MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
18)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Segundo Irmã Clara, a
cólera deve ser sempre
evitada. E a indignação?
Após dizer que a cólera,
pelas perturbações que
gera, nem deve ser
cogitada por aquele que
fala às pessoas, Clara
foi interpelada por um
de seus alunos: "E se
substituíssemos o termo
cólera pelo termo
indignação?" Ela
pensou alguns instantes
e respondeu:
"Efetivamente, não
poderíamos completar os
nossos apontamentos, sem
analisar a indignação
como estado dalma, por
vezes necessário.
Naturalmente é
imprescindível fugir aos
excessos. Contrariar-se
alguém a propósito de
bagatelas e a todos os
instantes do dia será
baratear os dons da
vida, desperdiçando-os,
de modo inconsequente,
sem o mínimo proveito
para si mesmo ou para os
outros”.
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXII, págs. 138 e
139.)
B. Em que situação a
indignação é aceitável?
Aludindo ao tema, Clara
disse que a serenidade,
em qualquer situação,
será sempre a melhor
conselheira, mas, às
vezes, a indignação é
necessária para marcar
nossa repulsa contra os
atos deliberados de
rebelião ante as Leis do
Senhor, sem que essa
elevada tensão de
espírito se arroje à
violência ou perca a
dignidade de que fomos
investidos. Nosso
exemplo é um fulcro de
atração, motivo por que
precisamos muita cautela
com a palavra, nos
momentos de tensão alta
de nosso mundo emotivo,
para que nossa voz não
se desmande em gritos
selvagens ou em
considerações cruéis que
não passam de choques
mortíferos que
infligimos aos outros.
(Obra citada, cap. XXII,
págs. 139 e 140.)
C. Que efeitos pode
gerar o ciúme que não
conseguimos erradicar de
nossa vida?
O ensinamento também
neste caso veio de Irmã
Clara, que assim se
dirigiu a Odila, a
falecida esposa de
Amaro: "Odila, o ciúme
que não destruímos,
enquanto dispomos da
oportunidade de
trabalhar no corpo
denso, transforma-se em
aflitiva fogueira a
calcinar-nos o coração,
depois da morte”.
(Obra citada, cap.
XXIII, pp. 143 e 144.)
Texto
para leitura
64. A
questão da indignação
- Após dizer que a
cólera, pelas
perturbações que gera,
nem deve ser cogitada
por aquele que fala às
pessoas, Clara foi
interpelada por um de
seus alunos: "E se
substituíssemos o termo
cólera pelo termo
indignação?" A
instrutora pensou alguns
instantes e respondeu:
"Efetivamente, não
poderíamos completar os
nossos apontamentos, sem
analisar a indignação
como estado dalma, por
vezes necessário.
Naturalmente é
imprescindível fugir aos
excessos. Contrariar-se
alguém a propósito de
bagatelas e a todos os
instantes do dia será
baratear os dons da
vida, desperdiçando-os,
de modo inconsequente,
sem o mínimo proveito
para si mesmo ou para os
outros. Imaginemos a
indignação por subida de
tensão na usina de
nossos recursos
orgânicos, criando
efeitos especiais à
eficiência de nossas
tarefas. Nos casos de
exceção, em que
semelhante diferença de
potencial ocorre em
nossa vida íntima, não
podemos esquecer o
controle da inflexão
vocal. Assim como a
administração da energia
elétrica reclama atenção
para a voltagem,
precisamos vigiar a
nossa indignação
principalmente quando
seja imperioso vertê-la
através da palavra,
carregando a nossa voz
tão-somente com a força
suscetível de ser
aproveitada por aqueles
a quem endereçamos a
carga de nossos
sentimentos. É
indispensável modular a
expressão da frase, como
se gradua a emissão
elétrica..."
Irmã Clara prosseguiu
dizendo que nossa vida
pode ser comparada a
grande curso educativo,
em que damos e
recebemos, ajudamos e
somos ajudados. A
serenidade, em qualquer
situação, será sempre a
melhor conselheira, mas,
às vezes, a indignação é
necessária para marcar a
nossa repulsa contra os
atos deliberados de
rebelião ante as Leis do
Senhor, sem que essa
elevada tensão de
espírito se arroje à
violência ou perca a
dignidade de que fomos
investidos. Basta,
dentro dela, nossa
abstenção de atos que
intimamente reprovamos,
porque nossa atitude é
uma corrente de indução
magnética. Em torno de
nós, quem simpatiza
conosco faz geralmente
aquilo que nos vê fazer.
Nosso exemplo é um
fulcro de atração,
motivo por que
precisamos muita cautela
com a palavra, nos
momentos de tensão alta
de nosso mundo emotivo,
para que nossa voz não
se desmande em gritos
selvagens ou em
considerações cruéis que
não passam de choques
mortíferos que
infligimos aos outros.
Ato contínuo, Clara
respondeu a uma pergunta
sobre a gaguez e a
diplofonia,
esclarecendo que, sem
dúvida, os órgãos vocais
experimentam também
lutas e provações
quando reclamam
reajuste. (N.R.:
Diplofonia é uma
patologia caracterizada
pela formação simultânea
de dois sons na
laringe.)
