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por Flávio Bastos do Nascimento

 

Não passarão


No capítulo 24, versículo 35 das anotações do evangelista Mateus, nos deparamos com a assertiva do Cristo: “Céus e terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.”

É o coroamento de profecias que Jesus acabara de fazer aos Apóstolos, com relação ao “fim dos tempos”.

E são exatamente estes os dias em que estamos vivendo no planeta Terra, dias de mudanças contínuas e aceleradas, o período da tão aguardada transformação, a grande transição planetária (estamos em trânsito, a caminho de nos mudarmos de patamar: de um mundo de expiações e de provas, para um mundo regenerador).

Os discípulos, tão logo o Mestre saíra do Templo mandado reconstruir em linhas helenísticas por Herodes, em Jerusalém (o 1º, o de Salomão, foi destruído quando da invasão dos antigos babilônios, a mando de Nabucodonosor II), dele se acercam, pressurosos, maravilhados ante a imponência da arquitetura majestosa.

O sublime Pastor, como sempre, aproveita a ocasião para ensinar-lhes e a todos nós acerca da transitoriedade das conquistas humanas, efêmeras como nós também o somos.

Assim como não restou pedra sobre pedra do antigo e imponente templo, destruído pelas tropas romanas em 70 d.C., a mando do general romano Tito, futuro imperador, filho de Vespasiano (aquele que ordenou a construção do Coliseu romano), fundadores da dinastia Flaviana, no momento atual acontece a grande reforma da sociedade terráquea, o que envolve a demolição, como ponto de partida.

As estruturas familiares e sociais, fundadas no patriarcado e, portanto, na opressão, na exploração e na manipulação, com toda a carga de violência necessária à manutenção de tal estado de coisas, está ruindo, literalmente.

Por consequência, a maioria das pessoas está perdida, sem rumo, desnorteada.

O consumismo desenfreado, filho dileto do materialismo, ao invés de preencher, aumenta o vazio existencial, daí por que presenciamos o incremento do abuso de bebidas alcoólicas e de outras drogas lícitas e ilícitas, em uma espiral decadente, a qual faz reinar o caos.

Em meio à confusão, ganham corpo as falsas notícias, forte instrumento da orquestrada “guerra de narrativas”, numa luta de todos contra todos, o que muito interessa aos grupos dominantes, em um jogo de manipulação pelo medo e pela desinformação.

Tudo isto pode mudar para melhor, desde que nos voltemos à Boa Nova do Cristo, bússola e farol a nos guiar em meio à turbulência.

Transcorridos dois mil anos, a Palavra de Jesus permanece vigorosa e com o frescor do momento em que foi proferida.

Mestre que é, utilizou-se em grande medida das Parábolas, com forte carga imagética, repletas de símbolos e de arquétipos, porque sabe que a memória humana detém com muito maior facilidade as imagens, ao invés das palavras.

Até hoje, em plena era digital, com a rede mundial de computadores cada vez mais ampliada e, dentro dela, as redes digitais, que sequestraram corações e mentes, as quais se enfraquecem com o uso descontrolado das telas, em franca degenerescência (algumas pesquisas indicam que esta é a primeira geração com índice de QI mais baixo que a precedente), o Cristo de Deus lança a sua rede, para capturar as almas sequiosas de mudança.

Quem não se encanta com as suas narrativas, repletas de sabedoria e baseadas em personagens comuns e utensílios do cotidiano?

Com qual enlevo não percorremos o desenrolar da Parábola do Joio e do Trigo, a da Dracma Perdida, a da Semente (ou do Semeador) a do Bom Samaritano, a da Ovelha Perdida e a minha preferida, a Parábola do Filho Pródigo (ou do Filho Perdido?), para citar apenas algumas?

Na Parábola do Filho Perdido – na verdade, os dois filhos estavam perdidos, desorientados: o mais jovem, como é natural, cheio de impulsividade, com os hormônios à flor da pele, ansiava por desgarrar-se do pai e “viver a vida”, longe do tédio da área rural e assim o fez, porque a figura paterna da parábola é singular - concordou em adiantar ao rapaz a quantia que lhe caberia a título de herança!

Por outro lado, o filho mais velho não arredara pé da casa do pai, porque ali usufruía do bom e do melhor e, ao final, mostrou-se mesquinho e avarento, enciumado ante a acolhida que o irmão aventureiro ganhara, recebido de volta com um verdadeiro banquete.

Jesus de Nazaré nos revela, nesta Parábola, a verdadeira face da Divindade, porque o Pai ali é Deus, um Deus amoroso e compreensivo, totalmente diferente do Deus adorado até então, o deus dos exércitos, o que ordenava o cultivo do ódio e do extermínio dos considerados inimigos.

Possamos nos voltar ao colo desta A Divindade, que sempre aguarda que busquemos, não importa quantas vidas tenhamos dissipado.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita