ADILTON
PUGLIESE
santospugliese@hotmail.com
Salvador,
Bahia (Brasil) |
A lição da escolha certa
“As coisas mais
importantes da vida
somente são valorizadas
depois que passam ou se
as perdem.” (Joanna de
Ângelis – Vida Feliz)
O homem de todos os
tempos, sobretudo dos
dias modernos, tem
concentrado a sua
atenção em torno de
inúmeras coisas que
despertam o seu
interesse.
Objetos e utensílios
vários, muitos de
avançada tecnologia,
aguçam o seu desejo de
posse, tudo fazendo para
conquistá-los, no que se
desgasta ou se deprime,
quando não logra o êxito
sonhado.
Há consideráveis
registros de ocorrências
envolvendo graves
conflitos, especialmente
entre familiares, na
disputa de propriedades
móveis e imóveis, bens
semoventes e depósitos
bancários, gerando,
muitas vezes, litígios
que conduzem os
participantes na demanda
jurídica a destilarem
sentimentos de ódio e
ressentimento, por se
considerarem, as partes,
cada uma merecedora do
direito de domínio,
jamais admitindo
“divisão”, ou
“renúncia”, ou
“acordos”. Os que vencem
essas batalhas no foro
legal, saem delas,
frequentemente, com
acentuado desgaste
emocional, a mente em
desalinho, quando não
descambam para a loucura
aqueles derrotados na
querela debatida em
juízo.
Muito tem sofrido o
homem que fixa os seus
valores nas coisas
transitórias do Mundo.
Alcançado pelo momento
fatal de se despedir do
corpo físico, através do
fenômeno da morte,
muitas vezes
prematuramente, chega ao
outro lado da vida
portando superlativas
aflições, cercado pelos
fantasmas de seus
desejos e aspirações
menos dignas, que elegeu
como metas
importantes e
legítimas, mantendo os
seus ideais de dominação
e poder, que se
esfumaçam, ante a
realidade espiritual da
sobrevivência.
Nesses instantes, o
desespero e o
arrependimento
conduzem-no aos momentos
de dor, que antecedem as
reflexões e o “encontro
com a Verdade”, de que
nos falou o Mestre. E é
nesse staccato
que descobre as coisas
mais importantes que
foram desvalorizadas e
negligenciadas.
Em O Evangelho
segundo o Espiritismo,
Allan Kardec, no
capítulo XVI, Não se
pode servir a Deus e a
Mamon, insere uma
mensagem de Blaise
Pascal, obtida em
Genebra em 1860. O
grande matemático,
físico, filósofo e
escritor francês,
desencarnado em 1662,
numa Instrução dos
Espíritos,
intitulada A
verdadeira propriedade,
destaca que “O homem
só possui em plena
propriedade aquilo que
lhe é dado levar deste
mundo. Do que encontra
ao chegar e deixa ao
partir goza ele enquanto
aqui permanece. Forçado,
porém, que é a abandonar
tudo isso, não tem das
suas riquezas a posse
real, mas, simplesmente,
o usufruto. Que é então
que ele possui? Nada do
que é do uso do corpo;
tudo o que é de uso da
alma: a inteligência, os
conhecimentos, as
qualidades morais. Isso
o que ele traz e leva
consigo, o que ninguém
lhe pode arrebatar
(...)”. (1)
Narra o Evangelista
Lucas que Jesus “estando
em viagem, entrou numa
aldeia” e, numa
residência, é alvo da
atenção especial de uma
mulher chamada Maria,
enquanto Marta, sua
irmã, busca os afazeres
domésticos para
homenagear o hóspede
inesperado. As duas
irmãs, ante a presença
do Cristo, fazem
escolhas diferentes:
Maria ouve a
palavra do Mestre,
“homenageia o Jesus
espiritual. Sua figura
importa mais do que tudo
porque Ele transmite a
palavra de Deus”. Ela
não se preocupa com as
atividades que atraem o
interesse de Marta, a
qual, “não percebendo a
messianidade de
Jesus” (2), reclama da
atitude da irmã,
censurando-a, recebendo
do Rabi, em
resposta, a lição da
escolha certa: “–
Marta, Marta, tu te
inquietas e te agitas
por muitas coisas; no
entanto, pouca coisa é
necessária, Maria
escolheu a melhor parte,
que nunca lhe será
tirada”. (3)
(destacamos)
Maria prefere ouvir a
Voz do Amor, para
aprender a amar-se e a
amar os seus irmãos de
Humanidade, e atingir a
culminância do amor a
Deus acima de todas as
coisas.
O Espírito Joanna de
Ângelis, em sua décima
obra da Série
Psicológica,
Jesus e o Evangelho – à
luz da Psicologia
profunda -,
psicografada pelo médium
Divaldo Franco, destaca
que Jesus compreendia
a finalidade superior da
propriedade, por isso,
valorizou-a, quando
conviveu com os homens
de bem e aqueles que
possuíam recursos,
estimulando-os porém, a
buscarem o reino dos
Céus, de que se haviam
esquecido. (4)
A oportunidade
reencarnatória é valiosa
bênção para o nosso
progresso espiritual.
Durante a viagem
terrestre busquemos
valorizar as coisas
mais importantes, a
fim de não perdê-las.
Referências
bibliográficas:
(1)
Kardec, Allan, O
Evangelho segundo o
Espiritismo. 110.
ed. Rio de Janeiro: FEB
– 1995 - pp. 260/261
(2) Quéré,
France. As mulheres
do Evangelho. s/ed.
São Paulo: Edições
Paulinas – 1984 – p. 42
(3)
Evangelho de Lucas – 10:
38 a 42
(4) 1a.
ed. Salvador/Ba.: LEAL –
2000 - p.145