WILSON CZERSKI
wilsonczerski@brturbo.com.br
Curitiba, Paraná
(Brasil)
Doenças:
crise de energia vital
A
escassez de energia
elétrica, o racionamento
e o risco de “apagões”:
podemos estabelecer
alguma analogia desta
situação com a saúde do
corpo e a
espiritualidade do
homem?
Sem adentrarmos qualquer
pretensiosa abordagem
política, econômica ou
social do racionamento
de energia elétrica que
atingiu o país há alguns
poucos anos, fiquemos,
de início, com a
seguinte observação:
passados os primeiros
dez dias em que ele
esteve em vigor (exceto
para as Regiões Norte e
Sul), a economia em
média foi de 17%. Boa
parte disso por conta de
programas específicos no
serviço público, cortes
de produção industrial,
no comércio e mesmo
sacrifícios do cidadão
comum em seu lar. Porém,
com certeza,
significativo percentual
daquele total deveu-se à
eliminação do
desperdício. E olha que
desperdiçamos de tudo:
energia, água, alimentos
(de 10 a 20% do total da
safra brasileira e com
tanta gente passando
fome!), lixo que não
reciclamos, etc.
Podemos aí estabelecer
um paralelo quanto ao
uso de um outro tipo de
energia, a vital ou
fluido vital. Ao
reencarnar, o ser humano
vem programado para
viver “x” anos,
diretrizes espirituais
fixadas em sua bagagem
genética previamente
escolhida e elaborada.
Todavia, devido aos
excessos que
habitualmente comete,
acaba vivendo bem menos.
O fumante, por exemplo,
a cada cigarro encurta a
vida em 11 minutos. Se
fumar um maço por dia e
tornar-se viciado aos 20
anos, se fosse viver 80,
viverá somente pouco
menos que 72. Dez por
cento da vida, precioso
patrimônio ofertado por
Deus para seu progresso,
simplesmente jogou no
lixo. Pior: perante as
leis divinas tornou-se
um suicida indireto e
terá que prestar contas
por este ato leviano e
irresponsável além de
arcar com as
conseqüências nefastas
das lesões físicas
transferidas para o seu
corpo energético ou
perispírito. Retornará
ao mundo material em
futura encarnação com
sérios problemas
instalados nos pulmões,
garganta ou cérebro, se
vítima de derrame e
outras predisposições
mórbidas anexadas aos
genes.
A regra vale para o
alcoólatra em relação à
cirrose hepática, aos
sexólatras de todo tipo:
sadomasoquistas,
ninfomaníacas,
prostitutas,
estupradores, cafetões,
abortadeiras, pedófilos,
homossexuais ativos e
promíscuos e todos que
comercializam com o
corpo próprio ou de
outrem.
Não seria diferente para
os viciados em drogas.
Some-se a este quadro de
efeitos perispirituais
drenados ao futuro corpo
físico os efeitos dos
delitos morais ali
embutidos. Todos os
pensamentos
desequilibrados, todas
as emoções
destrambelhadas,
palavras nocivas e
imorais repercutem na
intimidade do ser,
registram-se e provocam
conseqüências que
deverão ser reparadas.
Qualquer tipo de
exploração do semelhante
e malversação dos
recursos próprios atinge
os mecanismos de
equilíbrio e justiça,
comprometendo-os e
exigindo de seu agente
uma ação de efeito
contrário para que
retorne à posição
inicial porque fazem
parte das leis naturais
da vida superior e o
homem não pode
infringi-las
impunemente.
Ficamos a nos perguntar
quanto de energia
desperdiçamos. Quantas
horas envolvidos com
coisas absolutamente
fúteis, conversas
maledicentes, as
fofocas, as críticas, os
comentários cruéis,
distorcidos, invejosos,
caluniosos, as piadas
imorais. Quanto tempo
perdido na frente da
televisão com programas
de conteúdo de
violência, sexo
gratuito,
sensacionalismo,
especulações da vida
alheia, filmes e novelas
que introduzem dentro
dos lares idéias,
hábitos e valores que
provocam a desagregação
individual e familiar.
Não que o Espiritismo
seja contrário à
televisão
como veículo de
informação e
entretenimento, mas num
momento em que essas
informações chegam-nos
com cada vez mais
velocidade e quantidade,
não será hora de
selecionarmos melhor o
que vamos ver, ouvir,
ler e acessar pela
internet? Se gastarmos
muito tempo com
frivolidades, quando
dedicar atenção às
coisas realmente
importantes? E quanto à
corrida para ganhar mais
e mais dinheiro,
perfeição estética e
poder, insaciáveis, a
idolatria?
E, de repente, vem o “apagão”.
Primeiro enfermidades:
acidentes
cardiovasculares,
derrames cerebrais, um
câncer. Quanto delas
poderia ser evitado se
usássemos do corpo por
aquilo que ele é,
instrumento de
manifestação do espírito
e não uma máquina de uso
indefinido e que
dispensa manutenção. E
aí a correria, o esforço
insano, o estresse para
vencer a qualquer custo,
ser o melhor, o mais bem
remunerado, o mais rico
do bairro, o mais
importante, tudo fica à
mercê do destino para
alguns, da sorte para
outros e, por incrível
que pareça, até de Deus,
segundo alguns, que só
então se lembram que ele
existe. Ocorre que os
“apagões” biológicos são
alertas do pior que pode
estar por vir, mas nem
todos recebem esse
aviso. Muitas vezes,
quando acordam,
literalmente, já não
pertencem mais ao mundo
dos vivos. Aí é tarde
demais. O que ganharam?
O que levaram? O que
sobrou?
Na condição de Espíritos
encarnados num mundo
como o nosso, o
Espiritismo está longe
de propor vida ascética,
cercada de proibições
exageradas como os
irmãos muçulmanos e
muitos dos segmentos
evangélicos e
Testemunhas de Jeová.
Temos que estar no mundo
sem sermos do mundo.
Essa conduta forçada que
fere o direito
individual de escolha
deve ser condenada, até
porque em geral não
conduz a transformações
verdadeiras, profundas,
conscientes e duradouras
por carecer de base
racional. Os indivíduos
devem ser incentivados a
amadurecer o seu senso
crítico, sua capacidade
de julgamento para
distinguir entre o certo
e o errado, mas a
religião não deveria ter
a autoridade de impor
métodos ou regras de
comportamento. A adesão
deve ser espontânea,
pessoal e racional.
De qualquer forma fica a
analogia da falta de
energia elétrica – que
pode voltar se os
investimentos no setor
não forem suficientes –
no país com aquela da
energia vital que um dia
sobrevirá a todos nós.
Se a utilizarmos com
parcimônia, de modo
sempre construtivo para
si e para os outros, no
momento que sua reserva
chegar ao fim,
devolveremos à natureza
os despojos carnais de
consciência tranqüila,
convictos de que agimos
conforme o esperado e,
muitas vezes, prometido
por nós. Se abusarmos e
abreviarmos o fim, por
termos nos entregado ao
excesso dos gozos
materiais, isto nos
custará muitas lágrimas
e muito tempo de retardo
na marcha do progresso
pessoal.
É justo ao homem
procurar viver bem,
trabalhar, repousar,
divertir-se, tudo,
porém, com equilíbrio,
porque da realidade
espiritual ninguém
escapa. Ela nos aguarda
na alfândega da morte
onde receberemos a
fiscalização de todos os
nossos atos e só depois
o passaporte para as
diferentes regiões
conforme determinado
pelo peso e qualidade do
material inventariado.
Retornar para corrigir?
Acontecerá um dia, só
não sabemos quando. Pode
demorar séculos. Vamos
nos sujeitar à tão
aflitiva espera ou vale
a pena desde agora fazer
por onde garantir o
direito de um destino
mais feliz na nova
dimensão?