Desconhecimento da
verdade espiritual
Em diversos momentos da
História da Humanidade,
a classe dominante vai
se apoderar do
conhecimento, escondendo
ensinamentos da
população em geral. Essa
omissão não vai apenas
frear o acesso ao
conhecimento científico
e religioso, mas impedir
que boa parte da
população tenha o
direito de pensar de
forma diferente ou fazer
suas escolhas.
Vários povos do Oriente,
durante a Antiguidade,
utilizavam uma forma de
governo conhecida como
Modo de Produção
Asiático, onde o
governante era visto
como um deus. A classe
dos sacerdotes fazia a
manutenção dessa crença,
para os camponeses
trabalharem nas obras
públicas, construindo
templos e palácios ou
produzindo alimento para
o governante. O caso
mais clássico era o do
Antigo Egito, onde o
Faraó era visto como um
deus ou filho dos
deuses.
Durante a Alta e Baixa
Idade Média, a Igreja
controlava a cultura na
Europa, cabendo à
Cristandade determinar a
noção de certo e errado.
A coisa chegou a tal
ponto, que no século XIV
e XV, foi difundida a
ideia de que a visão
bíblica do Apocalipse de
João Evangelista estava
acontecendo na Europa,
quando a peste, a fome,
a guerra e os incêndios,
passaram acontecer numa
boa parte da Europa
Ocidental.
A visão religiosa dos
quatro cavaleiros do
Apocalipse era vista por
boa parte da população
como um castigo de Deus
aos pecados cometidos
pela Humanidade. Apenas
poucas pessoas tinham
alcance de compreensão
que um conjunto de
fatores sociais e
políticos estava
produzindo catástrofes
quase ao mesmo tempo,
porém era explicado pela
Cristandade de forma
religiosa como o
final dos tempos
bíblicos.
No século XVI, mais uma
vez a Igreja vai se opor
a divulgação de um
conhecimento que possa
questionar a verdade
defendida pela
Cristandade, como a
Teoria Geocêntrica,
aceita desde a
Antiguidade, elaborada
pelo sábio Ptolomeu. A
Igreja Católica defendia
esse pensamento por
estar de acordo com os
textos bíblicos que
colocavam o homem como
figura central da
criação divina. Estando
o homem na Terra,
portanto, teria que
estar no centro do
Universo.
Giordano Bruno e Galileu
Galilei, estudiosos,
matemáticos e
astrônomos, com base nas
observações astronômicas
e cálculos matemáticos,
afirmavam que a Terra
não ficava no centro do
Universo. Eles diziam
que o Universo era
infinito e defendiam a
Teoria Heliocêntrica, em
que o Sol ficava no
centro do sistema solar
e os planetas já
conhecidos na época,
como a Terra, giravam em
seu redor em órbitas
diferentes e as estrelas
não estavam fixas no
firmamento.
Essa teoria poderia
enfraquecer a autoridade
religiosa da Igreja, num
período de grande
mudança na Idade
Moderna, como a expansão
marítima e o surgimento
do Protestantismo. Não
era apenas uma mudança
de ponto de vista,
poderia enfraquecer a
autoridade do Papa e os
dogmas defendidos pela
Igreja, independente de
serem coerentes
cientificamente ou não.
Dessa forma o Tribunal
da Inquisição procurava
reprimir as teorias
diferentes, acusadas de
heresias contra a
Cristandade, enquanto o
verdadeiro objetivo era
impedir o acesso das
pessoas comuns às
verdades históricas,
para garantir a
manutenção no poder das
antigas classes da
nobreza e do alto clero.
Curiosamente essa
política se arrastou
durante muito tempo, até
que no final da Idade
Moderna quando a
sociedade europeia
estava mais interessada
nas conquistas marítimas
e nas riquezas das
regiões coloniais,
desvia sua atenção do
cenário político
europeu, abrindo
oportunidades para
mudanças.
Após a morte de Luiz
XIV na França em 1715,
surgiu um movimento
cultural liderado por
pensadores e homens
muito eruditos para a
época, que ficou
conhecido na História da
Humanidade como
Iluminismo e
Enciclopedismo. Esse
acontecimento
representou uma grande
cisão entre o mundo
feudal e a sociedade
moderna, principalmente
com a decadência do
absolutismo real.
A combinação desses
acontecimentos
representou uma profunda
mudança cultural na
sociedade europeia, onde
novas ideias passaram a
ser difundidas, não se
aceitando mais a
ultrapassada explicação
medieval das
interpretações das
Santas Escrituras. Os
pensadores no século
XVIII, conhecido como
século das luzes,
passaram a exigir uma
comprovação científica,
até para os fenômenos da
natureza.
Essa mudança de postura
dos nobres em relação às
ciências e à Igreja,
promove uma grande
guinada no conhecimento
da Humanidade Ocidental,
contribuindo para a
derrubada do Antigo
Regime ou do Absolutismo
Real e promovendo a
Revolução Francesa. O
mundo não voltaria a ser
mais o mesmo.
O cenário cultural e
político da Europa, na
primeira metade do
século XIX, permitiu o
surgimento de novas
correntes de pensamento,
abrindo espaço para que
novas ideias fossem
difundidas e aceitas.
Essa foi a oportunidade
que a espiritualidade
precisava para promover
fenômenos mediúnicos,
que viessem a chamar
atenção da população, em
particular as Irmãs Fox
em 1848 na cidade de
Hydesville, no estado de
Nova Iorque,
Na segunda metade do
século XIX, os irmãos
Davenport, uma dupla de
médiuns norte-americanos
de efeitos físicos, que
se destacaram por terem
criado o chamado
"Gabinete Mediúnico",
onde realizavam
materializações em
público, atraindo
centenas de pessoas às
casas de espetáculo da
época. Realizavam
fenômenos sobrenaturais
chamando atenção das
pessoas, como os
acontecimentos de
Hydesville.
A esses acontecimentos
foi acrescido os
fenômenos das Mesas
Girantes que passaram a
atrair multidões aos
Salões em Paris. Esse
foi o acontecimento
culminante para que o
professor Hippolyte Léon
Denizard Rivail tivesse
contato com o fenômeno
mediúnico.
Passou a estudá-lo de
forma séria e
científica, iniciando
uma pesquisa detalhada
que levou ao lançamento
em 18 de abril de 1857
da 1a edição
de O Livro dos
Espíritos, sob o
pseudônimo de Allan
Kardec, que fora uma
antiga reencarnação sua
como druida na Gália.
Ele procurou explicar de
forma simples e
detalhada o conhecimento
da Vida Futura, que a
Boa Nova trazida pelo
Cristo não tinha sido
compreendida na sua
essência. O Espiritismo
era o Consolador
Prometido por Jesus.
Toda essa trajetória de
séculos foi necessária
para que o conhecimento
passasse a ser oferecido
a todos aqueles que o
desejassem.
Bibliografia:
1) Xavier,
Francisco Cândido;
Emmanuel; A Caminho
da Luz (1938); FEB.
2) Biblioteca
Época; Allan Kardec
(Personagens que
marcaram época); Ed.
Globo.
3) Wikipédia
(A enciclopédia livre).
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