Considerando que, por
intermédio da voz,
praticamos vários
delitos de tirania
mental, cabe-nos,
através dela, reparar os
débitos contraídos –
asseverou a instrutora.
(Cap. XXII, págs. 138 a
140)
65. Efeito da
prece - Em casa
de Amaro, a paisagem não
se alterara. Odila
continuava a atormentar
Zulmira, que jazia no
leito, apática e
desolada, como estátua
viva de angústia e
medo... Irmã Clara,
atendendo ao pedido de
Clarêncio, ali estava
para esclarecer a
infeliz mulher.
Abeirando-se da genitora
de Evelina, que não lhe
percebia a presença,
alongou os braços em
prece. Gradativamente, o
recinto foi invadido por
vasto círculo de luz, do
qual se fizera a
instrutora o núcleo
irradiante. Cercava-a
enorme halo de dourado
esplendor... As
irradiações passaram, em
sequência, a tonalidades
diferentes, em círculos
fechados sobre si
mesmos, caminhando dos
reflexos de ouro e opala
ao róseo vivo, deste ao
azul celeste, daí ao
verde claro e, por fim,
ao violeta suave, que se
transfundia em outros
aspectos inacessíveis à
observação de André.
Clara parecia o centro
de milagroso arco-íris,
cuja existência jamais
André pudera vislumbrar.
Odila aquietou-se
dominada por branda
coação. Clara já havia
atingido, conforme
Clarêncio explicou, o
total equilíbrio dos
centros de força, que
irradiavam ondulações
luminosas e distintas.
"Em oração, ao influxo
da mente enaltecida,
emite as vibrações do
seu sentimento
purificado – informou o
Ministro –, que
constituem projeções de
harmonia e beleza a lhe
fluírem do ser". Se
eles partilhassem com
ela a mesma posição
evolutiva, veriam que
de seu coração nascia
uma mensagem
glorificada, de vez que
aquelas irradiações
constituíam, na verdade,
música e linguagem,
sabedoria e amor do
pensamento a
expressar-se maravilhoso
e vivo... Clara,
transfigurada, parecia
mais bela e, com um leve
toque, ampliou-lhe a
visão espiritual,
permitindo que a
primeira esposa de Amaro
a visse. (Cap. XXIII,
págs. 141 e 142)
66. Quem ama
semeia a vida -
Ofuscada pelo brilho de
Clara, Odila deu um
grito e começou a
chorar, suplicando:
"Anjo de Deus,
socorre-me!
socorre-me!..."
Clara perguntou-lhe: –
"Odila, que fazes?" –
perguntou-lhe Clara.
– "Estou aqui,
vingando-me por amor..."
– "Haverá, porém, algum
ponto de contacto entre
amor e vingança?"
– "Devo alijar a intrusa
que me assaltou a casa!
Esta miserável mulher
tomou-me o marido e
assassinou-me o
filhinho!... Quem ama
faz justiça pelas
próprias mãos!..."
– "Pobre filha! Quem ama
semeia a vida e a
alegria, combatendo o
sofrimento e a morte...
Quando nosso culto
afetivo se converte em
flagelação para os que
seguem ao nosso lado,
não abrigamos outro
sentimento que não seja
aquele do desvairado
apego a nós mesmos, na
centralização do egoísmo
aviltante. Achamo-nos à
frente de infortunada
irmã, arrojada a
dolorosa prova. Não te
dói vê-la derrotada e
infeliz?"
– "Ela desposou o homem
que amo!..."
– "Não seria mais justo
considerar que ele a
desposou?"
Ao dizer isto, Clara
acariciou-lhe a cabeça e
aduziu: "Odila, o ciúme
que não destruímos,
enquanto dispomos da
oportunidade de
trabalhar no corpo
denso, transforma-se em
aflitiva fogueira a
calcinar-nos o coração,
depois da morte.
Acalma-te! A mulher de
carne, que eras, precisa
agora oferecer lugar à
mulher de luz que deves
ser. A porta do lar
terrestre, onde te
supunhas rainha de
pequeno império sem fim,
cerrou-se com os teus
olhos materiais! A
passagem na Terra é um
dia na escola... Todos
os bens que
desfrutávamos no mundo
de onde viemos
constituíam recursos do
Senhor que no-los
concedia a título
precário. Por lá,
raramente nos lembramos
de que o tesouro do
carinho doméstico é
algo semelhante a
sementeira preciosa,
cujos valores devemos
estender..." Clara
disse-lhe então ser
preciso desenvolver a
obra de amor no rumo da
Humanidade inteira, não
apenas no lar: "Temos um
só Pai que é o Senhor da
Bondade Infinita, que
nos centraliza as
esperanças... Somos,
assim, todos irmãos,
partes integrantes de
uma família só... Já te
imaginaste no lugar de
Zulmira,
experimentando-lhe as
dificuldades e
aflições? Se te visses
no mundo, sem a
companhia dele, com os
filhinhos necessitados
de consolo e
sustentação, não
sentirias reconhecimento
por alguém que te
auxiliasse a
protegê-los?" Odila,
evidenciando sinais de
angústia, replicou: "Não
me fales assim! odeio a
infame que nos roubou a
felicidade..." (Cap.
XXIII, pp. 143 e 144)
(Continua no próximo
número.)