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por Mário Frigéri

 

Kardec expira


O dia 31 de março de 1869 marcou um momento de profunda comoção para o movimento espírita e para todos aqueles que reconhecem a contribuição inestimável de Allan Kardec para o progresso moral e espiritual da humanidade. Foi nessa data que o Codificador da nossa Doutrina, com apenas 64 anos, encerrou sua jornada terrena. Aquele que dedicou sua vida a unir ciência, filosofia e religião, oferecendo uma nova visão sobre a existência, partiu de maneira súbita, no meio de sua rotina de trabalho.

Kardec encontrava-se em sua residência, envolvido na preparação de mudança para um local mais espaçoso, que permitiria maior conforto e eficiência às suas atividades. Enquanto realizava essas tarefas, sofreu um rompimento de aneurisma, falecendo instantaneamente. Seu espírito, libertando-se do corpo físico, seguiu para as esferas superiores, deixando para nós uma herança literária e espiritual que continuará enriquecendo e iluminando as gerações presentes e futuras.

O impacto de sua partida foi imenso, mas sua obra permanece viva, como bússola moral e espiritual para milhões de pessoas. Sob a orientação dos Espíritos Superiores, Kardec sistematizou ensinamentos que ofereceram respostas claras e consoladoras para os grandes mistérios da vida. Seu trabalho revelou que a existência humana não termina com a morte e que as ações individuais têm reflexos no futuro, promovendo um senso de responsabilidade universal.

Sua força e dedicação foram decisivas para a consolidação do Espiritismo como um movimento sólido e coerente. Com seu espírito de rigor intelectual e fé inabalável, enfrentou críticas, perseguições e incompreensões, mas nunca se desviou do propósito de promover a verdade e o bem. Sua vida foi uma prova de que o compromisso com ideais elevados pode superar os maiores obstáculos e inspirar transformações duradouras.

Após sua morte, o reconhecimento de seu papel como “O Homem-Monumento” se consolidou ainda mais. No Panteão da História, seu nome figura entre os grandes benfeitores da humanidade. Ele ofereceu ao mundo uma nova perspectiva sobre a espiritualidade, assim como promoveu um diálogo entre fé e razão, abrindo caminhos para a integração entre o conhecimento científico e a moralidade espiritual.

Hoje, Kardec não está mais fisicamente entre nós, mas sua presença continua viva na obra que deixou e nos corações de todos que seguem o Espiritismo. Sua partida não foi um adeus, mas um até breve, pois os ensinamentos que transmitiu continuam a guiar aqueles que buscam compreender e viver de acordo com os princípios de amor, justiça e solidariedade que ele tanto exaltou. A eternidade da sua mensagem garante que sua luz jamais se apagará, mesmo com o passar dos séculos. Foi pensando assim que elaboramos o seguinte poema:

 

BREVE ADEUS A KARDEC


“Para ti, chamar-me-ei a Verdade e todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei à tua disposição.” O Espírito Verdade (“Obras póstumas”)


Mil oitocentos e sessenta e nove,

Trinta e um de março... Data que comove

E faz vibrar milhões de corações

De gratidão em todas as nações!

 

Lembram Kardec... o Homem-Monumento,

Em cujo olhar fulgia o pensamento;

A sua fé foi qual muro de aço,

Das que transportam montanhas no espaço.

 

Somente a sua excelsa inteligência

Podia unir moral, amor e ciência

E, como orvalho em luz, os rorejar

Sobre os que querem conhecer e amar.

 

Da solidez de suas convicções

Nasceu a luz sagrada das nações,

Sob a invisível égide superior

Do Espírito Verdade – seu Mentor.                   


Seu nome augusto, no Panteão da História,

Está insculpido em ouro, luz e glória,

E se transmitirá à Eternidade,

Era após Era, Idade após Idade.

................................

 

Entre onze e doze horas... Por sinal,

Ao preparar mudança de local,

Kardec estava em sua árdua lida,

Quando, curvando-se, tombou sem vida.

 

(Devido à forte têmpera que tinha,

Gastou a lâmina a mortal bainha...).

Mas só tombou o corpo, que é matéria:

A alma alou-se à vastidão sidérea

 

E nos deixou por um mundo melhor...

Foi receber a aprovação maior

E coletar mais luz na Eternidade,

Para voltar em breve à Humanidade.

 

Ah! Mestre amado, eras sozinho então!...

Mas doravante somos legião –

Milhões a vivenciar teu Ideal!

 

Volvam, embalde, os séc’los, lentamente...

Tu viverás em nós eternamente,

Na imensidão da Vida Universal!

 

Mário Frigéri é poeta, escritor, autor e youtuber com a mente e o coração voltados para o esplendor do Evangelho e da Doutrina Espírita. Campinas/SP.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita