Mente sadia

"E aconteceu que, estando Jesus à mesa, numa casa, eis que vindo muitos publicanos e pecadores, se assentaram a comer com ele e com seus discípulos. E vendo isso, os fariseus diziam aos seus discípulos: Por que come o vosso mestre com os publicanos e pecadores? Mas, ouvindo-os, Jesus disse: os sãos não têm necessidade de médico, mas sim, os enfermos...” - Jesus (Mateus, cap. IX; v.10-12.)

Quanto mais estudamos e observamos, vemos a enfermidade nas almas grassando. Está faltando o amor, a doçura, a gentileza. Está sendo necessário Jesus. As pessoas estão adoecendo, com problemas emocionais e físicos.

A procura dos médicos, nas unidades de saúde, não tem fim. Muita farmácia também. Nada contra. É trabalho digno e respeitável, mas estamos vendo uma farmácia em cada esquina. Denota a grande necessidade de busca por remédios. Enfermidades.

Nesse sentido, vemos no Evangelho Segundo o Espiritismo uma lição, das muitas que há lá, preciosa. Trata-se da mensagem de Vianney, o Cura de Ars, em Paris, 1863, completamente atual. Ali, no capítulo VIII, no trecho intitulado Bem- Aventurados os que têm os olhos fechados, diz ele:

Nas vossas aflições, voltai sempre os vossos olhos para o céu e dizei, do fundo do vosso coração: “Meu Pai, curai-me, mas fazei que minha alma doente seja curada antes das enfermidades do corpo; que minha carne seja castigada, se necessário, para que minha alma se eleve para vós com a brancura que possuía quando a criastes.“ Após essa prece, meus amigos, que o bom Deus sempre ouvirá, a força e a coragem vos serão dadas, e talvez também a cura que temerosamente pedistes, como recompensa da vossa abnegação.

No livro Fonte Viva, psicografado por Chico Xavier, de Emmanuel, esse introduz a mensagem ”Estás Doente?”, com Tiago, cap. 5, v.15 dizendo: “E a oração da fé salvará o doente e o Senhor o levantará.”

Ali, diz Emmanuel que o comprimido ajuda, a injeção melhora, entretanto nunca esqueçamos que os verdadeiros males procedem do coração, ou seja, da alma, que é o Espírito encarnado.

Continua ele dizendo que a mente é fonte criadora e que a vida, pouco a pouco, plasma em torno de nossos passos aquilo que desejamos.

De que vale a medicação exterior se prosseguirmos tristes, acabrunhados ou insubmissos?

Comenta ele ainda que, em outras vezes, pedimos o socorro de médicos humanos ou de benfeitores espirituais, mas que, ao surgirem as primeiras melhoras, abandonamos o remédio ou o conselho salutar e voltamos aos mesmos abusos que nos conduziram à enfermidade.

Como regenerar a saúde se perdemos longas horas na posição da cólera ou do desânimo?

Precisamos manter-nos vigilantes, em oração e no trabalho do bem, tendo bom ânimo para prosseguir na marcha, na certeza de que as dificuldades ou dores a serem enfrentadas na jornada são degraus da subida evolutiva.

Há uma semana tivemos a oportunidade de conversar com uma sábia senhora idosa, com 79 anos. Ela tem um problema cardíaco grave, já tendo sido internada algumas vezes com agravações. Conhece a fundo a Bíblia, tanto o Velho quanto o Novo Testamento. Enquanto conversávamos, fazia citações de algumas passagens que ela naturalmente recolhia para engrandecer o nosso diálogo.

Ela iniciou a conversa conosco, dizendo assim: Estive em revisão com o meu cardiologista. Ele disse que o coração não tem mais jeito. Não dá para fazer mais nada, estou tomando todas as possíveis medicações na dose máxima. Não dá para fazer cirurgia e nem colocar marca passo. Ele me disse que se eu me sentir mal é para correr ao UPA para me internarem ou ir direto até ele, para me internar.

Estava tão serena, mencionando uma quase sentença de morte, que nós nos referimos a isso. Ela continuou: Já vivi bons longos anos. Só peço a Deus que não me deixe numa cama. Estou tranquila. Passei minha vida com a consciência reta, com fé em Deus e com muita oração. Na hora que ele me quiser levar, estou pronta!

Então, nós nos lembramos de nosso querido Jerônimo Mendonça, em cujo mês de novembro vindouro, fará 35 anos de sua desencarnação. Os amigos de Ituiutaba-MG, sua terra natal, estão verificando no Brasil e colocando em vídeos de 2 a 3 minutos os trabalhos que levam o nome de Jerônimo Mendonça, em homenagem a ele. No Brasil todo há trabalhos com o nome do Jerônimo, o conhecido Gigante Deitado, cego, com seus óculos escuros, paralisado em seu leito, fazendo palestras em todo o Brasil e com inúmeros trabalhos de caridade em Ituiutaba.

Contamos sobre ele à nossa irmã que nos relatava o veredito do cardiologista. Ele passou por uma situação parecida. Tendo voltado de palestras em São Paulo, passaram por Campinas e lá ele fez um check-up cardiológico, recebendo, ao final, um veredito severo sobre o seu coração.

No caminho de volta, entraram em Uberaba e foram ao Centro Espírita da Prece, de Chico Xavier. Lá ele perguntou ao Jerônimo como ele estava, ao que o Jerônimo respondeu que nada bem, pois os médicos lhe disseram que seu coração estava por um fio.

Chico Xavier lhe deu uma resposta magistral, que serve para todos nós: “Meu filho, nós não sabemos se esse fio é de algodão, de nylon ou de aço! Continue trabalhando”.

Ele continuou e seu coração aguentou mais um ano.

Essa história encontra-se, como muitas outras, no livro “O Gigante Deitado”.

A senhorinha de 79 anos riu muito com a história. É, disse ela, só Deus sabe verdadeiramente a hora certa.  Vamos continuar firmes, sem preocupar, com fé em Deus e seguindo exemplificando a resignação.

Essa senhora já está curada em espírito. A hora da despedida da Terra vai encontrá-la em paz. É isso o que desejamos para nós todos. Paz na hora de partir. Mente sã, embora o corpo nem sempre assim esteja.