Espiritismo
para crianças

por Marcela Prada

 

Tema: Aprendizado; reforma íntima

 

O papagaio Paco

 

Paco era um papagaio jovem e alegre que gostava muito de conversar. Ele
voava pela floresta, sempre puxando conversa com todo mundo.

Ele conhecia muita gente, porém, na verdade, tinha poucos amigos. Isso porque suas conversas eram sempre para falar de alguém e geralmente para falar mal. Ele adorava contar alguma fofoca, algum escândalo, ou algo ruim que tivesse acontecido. Para ele, era mais importante o fato do que a pessoa. Contanto que servisse para ele rir ou chamar a atenção com aquela história, Paco não se importava em contar.

Por isso, muitos bichos não gostavam de ouvir as conversas do Paco e também evitavam contar algumas coisas pra ele, porque sabiam que ele não ia guardar segredo. Nem respeito.

Sua grande amiga era a maritaca. Ela era do jeitinho dele. Eles se falavam praticamente todos os dias, contavam as novidades e davam muitas risadas juntos.

Um dia a maritaca contou para Paco que os filhotes da dona coruja tinham nascido e que a coruja estava muito feliz, apesar de atarefada. Se tivesse ficado por aí a conversa, estaria ótimo, mas a maritaca começou a comentar sobre a aparência dos filhotes, fazendo comparações com coisas feias, só para parecer engraçado e os dois darem risadas.

Certamente, ela e Paco tinham-se esquecido de que os filhotes das suas espécies também nascem sem penas e com o corpo desajeitado. Mas isso não importava para eles, já que queriam mesmo era falar das corujinhas.

Paco ficou curioso para ver de perto aqueles filhotes e conferir se eram mesmo tão feios como dizia a maritaca. Então, ele foi até a árvore onde morava a coruja e, fingindo educação, cumprimentou- a, desejando felicidades e saúde para toda a família.

Dona coruja agradeceu, mas como era esperta e conhecia bem o papagaio, ficou na frente de seus filhotes, sem deixar que Paco pudesse vê-los.

O papagaio bem que tentou, enrolou a conversa, puxou assunto para ficar por ali mais um pouco, mas não adiantou. Dona coruja era mesmo cuidadosa e Paco acabou tendo que ir embora sem conseguir ver os filhotes. Mas isso só serviu para deixá-lo ainda mais curioso.

Por isso, Paco não desistiu. Ficou esperando uma chance e, quando dona coruja precisou sair para buscar comida, o papagaio voou rápido em direção ao ninho dela. Acontece que dona coruja percebeu e voltou depressa. Paco se assustou ao vê-la voando em sua direção. Tentou mudar de direção, bruscamente, mas se atrapalhou. Acabou batendo a cabeça numa árvore e caindo no chão.

O impacto foi tão forte que Paco ficou desacordado por alguns minutos. Quando acordou, viu dona coruja e outros animais ao seu lado.

Ele não estava acostumado com amigos solidários. Ele não entendeu que estavam realmente preocupados, querendo ajudá-lo.

Pensando que poderiam rir dele, ele se levantou assim que pôde, dispensou ajuda e foi para casa, ainda meio tonto.

No dia seguinte, Paco acordou com dores pelo corpo todo. Sua cabeça estava ferida. Ele resolveu nem sair. Ficou ali mesmo, encolhido, triste, bem diferente do papagaio alegre e barulhento que ele era.

De repente, veio chegando em silêncio dona coruja. Ela pousou ao lado dele e disse atenciosamente.

- Olá, Paco! Você está bem? Como passou? Está precisando de alguma coisa? Eu trouxe um pouco de alimento para você poder ficar aqui e descansar. Não é muito porque ando bastante atarefada agora, mas espero que ajude.

Paco ficou comovido com o gesto da coruja. Agradeceu muito e desejou um bom dia para ela e os filhotes.

Dona coruja contou para alguns amigos o que tinha acontecido e pediu a colaboração deles. Todos ajudaram, cada um, um pouco, conforme podiam, e com isso, o papagaio conseguiu descansar por alguns dias até se recuperar e conseguir voar com segurança novamente.

Quando melhorou, Paco saiu pela floresta para agradecer aos animais que o tinham ajudado.

Foi então, que ele encontrou a maritaca.

- Nossa, até que enfim! Estava tão dura assim aquela árvore? - perguntou ela rindo.

- Pois é! - respondeu Paco, em tom sério.

Ele sabia que a maritaca estava mais preocupada em ouvir uma boa história do que com ele. Paco percebeu a diferença entre o comportamento da maritaca e o da coruja. Uma, que era sua amiga, além de não visitá-lo, nem ajudá-lo, ainda zombava do seu acidente. A outra, mesmo preocupada em preservar seus filhotes, agiu com bondade, quando ele mais precisou.

Paco foi embora, foi ao encontro de dona coruja e, ao encontrá-la, ele lhe agradeceu por tudo, ofereceu-se para ajudá-la em alguma coisa e elogiou seus filhotes, dizendo que eram grandes e saudáveis.

Depois que tudo passou, ele voltou a ser o papagaio alegre e conversador de sempre, porém suas conversas agora eram para contar coisas boas, fazer elogios ou avisar sobre algo ruim que tivesse acontecido, mas não para dar risada, mas, sim, para poder ajudar.

A maritaca passou a não achá-lo mais tão divertido e se afastou dele. Ele, então, encontrou novos e verdadeiros amigos.

E foi assim que Paco se modificou. A vida lhe trouxe uma experiência difícil, mas ele soube aproveitar suas lições e sair dela muito melhor.

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita