Desvelando a
essência do ser
Leio no livro Viajor, de
Emmanuel,
psicografado por
Chico Xavier,
uma página
antológica
intitulada “O
olhar de Jesus”.
A mensagem
convida à
reflexão sobre a
maneira como se
deve olhar para
os outros,
destacando a
necessidade de
substituir o
julgamento pela
compreensão. A
visão
esclarecida
daquele que ama
não se prende às
imperfeições
momentâneas
alheias, mas sim
à essência
transformadora
que habita em
cada ser.
Enquanto a
tendência humana
inclina-se
frequentemente
para a
condenação e a
censura, a
verdadeira
sabedoria
consiste em
enxergar além
das falhas
aparentes,
reconhecendo, em
cada criatura,
um potencial
latente para o
crescimento
espiritual.
O texto assinala
que uma visão
iluminada
percebe no erro
não um fator
definitivo de
condenação, mas
uma etapa de
aprendizado e
superação. As
personagens
citadas por
Emmanuel
exemplificam
essa perspectiva
elevada: o homem
que reencontra a
luz, a mulher
que resgata sua
dignidade, o
administrador
que refaz seus
princípios, o
discípulo que
amadurece após a
queda e até
mesmo aquele que
cedeu à ilusão,
mas não ficou
esquecido no
amor
misericordioso.
Esses exemplos
revelam que a
grandeza do
entendimento não
está em
registrar a
falta, mas em
promover a
restauração do
ser.
Ao considerar
essa abordagem,
compreende-se
que a verdadeira
justiça não se
expressa pela
punição cega,
mas pelo auxílio
que conduz à
regeneração. O
olhar da
sabedoria não
exclui a
responsabilidade
moral dos atos,
mas propõe que
toda consciência
em desatino
carece, antes de
tudo, de
orientação e
amparo para
reencontrar seu
caminho. A
crítica
destrutiva,
portanto, se
torna
instrumento
contraproducente,
ao passo que o
auxílio fraterno
fortalece o ser
na construção de
sua própria
redenção.
Por fim, o
chamado à
transformação
pessoal encerra
a mensagem com
um desafio
profundo:
aprender a ver
como aquele que
ama
integralmente. O
convite do
Cristo é, sim,
para admirar uma
conduta sublime,
mas sem esquecer
que, acima de
tudo, é para
integrá-la ao
próprio olhar.
Quando a
compaixão
substituir a
censura e o
auxílio tomar o
lugar da
indiferença, a
Humanidade terá
dado um passo
fundamental para
a verdadeira
fraternidade.
Nesse estado de
consciência
ampliada, cada
ser será visto
não pelo que
ainda lhe falta
para completar
seu caráter, mas
pelo esplendor
que pode
alcançar ao
assimilar os
benefícios da
luz divina. É
tudo isso que
procuramos
traduzir no
seguinte poema:
O olhar de Jesus
Recordemos o
olhar pleno de
amor
E compreensão de
Nosso Salvador,
A fim de não nos
preocupar o
argueiro
Que às vezes
turva o olhar de
um companheiro.
No cego
Bartimeu, de
Jericó,
Jesus não vê
densas trevas,
tão só,
Mas sim o amigo
que anseia
enxergar
Para as riquezas
de Deus
vivenciar.
Em Madalena vê a
mulher sofrida,
Pelos demônios
da sombra
possuída,
E lhe restaura o
coração dileto,
Para anunciá-Lo,
um dia,
ressurreto.
Não vê em Zaqueu
o expoente da
usura,
Mas o emissário
que os bens
enclausura,
E lhe devolve o
trabalho e a
razão
À sábia e justa
administração.
Pedro não é, na
negativa
instante,
O amigo fraco, e
sim invigilante,
A Lhe exigir
compreensão
permanente,
Até ser luz no
Evangelho
nascente.
Não vê o ingrato
em Judas, mas o
irmão
Que se traiu
pela própria
ilusão,
E ao perdoá-lo,
estende à
Humanidade
O Seu
Amor-Perdão, de
Idade a Idade.
Busquemos algo
do olhar de
Jesus
Para banhar
nossos olhos de
luz,
E toda crítica
ou maledicência
Será banida de
nossa
consciência.
Porque teremos,
então, atingido
O Grande
Entendimento prometido,
Que nos fará
sentir em cada
irmão
Alguém credor de
auxílio e
compaixão.
E, assim, no
olhar, em branda
semiluz,
Teremos algo do
olhar de
Jesus...
Mário Frigéri é
poeta, escritor,
autor e youtuber
com a mente e o
coração voltados
para o esplendor
do Evangelho e
da Doutrina
Espírita.
Campinas-SP.