A oração
mais repetida pelos
cristãos
Ao ensinar o Pai Nosso,
Jesus nos conclamou:
“Perdoa as nossas
dívidas, assim como
perdoamos aos nossos
devedores.” (1). Esta
súplica, entoada por
milhões de vozes ao
longo dos séculos,
carrega um convite à
misericórdia – não
apenas para com os que
nos cercam, mas também
para conosco e para com
aqueles que já partiram.
Pois, para seguir
adiante, é preciso
acertar os passos com
aqueles a quem devemos e
de quem, de alguma
forma, nos afastamos.
Esse gesto é um ato de
libertação mútua: ao
perdoar, libertamos o
outro e, ao mesmo tempo,
nos libertamos.
Nenhum barco singra os
mares rumo a novos
destinos se permanece
preso ao cais. Assim
também somos nós, quando
nos recusamos a soltar
as amarras do
ressentimento. A lição
do Cristo nos exorta a
tolerar, não sete, mas
setenta vezes sete
vezes, permanentemente,
superando os
aborrecimentos. Enquanto
insistimos em ancorar a
alma no passado, atados
a velhos desafetos,
esquecemos que a vida é
travessia. O vento
sopra, as marés mudam, e
o oceano da existência
nos convida a zarpar.
Você já pensou nisso?
Perdoar é essencial, um
passo decisivo em nossa
jornada de evolução.
Allan Kardec nos lembra
que “as boas ações são a
melhor prece, porque os
atos valem mais que as
palavras.” (2) O perdão,
porém, não é um simples
gesto, mas um exercício
contínuo da alma – um
aprendizado que exige
esforço e intenção. Não
significa apagar da
memória, mas libertar-se
do desejo de revanche,
permitindo que o coração
siga adiante, leve como
um barco que solta as
amarras e se entrega ao
vento.
São inúmeros os
benefícios do perdão, e
a ciência já aponta
alguns deles como
terapêuticos. Pessoas
que guardam mágoas
adoecem com mais
frequência, e essa
amargura crônica pode
levar à depressão e a
desequilíbrios
emocionais. Relevar a
ofensa é fundamental
para nossa saúde mental,
pois elimina a raiva, a
aversão, a antipatia e
outros sentimentos
negativos, seja contra
outrem ou contra nós
mesmos.
O doutor Cajazeiras (3)
afirma que, quando não
ressignificamos e nos
fixamos em ofensas, cada
vez que revivemos a
memória da afronta,
nosso corpo sofre
estresse como se o
acontecimento se
repetisse, desencadeando
repetidamente
substâncias químicas
negativas. Inclusive,
quando comentamos com
alguém esses fatos,
alimentamos essa dor.
O perdão e o
esquecimento, através do
bem, devem caminhar
juntos, conforme a
recomendação de Jesus:
“Concilia-te depressa
com o teu adversário,
enquanto estás no
caminho com ele” (4).
Isso nos leva a
refletir: não revidar,
mas orar pelo desafeto;
compreender que erramos
e, muitas vezes, ferimos
os outros por nossa
ignorância,
irracionalidade ou
agressividade; auxiliar
quem nos ofende, para
que ele se restaure.
Pois a serenidade do
silêncio e a prece são
antídotos para evitar a
retaliação.
Paulo, o apóstolo,
voltou à Terra por meio
da psicografia para nos
aconselhar: “Não
esqueçais que o
verdadeiro perdão se
reconhece antes pelos
atos do que pelas
palavras.” (5)
1) Jesus
(Mateus 6:12) – Bíblia Online
ACF
2) O
Livro dos Espíritos,
questão 661 – Editora
EME
3) O
valor terapêutico do
perdão –
Editora EME
4) Jesus
(Mateus 5:25) – Bíblia Online
ACF
5) O
Evangelho segundo o
Espiritismo (Paulo,
apóstolo. Lyon, 1861.) –
Editora EME
O autor é diretor da
Editora EME.
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