Se tiveres amor
Se tiveres amor, caminharás no mundo como alguém que
transformou o próprio coração em chama divina a dissipar
as trevas…
Encontrarás nos caluniadores almas invigilantes que a
peçonha do mal entenebreceu, e relevarás toda ofensa com
que te martirizem as horas…
Surpreenderás nos maldizentes criaturas desprevenidas
que o veneno da crueldade enlouqueceu, e desculparás
toda injúria com que te deprimam as esperanças…
Observarás no onzenário a vítima da ambição desregrada,
acariciando a ignomínia da usura em que atormenta a si
próprio, e no viciado o irmão que caiu voluntariamente
na poça de fel em que arruína a si mesmo…
Reconhecerás a ignorância em toda manifestação contrária
à justiça e descobrirás a miséria por fruto dessa mesma
ignorância em toda parte onde o sofrimento plasma o
cárcere da delinquência, o deserto do desespero, o
inferno da revolta ou o pântano da preguiça…
Se tiveres amor saberás, assim, cultivar o bem, a cada
instante, para vencer o mal a cada hora…
E perceberás, então, como o Cristo fustigado na cruz,
que os teus mais acirrados perseguidores são apenas
crianças de curto entendimento e de sensibilidade
enfermiça, que é preciso compreender e ajudar, perdoar e
servir sempre, para que a glória do amor puro, ainda
mesmo nos suplícios da morte, nos erga o Espírito
imperecível à bênção da vida eterna.
Do livro Religião dos Espíritos, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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