Antes da luta
Da montanha de luz, a alma contempla o vale escuro em
que lhe compete trabalhar, na aquisição dos valores
imperecíveis para voo aos Céus Mais Altos, e aprecia os
aspectos da luta sob o prisma adequado à sua justa
ascensão…
Cabe-lhe tomar a veste física, por algum tempo, à
maneira do aluno que se prepara convenientemente para o
ingresso à escola em que se lhe habilitará a competência
ante o serviço mais nobre.
E o Espírito reflete em termos de eternidade disputando
o trabalho mais árduo como recurso eficiente à vitória
que almeja.
A opulência material afigura-se-lhe deplorável pobreza
de elevação.
O contentamento de si próprio na gratificação dos
sentidos aparece-lhe por reclusão no clima entorpecente
do egoísmo.
A beleza física surge-lhe ao discernimento por perigoso
empecilho ao triunfo, nas qualidades que pretende
adquirir e aperfeiçoar.
A evidência social é interpretada ao seu correto juízo
por fixador de lamentáveis ilusões, embora as nobres
responsabilidades de que essa mesma evidência é
portadora.
O brilho da intelectualidade vazia sugere-lhe o acesso
fácil à cristalização na vaidade e no orgulho.
E a casa terrestre sem problemas se lhe destaca à
observação por túmulo de ameaçadora ociosidade em que,
provavelmente, se lhe congelarão os melhores impulsos de
aprimoramento.
Incorporado, porém, ao vale, eis que frequentemente se
deixa enganar por miragens e fantasias, fugindo
deliberadamente à realidade que, mais tarde, somente a
dor e a morte lhe impõem de novo ao olhar.
Ninguém menospreze a luta e a provação, o trabalho e a
dificuldade que, na Terra, nos favorecem o burilamento
espiritual para a Vida Superior.
Façamos de cada dia um capítulo de serviço e bondade no
livro de nossas relações ante a vida e os nossos
semelhantes!
Que a alegria e a esperança, o otimismo e a fé nos
iluminem a estrada, ainda mesmo quando sejamos induzidos
a libertar nossas aflições em forma de lágrimas!
Sejamos, hoje, corações fraternos e amigos,
irmanando-nos uns aos outros na solução dos enigmas que
nos são próprios à experiência comum, porque, amanhã, a
morte nos terá reunido novamente a todos no templo da
verdade, furtando-nos ao engodo da fantasia e
restabelecendo-nos a visão.
Do livro Família, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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