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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 3 - N° 129 – 18 de Outubro de 2009

 

A régua colorida

 

Maria Rita cursava a segunda série na escola do seu bairro. 

Como seu pai tinha dinheiro, ela sempre levava para a escola coisas diferentes, deixando os outros alunos cheios de admiração e inveja. 

Nesse dia, Maria Rita revirou a mochila à procura da sua régua nova. Sentado na carteira ao seu lado, Leandro, menino pobre, observava sem dizer nada. 

Cheia de irritação, Maria Rita acusou-o, apontando com o dedo: 

— Foi ele, professora! Foi ele quem roubou minha régua nova! 

O menino, surpreso, fitava-a com os grandes olhos arregalados. 

A professora parou de escrever no quadro negro e advertiu a menina: 

— Como pode dizer uma coisa dessas, Maria Rita? 

Batendo com o pé no chão, a garota afirmava, segura: 

— Tenho certeza, professora. Ainda ontem o peguei admirando a minha régua!

O menino confirmou, tranquilo:  

— É verdade, professora, que gostava de ver a linda régua colorida da Maria Rita. Mas não a peguei. 

A professora olhou para a aluna aconselhando: 

— Não devemos julgar ninguém, Maria Rita, ainda mais   quando   não   temos  provas   daquilo   que

afirmamos. Você pode ter deixado a régua em casa.  

A garota, porém, continuava irredutível. 

— Não. Foi o Leandro sim, tenho certeza. Na hora do recreio foi o último a sair da classe e aproveitou o momento para me roubar. Quero a minha régua! Quero a minha régua!...   

A confusão se estabeleceu dentro da sala e os outros alunos tomavam partido desse ou daquele lado. Não valeram ponderações e advertências, sugestões e cuidados. 

Para restabelecer a ordem, a professora decidiu examinar as coisas do garoto que, muito humilhado, mas confiante, submeteu-se. 

Nada encontrou. Contudo, como a menina continuasse a exigir a devolução do seu pertence, resolveu encaminhar ambos para a direção da escola. 

Aos poucos a calma voltou à sala de aula, após a saída dos dois envolvidos. 

No dia seguinte, Leandro não foi à escola. Dois dias depois ele retornou pálido e abatido. Embora nada tivessem encontrado em seu poder, a acusação deixara marcas profundas e o menino caíra de cama, com febre. 

Uma semana depois, Maria Rita chegou à escola acompanhada  de  sua    mãe,     que     ficara

profundamente envergonhada do comportamento da filha ao saber do triste episódio. De cabeça baixa, Maria Rita permanecia calada. Sua mãe olhou toda a classe e explicou: 

— Minha filha tem algo a dizer a todos. Não é verdade, Maria Rita? 

A garota, corada de vergonha, balbuciou: 

— Quero contar a vocês que eu encontrei a minha régua. 

Um murmúrio abafado agitou a classe. Leandro sorriu, respirando aliviado. A menina continuou: 

— Naquele dia, ao arrumar minhas coisas não percebi que a régua tinha caído num canto, entre o armário e a escrivaninha. Somente hoje a criada, fazendo a limpeza, a encontrou. 

Fez uma pausa e, aproximando-se de Leandro, disse: 
 

— Será que você poderá me perdoar a acusação injusta? Estou tão envergonhada! Prometo que isso nunca mais vai acontecer. Aprendi agora que não devemos julgar para não sermos julgados. 


O garoto, sorridente e aliviado, abraçou a coleguinha afirmando: 

— Nada tenho a perdoar, Maria Rita. O importante é que você achou a régua e tudo ficou esclarecido. 

A menina sorriu, agradecida pela generosidade do colega, e, tirando a régua da mochila, considerou: 

— Sei que nada pode apagar o mal que lhe causei. No entanto, gostaria que aceitasse essa lembrança, pois sei quanto a aprecia. 

Encantado, Leandro segurou a linda régua colorida, cheio de satisfação, enquanto a classe toda batia palmas, satisfeita com a solução do caso.


                                                        Tia Célia


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita