GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
Apometria não
convém às Casas
Espíritas
(Parte 3 e
final)
Técnicas
mediúnicas que
não são práticas
espíritas
–
A mediunidade
não é patrimônio
exclusivo da
Doutrina
Espírita e
muitas práticas
alheias ao
Espiritismo a
utilizam. É
dever de todo
espírita estudar
profundamente as
obras básicas,
para que
possamos
preservar a
pureza
doutrinária. O
Codificador,
referindo-se ao
Espiritismo,
indaga-nos:
"Como
pretender-se em
algumas horas
adquirir a
Ciência do
Infinito?", em
"O Livro dos
Espíritos"
(Introdução ao
estudo da
Doutrina
Espírita, item
XIII, p 39),
edição FEB.
Diversos cultos
religiosos
desenvolvem
atividades que
favorecem a
renovação
espiritual de
encarnados e
desencarnados.
Merecem nosso
respeito, mas
nem por isso
vamos adotar
seus rituais e
práticas
exteriores, por
considerá-los
contrários aos
princípios
básicos da
Doutrina
Espírita.
Concluímos que
falta o
conhecimento da
Doutrina
Espírita. Não
basta a
frequência à
Casa Espírita.
Indispensável
estudá-la,
incessante,
incansavelmente.
Seu aprendizado
exige esforços.
Percebe-se,
claramente, que
a Doutrina
Espírita é uma
ilustre
desconhecida de
boa parte dos
'espíritas',
especialmente
quanto à sua
parte teórica.
Reconhecemos
haver pessoas
sinceras, com
elevados
sentimentos, que
enveredam por
esses outros
caminhos; mas
sabemos que não
bastam os bons
sentimentos,
como bem nos
recomenda o
Espírito da
Verdade, em "O
Evangelho
Segundo o
Espiritismo",
Cap. VI, item
5:
"Espíritas,
amai-vos, este o
primeiro
ensinamento;
instruí-vos,
este o
segundo."
Portanto, urge
estudar a
Doutrina
Espírita, para
melhor
aplicá-la.
Indispensável
estabelecer
critérios mais
rigorosos quanto
à admissão de
participantes às
reuniões
mediúnicas.
Allan Kardec era
extremamente
rigoroso para
admitir
frequentadores
às reuniões
ditas
experimentais.
Há dois meios
fundamentais ao
aprimoramento
das reuniões
mediúnicas:
estudo e reforma
íntima.
"Não imaginais o
que se pode
obter numa
reunião séria,
de onde se haja
banido todo
sentimento de
orgulho e de
personalismo e
onde reine
perfeito o de
mútua
cordialidade."
"O Livro dos
Médiuns", cap.
XXV, item 282,
15ª ed. FEB.
Conclusões
–
Do exposto,
concluíram os
integrantes da
Comissão de
Trabalhos
Mediúnicos:
1) Que o
Espiritismo
constitui-se
numa doutrina
completa, em
seus aspectos
moral,
religioso,
filosófico e
científico, com
suas raízes no
Evangelho de
Jesus Cristo,
representando o
Cristianismo
Redivivo;
2) Que não basta
afirmar-se
espírita e
utilizar a
mediunidade para
que uma prática
seja considerada
espírita;
3) Que as
orientações dos
Espíritos
Superiores que
acompanham o
Movimento
Espírita no
Brasil são muito
claras quanto à
fidelidade aos
princípios
codificados por
Allan Kardec;
4) Que a
orientação, a
experiência e a
prática dos
médiuns mais
amadurecidos
como Francisco
Cândido Xavier e
Divaldo Pereira
Franco, entre
outros, tem
demonstrado
sempre a
necessidade de
vigilância com
relação à
preservação da
pureza dos
princípios
básicos da
Doutrina
Espírita;
5) Que esta
prática da
técnica
apométrica
realizada dentro
da Casa de
Eurípedes teve
caráter
experimental,
com o objetivo
de avaliar sua
aplicabilidade,
eficiência e
adequação aos
princípios
espíritas que
aquela
Instituição tem
preservado com
rigor e
fidelidade;
6) Que
ultrapassado
esse período de
experimentação e
avaliação,
concluíram pela
incompatibilidade
da apometria com
os princípios
que a Casa
adota;
7) Que o uso de
energia para
afastar
obsessores sem a
necessária
transformação
