Obsessão vista de cima
Para mencionar o sofrimento dos amigos espirituais
quando impelidos a deixar, temporariamente, o convívio
dos entes amados, com moradia transitória na Terra,
recorramos às lições vivas da experiência.
Mãe abnegada albergava no colo o filho querido…
Flor de seu sangue, assegurou-lhe proteção,
orvalhando-lhe a vida com as lágrimas de suas dores e de
suas alegrias esmaltadas de aflição.
Nunca lhe viu tristeza no semblante que não se lhe
anuviasse o pensamento.
De quantos sacrifícios entreteceu as lides cotidianas,
para que o rebento de suas aspirações crescesse feliz,
ninguém soube, a não ser a Bondade Divina, no equilíbrio
da consciência.
Jamais relacionou os sonhos asfixiados no nascedouro
para que não lhe faltasse assistência; os pesadelos que
lhe enregelavam o coração ao vê-lo abatido; as privações
do corpo e da alma, em repetição constante, a fim de que
a mais leve sombra não lhe tisnasse o ambiente; os dias
atormentados de cativeiro doméstico, e os plantões
noturnos, em solidão e serviço, que ela agradecia aos
Céus, para não se lhe apartar do sorriso confiante…
Em troca, não lhe pedia nem homenagens, nem tributos,
nem o ouro da Terra, nem espetáculos de grandeza. Por
toda a retribuição, aos cuidados da existência inteira,
rogava-lhe apenas bondade e retidão, de modo a ser cada
vez mais digno e mais feliz.
O filho, entretanto, bandeando-se para a ilusão, em
plenitude do livre-arbítrio, resvalou na armadilha da
criminalidade, sendo internado, imediatamente, na prisão
para o corretivo necessário; e, desde então, ele que se
habituara ao tépido arminho de invariável dedicação,
conquanto seguido de longe pela ternura materna, passou
a receber o trato frio e, por vezes, agressivo de
carcereiros indiferentes.
Reflitamos no martírio das milhares de mãe, afetuosas e
devotadas, constrangidas pela força da lei a entregar os
filhos estremecidos ao clima afogueante de calabouços e
penitenciárias, e compreenderemos, sem palavras, o
suplício dos Espíritos generosos, ao verem amigos e
companheiros da Terra retidos na grilheta invisível da
obsessão.
Do livro Plantão da paz, mensagem
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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