E a Vida Continua...
André Luiz
(Parte
6)
Continuamos nesta edição
o estudo da obra
E a Vida Continua,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1968 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que espécie de bebida
foi dada a Evelina com o
objetivo de ajudá-la no
seu refazimento?
Foi um tônico em forma
de refresco com sabor de
maçã, de alto valor
reconstituinte. "Este, a
meu ver – informou Dona
Alzira –, é o melhor
refrigerante que
encontrei aqui, até
agora, porque tem
pretensões a sedativo."
Evelina sorveu um gole,
avidamente, tendo a
impressão de haver
bebido um néctar, mais
vaporoso que líquido,
que lhe revigorou as
forças, ao mesmo tempo
em que lhe reacomodou os
pensamentos.
(E a Vida Continua, cap.
7, pp. 51 a 53.)
B. O hospital em que
estavam ficava isolado
em determinada região do
espaço, ou fazia parte
de alguma cidade
espiritual?
Fazia parte de uma
cidade espiritual. O
hospital estava rodeado
por vida citadina muito
intensa. Viam-se ali
residências, escolas,
instituições, templos,
indústrias, veículos e
entretenimentos
públicos, uma notícia
que surpreendeu muito
Evelina e Ernesto. "É
como lhes digo. Isto
aqui – informou Dona
Alzira – é uma cidade
relativamente grande.
Nada menos de cem mil
habitantes e, ao que
dizem, com administração
das melhores."
(Obra citada, cap. 7,
pp. 53 e 54.)
C. Havia pianos na
cidade espiritual
mencionada nesta obra?
Sim. Visitando uma
residência daquela
cidade, Dona Alzira
informou que em
determinado momento
alguém tocou ao piano a
canção Sonho de Amor, de
Liszt. Era Nicomedes,
pai de Corina, a jovem
que a recepcionou em seu
lar, que dedilhava o
instrumento com grande
mestria. Dona Alzira
enterneceu-se de tal
modo que manifestou o
desejo de ouvi-lo mais
de perto. Corina
conduziu-a, então, à
sala de música. Foi um
deslumbramento. O irmão
Nicomedes, absorto,
revelava-se num mundo de
alegrias profundas, que
se lhe irradiavam da
vida interior, em forma
de melodias, das
notáveis melodias que se
sucediam umas às outras.
(Obra citada, cap. 7,
pp. 53 e 54.)
Texto para leitura
21. Um refresco de
maçã - A
senhora, receosa ante os
serviços de vigilância,
procurava demonstrar
naturalidade, temendo
que alguém pudesse haver
assinalado o choque da
companheira. Fantini
compreendeu e procurou
coadjuvá-la. Chamava-se
Alzira Campos e também
morara em São Paulo.
Desde que caiu em casa,
trouxeram-na desacordada
para aquele hospital e,
de acordo com seus
cálculos, esperava alta
havia dois meses. Dona
Alzira declarou-se
completamente
restabelecida e relatou
as orientações recebidas
de irmã Letícia, que já
a avisara que não estava
longe o dia em que lhe
seria possível decidir,
relativamente a
permanecer ali ou não...
Como pedira mais claras
instruções à assistente,
esta apenas lhe disse,
gentil: "Você
compreenderá melhor,
mais tarde". Intrigado
com os acontecimentos,
Fantini indagou-lhe se
acreditava que aquele
fosse um instituto de
saúde mental, um asilo
de loucos. A matrona
nada respondeu, mas
opinou: "Se vamos
examinar assuntos
graves, não nos convém
isolar a companheira.
Nossa amiga Evelina pode
acelerar o próprio
refazimento. Peçamos
para ela um tônico
adequado". Dito e feito.
Premindo diminuto botão
incrustado à mesa,
chamou um rapaz de
serviço que, em seguida,
a pedido dela, lhes
trouxe um refresco com
sabor de maçã, de alto
valor reconstituinte.
"Este, a meu ver –
informou Dona Alzira –,
é o melhor refrigerante
que encontrei aqui, até
agora, porque tem
pretensões a sedativo."
Evelina sorveu um gole,
avidamente, tendo a
impressão de haver
bebido um néctar, mais
vaporoso que líquido,
que lhe revigorou as
forças, ao mesmo tempo
em que lhe reacomodou os
pensamentos. (Cap. 7,
pp. 51 a 53)
22. Uma bela
cidade fora da
Terra - Dona
Alzira pôs-se à
disposição dos novos
amigos, para
prestar-lhes os
esclarecimentos que
desejassem. Como Fantini
insistisse na ideia de
que eles se encontravam
num hospital
especializado em saúde
mental, Alzira ponderou:
"A princípio, também
pensei assim. Notem
que nos sentimos aqui de
pensamento mais leve e
cabeça sempre mais clara
por dentro. As ideias
fluem com tanta
ligeireza e
espontaneidade que
parecem tomar corpo,
junto de nós. Concordo
em que nos encontramos
num tipo de vida
espiritual diferente,
muito diferente daquela
em que vivíamos, até a
nossa vinda para cá.
