo raciocínio ou pelo
cultivo de virtudes e ações humanitárias e o não
avançar com a negligência – ou seja, descaso com
o que nos faz amadurecer intelecto-moralmente. Também
exercícios educativos.
3) Em O
Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. V – item 226
– último parágrafo, em texto assinado por Um Anjo
Guardião:
“(...) Vós, porém, que vos retirais do mundo, para lhe
evitar as seduções e viver no insulamento, que utilidade
tendes na Terra? Onde a vossa coragem nas provações, uma
vez que fugis à luta e desertais do combate? Se quereis
um cilício, aplicai-o às vossas almas e não aos vossos
corpos; mortificai o vosso Espírito e não a vossa carne;
fustigai o vosso orgulho, recebei sem murmurar as
humilhações; flagiciai o vosso amor-próprio; enrijai-vos
contra a dor da injúria e da calúnia, mais pungente do
que a dor física. Aí tendes o verdadeiro cilício cujas
feridas vos serão contadas, porque atestarão a vossa
coragem e a vossa submissão à vontade de Deus.”
Sugiro ao leitor reler a pequena transcrição para aí
encontrar os esforços na direção da autoeducação. Talvez
seja até interessante buscar o significado da palavra cilício,
ali em negrito: túnica, cinto ou cordão de crina, que
se traz sobre a pele para mortificação ou penitência,
costume presente nos hábitos mais antigos.
Veja que a indicação e sugestão do Espírito é educativa,
direcionando os esforços para a alma, não para flagelo
do corpo. Esses esforços para endireitar a alma é
o papel da educação. Note-se que a aplicação desse
esforço é na direção do perdão, da humildade, do
altruísmo, do desprendimento e do desapego, da
aceitação, da resignação, entre outras virtudes,
educando a alma para a melhora de si mesmo,
libertando-se das mazelas que ainda nos aprisionam.
São apenas três citações das inumeráveis constantes da
Codificação Espírita, inesgotável em seus predicados
educativos.
Estudar, pesquisar, refletir, abrem caminhos
extraordinários para o espírito. Despindo-nos do orgulho
que ainda nos caracteriza teremos êxito na empreitada.
Mãos à obra.