moral (Reforma
Íntima),
indispensável à
libertação real
dos envolvidos
nos dramas
obsessivos,
contradiz os
princípios
básicos do
Espiritismo,
pois, o simples
afastamento das
entidades
rancorosas não
resolve a
questão;
8) Que a
apometria,
especialmente
por suas leis e
rituais, não é
técnica que se
enquadra nos
princípios
doutrinários
espíritas,
codificados por
Allan Kardec não
sendo, portanto,
uma prática
Espírita;
9) Que a
ausência, nas
reuniões da
apometria, de
atitudes de
recolhimento
íntimo, de
concentração
superior e da
manutenção do
ambiente de
prece e elevação
mental contraria
as orientações
doutrinárias
espíritas, tanto
do ponto de
vista moral como
da técnica
mediúnica
espírita,
propiciando as
manifestações
anímicas e a
mistificação,
com grande risco
de se perder o
controle e
evoluir para
processos
obsessivos
graves;
10) Que a
utilização pela
prática
apométrica de
contagens de
pulsos, gestos
especiais, entre
outros atos
exteriores, abre
precedentes
graves para
implantação de
rituais e
maneirismos,
totalmente
inaceitáveis na
prática
espírita, que é
doutrina da fé
raciocinada;
11) Que o
programa
terapêutico do
Hospital prevê a
abordagem do ser
humano nos seus
aspectos
bio-psico-sócio-espirituais,
oferecendo
tratamento
médico,
sócio-familiar,
psicoterápico e
espiritual de
forma integrada
e solidária, de
acordo com a
visão espírita,
não existindo
dados que possam
garantir
superioridade da
técnica
apométrica
isoladamente
sobre quaisquer
outras
utilizadas pelo
Hospital.
Concluíram,
afinal, após
longos estudos
e,
especialmente,
ouvir detalhada
exposição do
assunto, com uso
de data-show,
pela equipe que
a praticava em
nossa
Instituição, que
a apometria não
se ajusta à
Doutrina
Espírita e, por
isso, sua
prática não é
adequada à Casa
de Eurípides.
Nestes três
artigos expomos
aos interessados
o resultado
desses estudos,
que justificam
nossa posição
contrária à
utilização desse
método.
Assim, o parecer
daquela Comissão
sugeriu que o
Conselho
Doutrinário e
Mediúnico
recomendasse, ao
grupo que aplica
a técnica
apométrica
naquele Hospital
Espírita, que a
suspendesse,
retornando à
prática das
reuniões
mediúnicas de
desobsessão, de
acordo com os
princípios
doutrinários
espíritas.
Aventou, ainda,
a possibilidade
de o Conselho
Doutrinário e
Mediúnico adotar
alternativas,
para o
encaminhamento
da relevante
questão. Mas que
considerasse
sobretudo a
responsabilidade
que lhe pesa nos
ombros, conforme
assinala o digno
Dr. Bezerra de
Menezes:
"Cumpre-vos
transferir às
gerações
porvindouras,
com a pulcritude
que o
recebestes, o
patrimônio
espírita legado
pelos
Benfeitores da
Humanidade e
codificado pelo
ínclito Allan
Kardec,
preparando as
gerações novas,
que vos
sucederão na
jornada de
construção do
mundo novo."
(Bezerra de
Menezes/Divaldo
P. Franco:
Bezerra de
Menezes ontem e
hoje, ed. FEB,
p. 155)
A recomendação
para que se
preserve,
naquele Hospital
Espírita, a
fidelidade ao
Espiritismo, que
é doutrina
completa,
cristalina,
dispensando
enxertias de
quaisquer
natureza, foi
aprovada.
Lamentavelmente,
não obstante
reiterados
apelos de vários
integrantes do
Conselho, o
grupo não acatou
a sugestão de
voltar à lídima
prática
mediúnica
espírita,
preferindo
afastar-se da
Casa de
Eurípedes. Mas
lhes foi dito
que as portas da
Casa
permanecem-lhes
abertas, bem
assim os nossos
corações, se se
dispuserem à
fidelidade a
Jesus e a Allan
Kardec!
(*) Colaborou na
redação do
artigo o
confrade Jeziel
Silva Ramos,
médico e
presidente do
Hospital
Espírita
Eurípedes
Barsanulfo, de
Goiânia (GO).