Apreço pelo idioma
Para mim poderoso é aquele que descobre as
insignificâncias (do mundo e as nossas). Manoel
de Barros
Gosto de escrever. Na infância, desenhava e fazia
versinhos, um bem querer pela palavra, um carinho
profundo pelo idioma, o português, a “última flor do
Lácio, inculta e bela”, segundo explicou o poeta Olavo
Bilac.
Insisto com os pais: incentivem o amor pela língua,
estimulem o falar correto, o respeito pelas regras e a
evitação do mau uso das palavras e a comunicação
violenta…
O modo como falamos, escrevemos, ou seja, nos
comunicamos, muito influencia, marca, define a forma
como convivemos, nutrimos vínculos e encontros e
desencontros…
Desde cedo incentive seu filho ou sua filha a ler,
escrever, criar versos soltos ou brincar de fazer rimas,
tecer histórias, criar poesia. A arte nos salva quando
estamos tristes e fortalece nosso humor e criatividade
quando estamos nos dias bons.
Ninguém precisa tornar-se um Manoel de Barros para
apreciar o português ou o bom hábito de cortejar as
palavras, as regras de gramática, o sentido do português
que encanta …
Escrever e falar de modo decente, rico, coerente,
polido, ajudam o ser humano a bem conviver - e em casa,
no trabalho, na pracinha, no parque, na festa da
vizinha, no mundo da vida. Ganhamos todos!
Vou deixar aqui uns escritinhos que fiz e relacionados à
minha infância… Abraços, meus queridos!
Picada de marimbondo
Sob o zumbido das abelhas,
depois de xeretar o roseiral,
subi na goiabeira.
Avistei o maracujá abundado em flor
mas distraída para o inseto ardido.
Naquela tarde, a picada do marimbondo
me ensinou a sofrer sem vergonha.
Doce de goiaba
Minha mãe apurava o doce no tacho,
o fogo aceso junto do tanque para não ter emergência nem
perigo.
A gente almoçava as goiabas brancas,
embora fossem as vermelhas as preferidas.
No pomar, brincar de casinha
e pega-pega,
o dia grande escurecendo.
Manhã de meninazinha
Na sala, em frente à janela,
pintar ou brincar de casinha?
Almoçar arroz, tomate e feijão bolinha,
balançar na rede ouvindo histórias
de saci e bruxa muito malvada,
o futuro, ainda longe, aguardando
na outra porta.
Herança
Com minha mãe aprendi a ser forte,
apurar doce e ser honesta.
Com minha avó, a mãe dela,
fiz o laço com as rosas e a Virgem Maria.