CELSO MARTINS
limb@sercomtel.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Tempo
Todos se queixam
que o tempo está
passando muito
rápido. Minha
esposa Neli
Tavares Martins
viu pela TV
Educativa do Rio
de Janeiro,
antes de ser TV
Nacional,
concretizando o
sonho alcandorado do
educador Gilson
Amado, creio que
no programa Sem
Censura, uma
pessoa entendida
em Astronomia
dizendo que, de
fato, ocorreu
uma rápida
alteração na
aceleração do
movimento
rotatório da
Terra. Mas esta
variação foi
mínima, de modo
que as 24h
permanecem ainda
sendo 24h por
dia. Não fora
assim, e a força
centrífuga nos
atiraria a todos
no espaço sem
fim!
Ignorante em
muitas coisas,
inclusive na
ciência dos
astros, quero
crer que a vida
que se leva
ultimamente é
que se tem feito
muito corrida.
Com a mídia nos
bombardeando com
notícias de
todas as partes
do Mundo,
sobretudo as
notícias de
tragédias
pessoais e
sociais, em
tempo real,
temos esta
sensação de
corrida sobre o
tempo, em busca,
diria Proust, do
tempo perdido.
O Eclesiastes
nos fala, no
Velho
Testamento, que
há tempo para
tudo. Para
nascer e para
morrer. Para
semear e para
recolher. Para
trabalhar e para
repousar. Foi-se
o tempo em que
as crianças,
pelo menos pelo
que vejo em meu
derredor,
cantavam a
ciranda,
cirandinha,
vamos cirandar.
Foi-se o tempo
em que minha
saudosa mãezita
Maura do
Nascimento
Martins
(1923-1997) nos
contava a mim e
à única irmã
Célia fatos de
sua terra natal,
nos carnavais
dos Campos dos
Goytacazes.
Foi-se o tempo
em que, sentado
à mesa do lar
materno (ou
paterno, você
escolhe o melhor
adjetivo!),
punha-me a
escrever sonetos
e contos. Foi-se
igualmente o
tempo em que meu
pai, ainda entre
nós (com 89 anos
em agosto de
2008), mostrando
o céu pintadinho
de estrelas,
dizia que lá
moravam outros
Espíritos na
imensa casa do
Pai Celestial. E
nós, crianças,
como sonhávamos,
enlevadas!
No livro “Ação e
Reação”, o
Espírito André
Luiz, escrevendo
pelo lápis
psicográfico do
saudoso Chico
Xavier, já dizia
que “o tempo é a
nossa bênção...
Com os dias
coagulamos a
treva ao redor
de nós e, com os
dias,
convertemos esta
mesma treva em
sublimada luz”.
Por sinal, já
mandou você uma
carta pelo
correio
tradicional (não
um correio
eletrônico,
frio,
tecnológico,
rápido) a um
amigo com o qual
não tenha
contato devido
ao correr da
vida moderna?
Não? Faça já!
Será agradável
surpresa! O
tempo (e aí
valho-me de um
pensamento de
autor
desconhecido)
modifica as
ideias mais
radicais, atenua
as maiores
paixões, faz
desmoronar os
castelos mais
sólidos, e
sonhos então...
nem pensar. O
tempo só não
toca nos amigos
que não se
desfazem pela
distância. Estão
sempre unidos
pela geografia
do coração. (Cx.
Postal 61003,
Vila Militar,
Rio de Janeiro,
RJ,
CEP21615-970.)