Pôr do sol no dia 31 de dezembro
Havia um compromisso neste ano de fazer algumas visitas
aos parentes e amigos, outras protocolares. Como o tempo
é inexorável, ele não espera os atrasados e prossegue
chegando a 31 de dezembro de 2024 e, assim, colocando um
ponto final no que foi feito e no que não foi feito. O
relógio na sala da casa grande marcando 11:55 horas
desta terça-feira ensolarada típica de verão. Estávamos,
portanto, não tão próximos da hora suave da Ave Maria,
horário em que os sinos das Igrejas chamam os seus fiéis
para as orações do terço sagrado em um dia tão especial,
para agradecer ao Pai os tantos e tantos benefícios
recebidos e nada prometer se decididamente não for
cumprir.
Esperei passar o modorrento dia indo para a janela
voltada para o Oeste observando que o Sol, também nesse
horário, estava se recolhendo após sua milenar
permanência durante a qual, com seu calor forte, aqueceu
toda a natureza dos humanos, da fauna e da flora.
O dia de hoje foi bonito? Para muitos sim, para outros,
nem tanto. Independentemente do lado em que você se
encontre, o fim da tarde representa o fim de muitas
expectativas e de muitas esperanças. Esta é a lei da
vida, uma lei que não foi escrita, mas que ninguém
desconhece porque está na consciência.
Após sua trajetória o Sol vai deixar que a Lua continue
a iluminar a Terra, mesmo em sua fase Nova, e nas
sombras da noite criar expectativas e novas esperanças
para os homens e para a própria natureza.
Assim, como termina o dia, termina o mês, termina o ano
com uma festa que a sociedade festeira chama de
“réveillon”, realizada ao som de tambores e grandiosa
queima de fogos de artifícios (em verdade queima de
dinheiro) a título de divertimento social. E amanhã? dia
primeiro de um Novo Ano, curados a ressaca e o cansaço
da noite maldormida, chega a hora do recomeço daqueles
que chegaram até aqui, sejam os humanos ou os animais
assustados pelo intenso foguetório, procurando
ajustar-se e as folhas daquela árvore que despencou do
galho atingida por um foguete insano. A natureza humana,
em determinados momentos, se enche de inusitado vigor
para se fazer de forte, tentando ignorar a inflexível
deterioração provocada pelo ontem, insensível à
proximidade do fim.
Há muitos que assim acreditam que sendo o fim de um ano,
uma Era, tudo termina; portanto querem aproveitar no
grau máximo o que os prazeres do mundo oferecem, mesmo
que à custa da falência orgânica e financeira.
Imprevidentes, ainda acreditam que quando estiverem
decaídos haverá o “milagre” de algo ou alguém que se
proponha a levantá-los. Imprudente natureza infantil do
ser humano que dorme nos braços da ilusão!...
Tudo passa sim, convenhamos! Assim como passam todas as
experiências mundanas, passam as alegrias, passam as
tristezas. O outro dia é de Esperança... outro ano novas
expectativas... Só não se pode dormir no berço
esplêndido das fantasias das luzes e cores, enquanto
outros irmãos estão de plantão dando sua vida em serviço
aos menos “felizes”.
Há aqueles que atravessam a hora escura trabalhando,
servindo, iluminando-se por dentro, dando pouca
importância às luzes lá de fora... efêmeras, feéricas,
finitas. Chego então à conclusão de que podemos todos
fazer um BOM ANO NOVO se na nossa essência construirmos
um Homem Novo: feliz na simplicidade, feliz na
obscuridade social, feliz em servir e feliz em calar as
queixas e tornar o Ano Novo de alguém verdadeiramente
feliz, e grato em cada experiência passada pelo nosso
próprio aprimoramento, ano após ano, dia após dia, sem
esmorecer.