Culpa,
caridade e livre-arbítrio
A culpa é descida, mas a caridade é soerguimento.
Pelo erro no mal, enreda-se o homem no labirinto da dor.
Pelo esforço no bem, liberta-se para a vitória a que se
destina.
Enganando-se nas teias da ilusão em que transita na
Terra, arroja-se a alma a fundos despenhadeiros de
sombra; todavia, descerrando os próprios olhos à verdade
e buscando-a pelo plantio do amor, acende nova luz em si
mesma, estruturando novos caminhos.
Subsiste a expiação, enquanto perdura o prejuízo às leis
que nos regem e abrem-se vastos horizontes de paz ao
Espírito que luta em si mesmo, tão logo se consagre ao
trabalho do próprio aperfeiçoamento.
Recordemo-nos de que no estágio evolutivo em que nos
achamos ninguém existe sem débitos a resgatar.
Todos temos peregrinado na senda escura do remorso, após
haver desencadeado sobre nós mesmos a longa série de
causas aflitivas a que, imprevidentes, nos imantamos.
Não passamos, por agora, de almas em reajuste, na
oficina das provas, após o desastre de nossas
deliberações infelizes.
A culpa, por enquanto, é um fantasma interior que nos
persegue em todos os ângulos do mundo, sob as mais
variadas formas.
Da defecção diante do Cristo, todos partilhamos em
nossas experiências, mas pela caridade bem vivida, que
dá de si sem pensar em si, que se sacrifica e ampara,
que tudo suporta, entende, auxilia e espera, poderemos
lavar o tecido sutil de nossa alma, recuperando-nos as
forças para aprendermos a servir sempre. Para isso,
porém, é preciso saibamos usar a vontade.
Somos senhores na resolução e escravos nas
consequências.
Compreendamo-nos mutuamente, e amemo-nos, mobilizando o
nosso livre-arbítrio na criação do futuro melhor.
Todos trazemos na intimidade do próprio ser a nossa dor,
a nossa aflição, a nossa prova ou o nosso problema…
E estendendo braços fraternos, uns aos outros,
perceberemos que só o amor bem dividido pode multiplicar
a felicidade.
Não nos detenhamos na culpa.
Usemos a caridade recíproca, e, com a liberdade relativa
de que dispomos ser-nos-á então possível edificar, com
Jesus, o nosso iluminado Amanhã.
Do
livro Nós, obra psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier.
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