Bem-aventurados os pobres de espírito
“Bem-aventurados os pobres de Espírito, porque deles é o
reino dos Céus.” (Mateus,
5:3.)
Jesus define como pobres de Espírito aqueles que já
ostentam em si a humildade, virtude um tanto difícil de
se obter, uma vez que só é conseguida mediante
cansativos esforços, na luta ferrenha e determinada
contra o orgulho, essa terrível chaga que nos compromete
e incontáveis prejuízos tem provocado à humanidade.
A criatura orgulhosa acredita que o mundo deva curvar-se
aos seus pés, julgando-se a mais importante das pessoas
e pensando que nenhum dos seus desejos ou anseios podem
deixar de ser atendidos.
Sofre, então, amargamente quando vê frustração em suas
vontades. Carrega um incêndio no coração, pois que
estrutura a sua vida num pedestal ilusório de fantasias
e ilusões, pensando enganosamente ser muito maior do que
realmente é. Não se contenta com pouco, está sempre
buscando possuir e ter mais, sempre mais, sendo
insaciável em suas necessidades.
Mantendo uma visão turva e equivocada sobre a realidade
do quotidiano, onde se coloca como o centro das
atenções, o orgulhoso alimenta valores absurdos que o
conduz, com frequência, a deliberações infelizes que são
os nascedouros dos seus próprios infortúnios e também do
sofrimento dos que estão sob a sua danosa influência.
Enganosamente, cultiva a certeza de que sabe muito e é
superior aos outros.
Esse sentimento vil e destruidor tem sido o responsável
por tantas tragédias humanas, vitimando pessoas,
famílias, coletividades e nações, fazendo correr rios de
sangue e de lágrimas e edificando montanhas de dor e de
sofrimentos, onde milhões de pessoas têm sucumbido.
Já o homem humilde é detentor de valorosa virtude.
Despido do peso desnecessário da arrogância, do
preconceito, da vaidade e da presunção, vive desarmado e
com a liberdade de quem consegue passar pela vida como o
mais rico de todos, pois que administra a sua existência
visando sobreviver com um mínimo de necessidades.
Reconhecendo o seu real valor no contexto da humanidade,
vive com simplicidade, embora não medindo esforços e
dedicação visando à superação dos seus limites.
Contenta-se com o que tem e suas conquistas são feitas
de forma a não prejudicar criatura alguma.
A resignação, a fraternidade, o altruísmo e o firme
desejo de fazer sempre o bem são atributos encontrados
na intimidade dos humildes, que via de regra são
cativantes, pacíficos e amáveis.
Elege sempre um clima de solidariedade para viver, onde
prioriza ações e comportamentos, buscando a valorização
do bem-estar da criatura humana.
Sente imensa satisfação ao identificar a alegria do
próximo e trabalha diuturnamente para que o seu irmão do
caminho encontre a plenitude de suas realizações e
anseios.
Tendo constantemente a preocupação de servir e amar por
ande passa, consegue compreender aqueles que ainda estão
seguindo na contramão daquilo que é realmente belo,
nobre e sublime.
Confiando plenamente no Criador, carrega a convicção
absoluta de que tudo caminha sob os olhares atentos e
responsáveis de Jesus e se dedica, ao máximo, visando
contribuir com a definitiva implantação do reino de Deus
aqui na Terra.
Enquanto o orgulhoso se fecha, egoisticamente, em si
mesmo, na defesa dos seus conceitos absurdos, carregando
o peso da armadura da insensibilidade, o humilde se
expande livremente volitando nas asas da alegria em
servir ao próximo, de viver com poucas necessidades, de
ser um instrumento da paz entre os homens e de ajudar a
construir um mundo mais humano, fraterno e solidário.
Bem-aventurados os pobres de espírito, disse Jesus.
Bem-aventurados os humildes, os simples, os desarmados,
os fraternos, os solidários.
Bem-aventurados os que conseguem colocar o sorriso no
rosto alheio...