Nosso grande desafio para nos
tornarmos espírita
Eu disse essas coisas para que em mim vocês
tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições;
contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo." –
João, 16:33
Sempre as pessoas que escolheram seguir o
Espiritismo, essa doutrina consoladora, têm em
seus pensamentos e até nas palavras proferidas
esta frase: “Como é difícil ser espírita!”
A grande maioria dos espíritas já navegou por
diferentes religiões até se encontrar no
Espiritismo. Essa doutrina bendita nos apresenta
um Deus como a inteligência suprema do universo
e causa primária de todas as coisas. Oferece uma
análise profunda sobre a sobrevivência da alma,
as múltiplas vidas que todos vivemos e o
conceito de evolução baseado na caridade e no
conhecimento.
Mas o grande desafio está em verdadeiramente
viver o Espiritismo, seus ensinamentos e as
propostas de Jesus.
Falar em Jesus é fácil. Dizer que se acredita na
reencarnação é ainda mais simples. Achar que
estamos realmente seguindo um comportamento
ético e equilibrado pode parecer tranquilo, pois
muitas vezes moldamos a realidade ao nosso
bel-prazer para nos sentirmos melhores, pois
muitas religiões têm feito isso há centenas de
anos. Necessário que tenhamos consciência das
nossas ações, palavras e pensamentos, e
dirigir-nos dentro dos padrões éticos e morais,
propostos por Jesus, senão poderemos estar
deixando-nos levar por enganos provocado pelo
nosso Ego.
Contudo, o Espiritismo vai além da prática
exterior e das palavras bem colocadas. Ele nos
convida a um mergulho profundo na reforma
íntima. Aqui reside a verdadeira dificuldade.
Não se trata apenas de conhecer as leis divinas
ou de compreender a pluralidade das existências;
é necessário colocar esses princípios em prática
nas mínimas ações diárias.
Ao nos depararmos com os desafios cotidianos,
muitas vezes nos esquecemos dos ensinamentos que
tanto admiramos. É um constante exercício de
paciência, compreensão e, acima de tudo,
caridade, não apenas material, mas moral.
Quantas vezes julgamos o próximo com severidade,
mesmo sabendo que cada um está em seu próprio
estágio de evolução? Quantas vezes nos deixamos
levar pelo orgulho e pela vaidade, esquecendo o
exemplo de humildade que Jesus nos legou?
Ser espírita é também enfrentar a incompreensão
alheia. Muitas pessoas veem o Espiritismo com
preconceito, distorcendo seus princípios e
tratando-o como algo místico ou obscuro. O
espírita, por sua vez, é chamado a reagir com
serenidade e esclarecimento, sem impor suas
crenças, mas buscando sempre o diálogo
respeitoso.
Outro desafio é lidar com a própria
responsabilidade. O Espiritismo nos ensina que
somos os arquitetos do nosso destino, que as
consequências das nossas ações recairão sobre
nós mesmos, seja nesta vida ou em futuras
existências. Isso exige uma vigilância constante
sobre nossos pensamentos, palavras e atitudes.
Entretanto, é justamente nesse caminho
desafiador que reside a beleza do Espiritismo. A
cada passo dado em direção à autoiluminação,
experimentamos uma paz interior que transcende
as dificuldades. A consciência tranquila, fruto
do esforço sincero em melhorar, é uma recompensa
incomparável.
Estamos profundamente enraizados com os valores
transitórios do mundo físico, e é necessário
meditar muito, refletir ainda mais, suportados
pelas orações, para então, através de nossos
atos, mudarmos nosso íntimo, ou seja, nosso
próprio espírito e, portanto, nosso destino.
Ser espírita é abraçar a tarefa de transformar o
mundo começando por si mesmo. É reconhecer que
cada pequeno gesto de bondade contribui para um
universo mais harmonioso. E, embora seja
difícil, é também profundamente gratificante,
pois nos conecta às leis divinas e ao amor
infinito de Jesus, pois são essas leis que regem
o universo.