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por Roque Roberto Pires de Carvalho

 

Pôr do sol no dia 31 de dezembro  


Havia um compromisso neste ano de fazer algumas visitas aos parentes e amigos, outras protocolares. Como o tempo é inexorável, ele não espera os atrasados e prossegue chegando a 31 de dezembro de 2024 e, assim, colocando um ponto final no que foi feito e no que não foi feito. O relógio na sala da casa grande marcando 11:55 horas desta terça-feira ensolarada típica de verão. Estávamos, portanto, não tão próximos da hora suave da Ave Maria, horário em que os sinos das Igrejas chamam os seus fiéis para as orações do terço sagrado em um dia tão especial, para agradecer ao Pai os tantos e tantos benefícios recebidos e nada prometer se decididamente não for cumprir. 

Esperei passar o modorrento dia indo para a janela voltada para o Oeste observando que o Sol, também nesse horário, estava se recolhendo após sua milenar permanência durante a qual, com seu calor forte, aqueceu toda a natureza dos humanos, da fauna e da flora.

O dia de hoje foi bonito? Para muitos sim, para outros, nem tanto. Independentemente do lado em que você se encontre, o fim da tarde representa o fim de muitas expectativas e de muitas esperanças. Esta é a lei da vida, uma lei que não foi escrita, mas que ninguém desconhece porque está na consciência.

Após sua trajetória o Sol vai deixar que a Lua continue a iluminar a Terra, mesmo em sua fase Nova, e nas sombras da noite criar expectativas e novas esperanças para os homens e para a própria natureza.

Assim, como termina o dia, termina o mês, termina o ano com uma festa que a sociedade festeira chama de “réveillon”, realizada ao som de tambores e grandiosa queima de fogos de artifícios (em verdade queima de dinheiro) a título de divertimento social. E amanhã? dia primeiro de um Novo Ano, curados a ressaca e o cansaço da noite maldormida, chega a hora do recomeço daqueles que chegaram até aqui, sejam os humanos ou os animais assustados pelo intenso foguetório, procurando ajustar-se e as folhas daquela árvore que despencou do galho atingida por um foguete insano. A natureza humana, em determinados momentos, se enche de inusitado vigor para se fazer de forte, tentando ignorar a inflexível deterioração provocada pelo ontem, insensível à proximidade do fim.

Há muitos que assim acreditam que sendo o fim de um ano, uma Era, tudo termina; portanto querem aproveitar no grau máximo o que os prazeres do mundo oferecem, mesmo que à custa da falência orgânica e financeira.

Imprevidentes, ainda acreditam que quando estiverem decaídos haverá o “milagre” de algo ou alguém que se proponha a levantá-los. Imprudente natureza infantil do ser humano que dorme nos braços da ilusão!...

Tudo passa sim, convenhamos! Assim como passam todas as experiências mundanas, passam as alegrias, passam as tristezas. O outro dia é de Esperança... outro ano novas expectativas...   Só não se pode dormir no berço esplêndido das fantasias das luzes e cores, enquanto outros irmãos estão de plantão dando sua vida em serviço aos menos “felizes”.

Há aqueles que atravessam a hora escura trabalhando, servindo, iluminando-se por dentro, dando pouca importância às luzes lá de fora... efêmeras, feéricas, finitas. Chego então à conclusão de que podemos todos fazer um BOM ANO NOVO se na nossa essência construirmos um Homem Novo: feliz na simplicidade, feliz na obscuridade social, feliz em servir e feliz em calar as queixas e tornar o Ano Novo de alguém verdadeiramente feliz, e grato em cada experiência passada pelo nosso próprio aprimoramento, ano após ano, dia após dia, sem esmorecer.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita