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Estudando as obras de Kardec
Ano 4 - N° 176 - 19 de Setembro de 2010

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Revue Spirite de 1867

Allan Kardec 

(Parte 3)

Continuamos a apresentar o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1867. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. Quais as causas das doenças em geral?

Segundo o Espírito de Morel Lavallée, a causa da doença pode estar no corpo, no perispírito ou no próprio Espírito. A medicação deve guardar relação com a causa da enfermidade. Se esta proceder do Espírito, não se pode empregar, para a combater, outra coisa senão uma medicação espiritual. “Para destruir uma causa mórbida – assevera o Dr. Morel – há que combatê-la em seu terreno.” (Revue Spirite de 1867, pp. 55 e 56.) 

B. Pode a alma de uma pessoa ficar estacionária, sem avançar como devia?

Sim. Em mensagem publicada na Revue, Luís de França (Espírito) diz que enquanto o homem negligencia cultivar o seu espírito, e fica absorvido pela busca ou a posse dos bens materiais, sua alma permanece de certo modo estacionária. A bondade de Deus é, contudo, infinita e ultrapassa a indiferença de seus filhos. Eis por que lhes envia mensageiros divinos que vêm lembrar-lhes que Deus não os criou para a Terra, onde ficam apenas por algum tempo, a fim de que pelo trabalho desenvolvam as qualidades de sua alma. (Obra citada, pp. 58 e 59.)  

C. Como o Espiritismo define o pensamento?

O pensamento é um atributo do Espírito. Sobrevivendo este à morte do corpo, o pensamento também lhe sobrevive. Aliás, segundo o Espiritismo, o Espírito não somente sobrevive, mas preexiste ao corpo. Não é um ser novo e traz ao nascer ideias, qualidades e imperfeições que já possuía. Assim se explicam as aptidões e as inclinações inatas. (Obra citada, pp. 67 a 72.)  

Texto para leitura 

27. Caso semelhante foi noticiado pelo Spiritual Magazine, de Londres, acerca de Tom, o Cego, que esteve em Londres, onde fez enorme sucesso com seu talento musical, pois repete sem falha no piano tudo quanto lhe tocam, quer sonatas clássicas antigas, quer fantasias modernas. Kardec assevera que as reflexões feitas sobre a menina de Toulon naturalmente se aplicam a Tom, que deve ter sido um grande músico. “O que torna o fenômeno mais extraordinário – observa Kardec – é que se apresenta num negro, escravo e cego, tríplice causa que se opunha à cultura de suas aptidões nativas e a despeito da qual se manifestaram na primeira ocasião favorável.” “Tom, o escravo, nascido e aclamado na América, é um protesto vivo contra os preconceitos que ainda reinam nesse país.” (Págs. 49 a 51.)

28. Referindo-se a uma notícia publicada no Morning-Post acerca de um caso de suicídio cometido por um cão em Frinsbury, perto de Rochester, Kardec diz que não faltam exemplos de suicídio entre os animais. O cão que se deixa morrer de inanição pelo pesar de haver perdido o dono realiza um verdadeiro suicídio. O escorpião, cercado pelo fogo e vendo que não pode sair, mata-se. Esses fatos provam que o animal tem consciência de sua existência e de sua individualidade e compreende o que é a vida e a morte. Não é, pois, uma máquina nem obedece exclusivamente a um instinto cego, porque o instinto impele os seres à procura dos meios de conservação, não de sua própria destruição. (Págs. 51 e 52.)

29. A Revue publica mais uma poesia mediúnica recebida pelo Sr. Vavasseur. Intitulada Lembrança, a poesia é assinada pelo Espírito de Jean. (Págs. 52 a 55.)

30. Escrevendo sobre as doenças e suas principais causas, o Espírito de Morel Lavallée diz que a doença pode vir do corpo, do perispírito ou do próprio Espírito. A medicação deve guardar relação com a causa da enfermidade. Se esta proceder do Espírito, não se pode empregar, para a combater, outra coisa senão uma medicação espiritual. “Para destruir uma causa mórbida – assevera o Dr. Morel – há que combatê-la em seu terreno.” (Págs. 55 e 56.)

31. Em uma comunicação intitulada A clareza, Sonnez (Espírito) afirma que no século 19 o que mais faltava era clareza. A clareza é útil em tudo e a todos; sem ela tudo marcha tateando. É por isto que, antes de aconselhar e ensinar, o espírita deve começar logo por esclarecer os menores refolhos de sua alma. A tarefa do Espiritismo é rasgar o véu sombrio dos séculos de ferro e conduzir os terrícolas à conquista das verdades prometidas. “Trabalhar com este objetivo – conclui Sonnez – é ser adepto do Menino de Belém, é ser filho de Deus de quem emanam toda a luz e toda a clareza.” (Págs. 56 a 58.)

32. Luís de França (Espírito) reafirma a informação de que os tempos são chegados e alude, numa mensagem recebida em 8 de janeiro de 1866, à profecia bíblica pertinente à era da mediunidade, em que os velhos teriam sonhos e os filhos profetizariam. Eis alguns apontamentos extraídos da citada comunicação: I) O Espiritismo é esta difusão do Espírito divino, que vem instruir e moralizar todos os pobres deserdados da vida espiritual que esquecem que o homem não vive apenas de pão. II) Enquanto o homem negligencia cultivar o seu espírito e fica absorvido pela busca ou a posse dos bens materiais, sua alma permanece de certo modo estacionária. III) A bondade de Deus é, contudo, infinita e ultrapassa a indiferença de seus filhos. Eis por que lhes envia mensageiros divinos que vêm lembrar-lhes que Deus não os criou para a Terra, onde ficam apenas por algum tempo, a fim de que, pelo trabalho, desenvolvam as qualidades de sua alma. IV) O Espiritismo é a realização das profecias, o sinal brilhante da bondade do Pai e um novo apelo ao desprendimento da matéria, porque só ele pode proporcionar ao homem a verdadeira felicidade. (Págs. 58 e 59.)

33. O romance intitulado Mirette, escrito por Élie Sauvage, é focalizado pela Revue, que resume em poucas palavras o enredo e os personagens principais da obra. Analisando-a, Kardec diz que a obra é uma pintura da vida real, onde nada se afasta do possível e da qual o Espiritismo tudo pode aceitar. O comentário de Kardec é complementado por uma mensagem assinada pelo Espírito de Morel Lavallée, que elogia de igual forma o romance. (Págs. 59 a 64.)

34. O número de fevereiro se encerra com três notícias: I) O lançamento da coletânea de poesias mediúnicas obtidas pelo Sr. Vavasseur e reunidas sob o título de Echos Poétiques d’Outre-Tombe. II) O anúncio da publicação em fascículos da obra Nova Teoria Médico-Espírita, escrita pelo doutor Brizio, de Turim. III) O aviso do lançamento da tradução em espanhol d’ O Livro dos Médiuns, que poderia ser adquirida em Madri, Barcelona, Marselha e Paris. (N.R.: As duas últimas notícias saíram também na edição de março de 1867.) (Pág. 65.)

35. Pode a homeopatia modificar as disposições morais de uma pessoa? Antes de responder negativamente a essa pergunta, Kardec desenvolve extensas considerações sobre o assunto, das quais destacamos os pontos que se seguem: I) Certas partes do cérebro têm funções especiais e são afetadas por uma ordem particular de pensamentos e sentimentos. II) As faculdades afetivas, os sentimentos e as paixões se acham, assim, sediadas em certas partes do cérebro. III) O pensamento é um atributo do Espírito; sobrevivendo este à morte do corpo, o pensamento também lhe sobrevive. IV) Segundo o Espiritismo, o Espírito não somente sobrevive, mas preexiste ao corpo; não é um ser novo; traz ao nascer ideias, qualidades e imperfeições que já possuía. Assim se explicam as aptidões e as inclinações inatas. V) As aptidões do Espírito são, pois, causa, e o estado dos órgãos, efeito. VI) Pode acontecer, porém, que o estado dos órgãos seja modificado por outra causa estranha ao Espírito: doenças, acidentes, influência atmosférica ou climatérica. Nesses casos, os órgãos é que reagirão sobre o Espírito, não alterando as suas faculdades, mas perturbando suas manifestações. VII) Se as imperfeições são inerentes à inferioridade do Espírito, este não se modificará com a alteração sofrida por seu invólucro carnal. VIII) Os medicamentos homeopáticos têm, por sua natureza etérea, uma ação de certa forma molecular. Podem, pois, mais que outros, agir sobre certas partes elementares e fluídicas dos órgãos e modificar-lhes a constituição íntima. IX) Não podem, porém, agir sobre o ser espiritual senão por meios espirituais. A medicação é capaz de tornar o Espírito mais flexível, mais dócil e mais acessível às influências morais; mas seria uma ilusão esperar de uma medicação qualquer um resultado definitivo e durável no tocante à alma.  (Págs. 67 a 72.)

36. Finalizando o artigo, Kardec diz que seria diferente se o objetivo fosse ajudar a manifestação de uma faculdade já existente. Reajustado o organismo, o Espírito terá maiores possibilidades de ação. Obviamente, em casos assim, não é o Espírito que se aprimora com o tratamento, mas, sim, os meios de comunicação. E isso é perfeitamente possível. (Pág. 72.)

37. As ideias espíritas estão no ar! Essa foi uma das frases utilizadas por Kardec ao comentar a repercussão positiva obtida por Mirette, o romance escrito pelo Sr. Sauvage. As ideias espíritas efetivamente estavam presentes em vários livros lançados à época e também no teatro. “Os Espíritos – disse o Codificador – não se enganaram quando anunciaram que a ideia espírita viria à luz por toda a sorte de meios.” (Págs. 72 a 75.)

38. Kardec destaca da conhecida obra Robinson Crusoé três passagens em que o autor alude de modo explícito à intervenção dos Espíritos nas peripécias vividas pelo famoso personagem. As citações referidas pelo Codificador não se encontram nas edições abreviadas da obra, mas somente nas edições completas. (Págs. 76 e 77.)  (Continua no próximo número.)


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita