RENATO COSTA
rsncosta@terra.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Quarenta dias
sem comer
A história não
registra apenas
o Mestre Jesus
entre os que
passavam longos
períodos sem
comer. No
entanto,
tampouco
registra que
qualquer pessoa
que tenha tido
tal habilidade
conhecesse uma
técnica própria
para ensinar aos
outros. Alguns
críticos das
escrituras
simplesmente
ironizam tal
relato
considerando-o
não mais que uma
lenda, mas, em
nossa opinião, o
tom irônico e o
desinteresse
pela pesquisa
sobre o fenômeno
não é a melhor
abordagem para
uma questão tão
intrigante
quanto pouco
estudada.
Ensina a ciência
que uma pessoa
que não come
acaba consumindo
suas próprias
reservas,
primeiro as de
gordura e,
depois, as
musculares, a
não ser que
também não
respire ou tenha
um metabolismo
totalmente
diferente do
humano. O que
essa teoria não
explica, no
entanto, é como
aparecem certas
pessoas ao longo
da história
capazes de
jejuar por
longos períodos
sem a
significativa
perda de peso
esperada e sem
ficarem doentes.
A maior parte
dos cientistas,
de forma
pré-concebida,
prefere
descartar o
relato de tais
fatos como
folclore.
A natureza
apresenta
exemplos
interessantes ao
nosso estudo. A
hibernação é um
estado letárgico
pelo qual certos
animais de
sangue quente
passam durante o
inverno,
principalmente
em regiões
temperadas e
árticas. Durante
a hibernação, o
animal mergulha
num estado de
sonolência e
inatividade, no
qual as funções
vitais de seu
organismo são
reduzidas ao
mínimo
necessário à
sobrevivência. A
maior parte dos
animais que
hibernam o faz
nos períodos de
maior
dificuldade de
obtenção de
alimentos ou de
sobrevivência ao
ar livre. Há
alguns, no
entanto, que
hibernam de
qualquer jeito,
como os esquilos
que, mesmo
levados a
ambientes
aquecidos
durante o
inverno,
hibernam no
mesmo período em
que o fariam no
seu habitat
natural. Isso
sugere que as
alterações no
seu metabolismo
necessárias à
hibernação já
estão
programadas de
forma
automática,
dispensando
estímulos
exteriores.
É fato conhecido
que os
indivíduos das
espécies que
hibernam perdem
peso durante a
hibernação, mas
muito menos do
que perderiam no
mesmo período se
não estivessem
hibernando.
No caso das
espécies animais
que hibernam,
sabemos que tal
comportamento
lhes é
instintivo. Eles
não decidem
racionalmente
hibernar nem
reduzem
conscientemente
seu metabolismo
para tal. Isso
não quer dizer,
no entanto, que
um efeito
semelhante não
possa ser obtido
por decisão
racional e de
forma
consciente.
Quando o Senhor
Jesus passou 40
dias em
meditação no
deserto sem se
alimentar, ele
deve ter feito
algo semelhante
ao que dizem que
iogues avançados
sabem fazer, que
é reduzir ao
mínimo a
respiração e
parar totalmente
os movimentos
corporais para,
assim, diminuir
o ritmo do
metabolismo e,
em consequência,
a necessidade
energética do
corpo. Nada mais
natural,
portanto, que,
como relatam os
Evangelhos, ao
voltar do
deserto, o
Mestre tenha
sentido fome,
mas não
estivesse doente
nem esquálido.
Como espíritas,
devemos ainda
notar que, caso
o amado Mestre
tivesse querido
usar sua
sabedoria imensa
para viver sem
comer, ele
certamente não
teria tido
qualquer
dificuldade em
fazê-lo, pois
teria, de forma
consciente,
moldado em seu
corpo físico um
metabolismo
próprio para
tal. Se não o
fez é porque
desejou vir ao
mundo humilde e
igual a todos
nós, com as
mesmas
necessidades
biológicas que
temos, de modo a
nos mostrar que
um dia, não
importa quão
distante esteja,
todos poderemos
fazer o que ele
fez.
Bibliografia:
De Cicco,
Lucia Helena
Salvetti.
Saúde Animal.
Obtido, em
08/07/2006, de
http://www.saudeanimal.com.br/2mil_002.htm.