Paulo de Tarso e
a juventude
Paulo, o
apóstolo dos
gentios, foi um
dos personagens
mais marcantes
na história do
Cristianismo.
Deixou-nos de
herança, além de
belos exemplos
de vida, de
conversão e de
luta incessante
na divulgação da
mensagem do
Cristo, escritos
profundos, nas
suas famosas
cartas, cujos
trechos
inspiraram
músicas e
mensagens
mediúnicas.
Uma delas, em
especial, a
primeira carta
aos Coríntios
(habitantes de
Corinto, na
Grécia), no
capítulo 6,
versículo 12,
apresenta uma de
suas insignes
sentenças:
“Tudo me é
lícito, mas nem
tudo me convém”.
Nessa singela
frase, Paulo
apresenta a
liberdade de
proceder do ser
humano, Espírito
encarnado e cocriador.
Contudo, aponta
também as
limitações da
Lei divina, do
convívio com o
próximo, onde
essa liberdade é
cerceada pela
questão da
conveniência e
da oportunidade.
Apresenta aí a
justificativa
perene que nós
temos em nossas
reflexões,
cotidianamente,
diante de uma
decisão a ser
tomada.
Em relação à
juventude, essa
máxima se
reveste de um
significado
especial.
Afinal, no
processo de
desenvolvimento
do Espírito
encarnado, é na
juventude que
ampliamos a
nossa autonomia,
a nossa
possibilidade de
exercer a
vontade.
Entretanto, ao
mesmo tempo,
nesse período
nos vemos no
processo de
construção do
nosso juízo,
representado
folcloricamente
pelo nascimento
dos dentes
denominados “cisos”,
mas que se trata
sim da questão
de nos sabermos
capazes de algo,
mas que ainda
assim ele não
deve ser feito.
Um passo
marcante da
conquista da
maturidade.
Podemos
exemplificar
essa assertiva
de Paulo de
Tarso em três
dimensões
interligadas,
aplicadas à
vivência da
juventude. A do
QUERER, a do
PODER e a do
DEVER. Uma
divisão didática
de três fases da
vida do jovem,
no exercício de
sua liberdade e
na construção de
sua
responsabilidade,
a capacidade de
responder por.
O querer é o
indicativo da
opção. É dentre
os diversos
caminhos,
escolher algo
por si só, longe
do
direcionamento
aplicado
costumeiramente
à criança.
Obviamente,
nenhuma escolha
é totalmente
livre nesse
contexto e o
querer do jovem,
diferente da
criança, na
maioria dos
casos não sofre
grande
influência da
família e sim do
seu grupo de
referência, que
pode ser da
escola, do
esporte ou da
prática
religiosa, ainda
que o jovem
acredite decidir
apartado de
influências.
A dimensão do
poder é onde o
jovem possui não
só a vontade,
mas a
possibilidade de
fazer algo. É o
momento onde ele
adquire a
capacidade de
tornar realidade
o que ele
escolheu,
residindo aí os
maiores riscos,
das escolhas e
caminhos
errados, onde a
inconsequência
na busca por
loucuras
desenfreadas
pode afetar
seriamente a sua
encarnação.
Por fim, a
questão do dever
é onde o jovem
busca a sua
consciência e
avalia se aquilo
que ele quer e
pode fazer é
realmente
pertinente. É o
desenvolvimento
da capacidade de
avaliar
situações a si
apresentadas e
que postura deve
adotar. A
rebeldia natural
da juventude, o
desejo de
transgressão na
busca de
afirmação de
personalidade
interferem nessa
questão,
inibindo essa
capacidade de
julgar o certo e
o errado, pelo
desejo de se
fazer o que não
se deve, pautado
por outras
motivações.
Essa sequência
de
QUERO-DEVO-POSSO
é fundamental
para a reflexão
do Espírito
encarnado, para
o seu processo
evolutivo, em
especial no
período da
juventude, onde
aumenta o leque
de escolhas e a
capacidade de
escolher e
fazer, ainda que
tenha incipiente
a noção de
julgar o que
deve ser feito,
ou não. É uma
época de
diversões, de
sensações, de
cantos de sereia
e bifurcações no
caminho, em
lutas
necessárias, mas
que devem nos
trazer como
dividendos as
lições
aprendidas.
Errar sem
aprender é
extremamente
danoso... Melhor
aprender sem
errar.
Por isso, cabe
aos pais e
educadores
trabalhar com os
jovens esse
processo de
construção de
sua autonomia de
saber o que
quer-deve-pode e
não
aprisioná-los em
uma redoma,
longe do mundo,
privando-o do
exercício dessa
tríade tão
necessária,
ainda que às
vezes se faça
por processos
dolorosos.
A lição de Paulo
de Tarso de que
devemos sopesar
a conveniência
diante das
possibilidades é
um farol na
nossa caminhada
no mundo, e aos
jovens, saindo
da proteção do
núcleo familiar
para enfrentar
as agruras e
alegrias da vida
adulta, se
apresenta a
sentença como
basilar, para
que saibam estes
o que querem,
até onde
alcançam e se
aquela atitude é
a que o Cristo
espera de nós,
relembrando
outra importante
frase de Paulo,
na sua conversão
à porta de
Damasco, quando
pergunta ao
Cristo: “Senhor,
o que queres que
eu faça?”