A Revue Spirite
de 1867
Allan Kardec
(Parte
3)
Continuamos a apresentar
o
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1867. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. Quais as causas das
doenças em geral?
Segundo o Espírito de
Morel Lavallée, a causa
da doença pode estar no
corpo, no perispírito ou
no próprio Espírito. A
medicação deve guardar
relação com a causa da
enfermidade. Se esta
proceder do Espírito,
não se pode empregar,
para a combater, outra
coisa senão uma
medicação espiritual.
“Para destruir uma causa
mórbida – assevera o Dr.
Morel – há que
combatê-la em seu
terreno.”
(Revue Spirite de 1867,
pp. 55 e 56.)
B. Pode a alma de uma
pessoa ficar
estacionária, sem
avançar como devia?
Sim. Em mensagem
publicada na Revue, Luís
de França (Espírito) diz
que enquanto o homem
negligencia cultivar o
seu espírito, e fica
absorvido pela busca ou
a posse dos bens
materiais, sua alma
permanece de certo modo
estacionária. A bondade
de Deus é, contudo,
infinita e ultrapassa a
indiferença de seus
filhos. Eis por que lhes
envia mensageiros
divinos que vêm
lembrar-lhes que Deus
não os criou para a
Terra, onde ficam apenas
por algum tempo, a fim
de que pelo trabalho
desenvolvam as
qualidades de sua alma.
(Obra citada, pp. 58 e
59.)
C. Como o Espiritismo
define o pensamento?
O pensamento é um
atributo do Espírito.
Sobrevivendo este à
morte do corpo, o
pensamento também lhe
sobrevive. Aliás,
segundo o Espiritismo, o
Espírito não somente
sobrevive, mas
preexiste ao corpo.
Não é um ser novo e traz
ao nascer ideias,
qualidades e
imperfeições que já
possuía. Assim se
explicam as aptidões e
as inclinações inatas.
(Obra citada, pp. 67 a
72.)
Texto para leitura
27. Caso semelhante foi
noticiado pelo
Spiritual Magazine,
de Londres, acerca de
Tom, o Cego, que esteve
em Londres, onde fez
enorme sucesso com seu
talento musical, pois
repete sem falha no
piano tudo quanto lhe
tocam, quer sonatas
clássicas antigas, quer
fantasias modernas.
Kardec assevera que as
reflexões feitas sobre a
menina de Toulon
naturalmente se aplicam
a Tom, que deve ter sido
um grande músico. “O que
torna o fenômeno mais
extraordinário – observa
Kardec – é que se
apresenta num negro,
escravo e cego, tríplice
causa que se opunha à
cultura de suas aptidões
nativas e a despeito da
qual se manifestaram na
primeira ocasião
favorável.” “Tom, o
escravo, nascido e
aclamado na América, é
um protesto vivo contra
os preconceitos que
ainda reinam nesse
país.” (Págs. 49 a
51.)
28. Referindo-se a uma
notícia publicada no
Morning-Post acerca
de um caso de suicídio
cometido por um cão em
Frinsbury, perto de
Rochester, Kardec diz
que não faltam exemplos
de suicídio entre os
animais. O cão que se
deixa morrer de inanição
pelo pesar de haver
perdido o dono realiza
um verdadeiro suicídio.
O escorpião, cercado
pelo fogo e vendo que
não pode sair, mata-se.
Esses fatos provam que o
animal tem consciência
de sua existência e de
sua individualidade e
compreende o que é a
vida e a morte. Não é,
pois, uma máquina nem
obedece exclusivamente a
um instinto cego, porque
o instinto impele os
seres à procura dos
meios de conservação,
não de sua própria
destruição. (Págs. 51
e 52.)
29. A
Revue publica
mais uma poesia
mediúnica recebida pelo
Sr. Vavasseur.
Intitulada Lembrança,
a poesia é assinada pelo
Espírito de Jean.
(Págs. 52 a 55.)
30. Escrevendo sobre as
doenças e suas
principais causas, o
Espírito de Morel
Lavallée diz que a
doença pode vir do
corpo, do perispírito ou
do próprio Espírito. A
medicação deve guardar
relação com a causa da
enfermidade. Se esta
proceder do Espírito,
não se pode empregar,
para a combater, outra
coisa senão uma
medicação espiritual.
“Para destruir uma causa
mórbida – assevera o Dr.
Morel – há que
combatê-la em seu
terreno.” (Págs. 55 e
56.)
31. Em uma comunicação
intitulada A clareza,
Sonnez (Espírito) afirma
que no século 19 o que
mais faltava era
clareza. A clareza é
útil em tudo e a todos;
sem ela tudo marcha
tateando. É por isto
que, antes de aconselhar
e ensinar, o espírita
deve começar logo por
esclarecer os menores
refolhos de sua alma. A
tarefa do Espiritismo é
rasgar o véu sombrio dos
séculos de ferro e
conduzir os terrícolas à
conquista das verdades
prometidas. “Trabalhar
com este objetivo –
conclui Sonnez – é ser
adepto do Menino de
Belém, é ser filho de
Deus de quem emanam toda
a luz e toda a clareza.”
(Págs. 56 a 58.)
32. Luís de França
(Espírito) reafirma a
informação de que os
tempos são chegados e
alude, numa mensagem
recebida em 8 de janeiro
de 1866, à profecia
bíblica pertinente à era
da mediunidade, em que
os velhos teriam sonhos
e os filhos
profetizariam. Eis
alguns apontamentos
extraídos da citada
comunicação: I) O
Espiritismo é esta
difusão do Espírito
divino, que vem instruir
e moralizar todos os
pobres deserdados da
vida espiritual que
esquecem que o homem não
vive apenas de pão. II)
Enquanto o homem
negligencia cultivar o
seu espírito e fica
absorvido pela busca ou
a posse dos bens
materiais, sua alma
permanece de certo modo
estacionária. III) A
bondade de Deus é,
contudo, infinita e
ultrapassa a indiferença
de seus filhos. Eis por
que lhes envia
mensageiros divinos que
vêm lembrar-lhes que
Deus não os criou para a
Terra, onde ficam apenas
por algum tempo, a fim
de que, pelo trabalho,
desenvolvam as
qualidades de sua alma.
IV) O Espiritismo é a
realização das
profecias, o sinal
brilhante da bondade do
Pai e um novo apelo ao
desprendimento da
matéria, porque só ele
pode proporcionar ao
homem a verdadeira
felicidade. (Págs. 58
e 59.)
33. O romance intitulado
Mirette, escrito
por Élie Sauvage, é
focalizado pela Revue,
que resume em poucas
palavras o enredo e os
personagens principais
da obra. Analisando-a,
Kardec diz que a obra é
uma pintura da vida
real, onde nada se
afasta do possível e da
qual o Espiritismo tudo
pode aceitar. O
comentário de Kardec é
complementado por uma
mensagem assinada pelo
Espírito de Morel
Lavallée, que elogia de
igual forma o romance.
(Págs. 59 a 64.)
34. O número de
fevereiro se encerra com
três notícias: I) O
lançamento da coletânea
de poesias mediúnicas
obtidas pelo Sr.
Vavasseur e reunidas sob
o título de Echos
Poétiques d’Outre-Tombe.
II) O anúncio da
publicação em fascículos
da obra Nova Teoria
Médico-Espírita,
escrita pelo doutor
Brizio, de Turim. III) O
aviso do lançamento da
tradução em espanhol d’
O Livro dos Médiuns, que
poderia ser adquirida em
Madri, Barcelona,
Marselha e Paris.
(N.R.: As duas últimas
notícias saíram também
na edição de março de
1867.) (Pág. 65.)
35. Pode a homeopatia
modificar as disposições
morais de uma pessoa?
Antes de responder
negativamente a essa
pergunta, Kardec
desenvolve extensas
considerações sobre o
assunto, das quais
destacamos os pontos que
se seguem: I) Certas
partes do cérebro têm
funções especiais e são
afetadas por uma ordem
particular de
pensamentos e
sentimentos. II) As
faculdades afetivas, os
sentimentos e as paixões
se acham, assim,
sediadas em certas
partes do cérebro. III)
O pensamento é um
atributo do Espírito;
sobrevivendo este à
morte do corpo, o
pensamento também lhe
sobrevive. IV) Segundo o
Espiritismo, o Espírito
não somente sobrevive,
mas preexiste ao
corpo; não é um ser
novo; traz ao nascer
ideias, qualidades e
imperfeições que já
possuía. Assim se
explicam as aptidões e
as inclinações inatas.
V) As aptidões do
Espírito são, pois,
causa, e o estado
dos órgãos, efeito.
VI) Pode acontecer,
porém, que o estado dos
órgãos seja modificado
por outra causa
estranha ao Espírito:
doenças, acidentes,
influência atmosférica
ou climatérica. Nesses
casos, os órgãos é que
reagirão sobre o
Espírito, não
alterando as suas
faculdades, mas
perturbando suas
manifestações. VII) Se
as imperfeições são
inerentes à
inferioridade do
Espírito, este não se
modificará com a
alteração sofrida por
seu invólucro carnal.
VIII) Os medicamentos
homeopáticos têm, por
sua natureza etérea, uma
ação de certa forma
molecular. Podem, pois,
mais que outros, agir
sobre certas partes
elementares e fluídicas
dos órgãos e
modificar-lhes a
constituição íntima. IX)
Não podem, porém, agir
sobre o ser espiritual
senão por meios
espirituais. A medicação
é capaz de tornar o
Espírito mais flexível,
mais dócil e mais
acessível às influências
morais; mas seria uma
ilusão esperar de uma
medicação qualquer um
resultado definitivo e
durável no tocante à
alma. (Págs. 67 a
72.)
36. Finalizando o
artigo, Kardec diz que
seria diferente se o
objetivo fosse ajudar a
manifestação de uma
faculdade já existente.
Reajustado o organismo,
o Espírito terá maiores
possibilidades de ação.
Obviamente, em casos
assim, não é o Espírito
que se aprimora com o
tratamento, mas, sim, os
meios de comunicação. E
isso é perfeitamente
possível. (Pág. 72.)
37. As ideias espíritas
estão no ar! Essa foi
uma das frases
utilizadas por Kardec ao
comentar a repercussão
positiva obtida por
Mirette, o romance
escrito pelo Sr. Sauvage.
As ideias espíritas
efetivamente estavam
presentes em vários
livros lançados à época
e também no teatro. “Os
Espíritos – disse o
Codificador – não se
enganaram quando
anunciaram que a ideia
espírita viria à luz por
toda a sorte de meios.”
(Págs. 72 a 75.)
38. Kardec destaca da
conhecida obra
Robinson Crusoé três
passagens em que o autor
alude de modo explícito
à intervenção dos
Espíritos nas peripécias
vividas pelo famoso
personagem. As citações
referidas pelo
Codificador não se
encontram nas edições
abreviadas da obra, mas
somente nas edições
completas. (Págs. 76
e 77.)
(Continua no próximo
número.)