Apesar disso, porém, não
creio estejamos nós num
manicômio. Certamente já
sabem que estamos
rodeados por vida
citadina muito intensa.
Residências, escolas,
instituições, templos,
indústrias, veículos,
entretenimentos
públicos..." Evelina e
Ernesto ouviam-na,
espantados. "É como lhes
digo. Isto aqui –
completou Dona Alzira –
é uma cidade
relativamente grande.
Nada menos de cem mil
habitantes e, ao que
dizem, com administração
das melhores." Em
seguida, informou ter,
na semana anterior,
visitado uma família que
não conhecia,
acompanhando duas
amigas. Fora a única vez
que se ausentou do
hospital, numa excursão
deliciosa, apesar do
pasmo de que se viu
tomada, ao fim do
passeio. "Vocês
conhecerão tudo a seu
tempo", ajuntou a
matrona. "A cidade é
linda. Uma espécie de
vale de edifícios, como
que talhados em jade,
cristal e lápis-lazúli.
Arquitetura original,
praças encantadoras
recamadas de jardins.
Creiam vocês que
caminhei, fascinada, de
rua em rua. O irmão
Nicomedes, pois assim se
chama o dono da casa,
acolheu-nos com muita
gentileza.
Apresentou-me a filha
Corina, uma bela jovem,
com quem para logo
simpatizei. Íntima de
uma das amigas que eu
seguia e com a qual
entraria em combinação
sobre assuntos de
serviço, salientou a
alegria festiva do lar,
falando-nos de esperados
júbilos domésticos."
Tudo ia crescendo de
doces surpresas – contou
Dona Alzira –, quando
surgiu a bomba...
"Achávamo-nos no
terraço, admirando um
canteiro de jasmins
suspensos, quando
ouvimos o `Sonho de
Amor', de Liszt,
tocado ao piano. Corina
informou-nos de que o
pai dedilhava o
instrumento com grande
mestria. Enterneci-me
de tal modo que
manifestei o desejo de
ouvi-lo, mais de perto.
A nossa anfitriã
conduziu-nos, de
imediato, à sala de
música. E foi um
deslumbramento. O irmão
Nicomedes, absorto,
revelava-se num mundo de
alegrias profundas, que
se lhe irradiavam da
vida interior, em forma
de melodias, das
notáveis melodias que se
sucediam umas às
outras. Em dado
momento, apontei:
`ele parece mergulhado
num longo êxtase, toca
como quem ora', ao
que a filha respondeu:
`estamos efetivamente
muito felizes; minha
mãe, ao que sabemos,
deverá chegar nesta
semana'. `Ela está
de viagem?', perguntei.
Com a maior
naturalidade, a moça
esclareceu: `minha
mãe virá da Terra'."
(Cap. 7, pp. 53 e 54)
23. Alzira quase
desmaia - A
informação produziu
horrível choque em
Alzira, como se acabasse
de receber uma punhalada
no peito. Faltou-lhe o
ar e teve início
terrível crise de
angústia... A simples
ideia de que estava em
lugar fora do mundo que
sempre conheceu a fez
voltar às dores
anginosas que há muito
não registava. Corina
lhe trouxe um calmante;
seu pai interrompeu-se
de repente, quando
executava um belo
noturno; o estado de
perturbação se
comunicara a todo o
ambiente... "Via-me
prestes a desmaiar",
informou Dona Alzira. "O
pequeno grupo congregou
atenções junto de mim e
fui levada para o ar
livre. Sentaram-me numa
poltrona de pedra,
semelhante ao mármore.
Tateei com força o
respaldar da curiosa
cadeira e, ao verificar
a dureza do material sob
minhas mãos, comecei a
tranquilizar-me... Em
seguida, olhei para o
céu e vi a lua cheia,
fulgindo com tanta
beleza que me asserenei
de novo. Percebi a
sem-razão do meu susto.
E refleti, de mim para
comigo: `porque não
existirá uma cidade, uma
vila, um lugarejo
qualquer de nome Terra?'
O quadro que me cercava
era positivamente um
recanto do mundo...
Indiscutivelmente, a
esposa de Nicomedes
estaria sendo esperada
de alguma aldeia
anônima..." Fantini
indagou se Alzira já
conversara sobre esse
assunto com mais alguém,
e ela explicou que
apenas durante os banhos
ouvia uma que outra
companheira, mas em
todas a dúvida pairava,
supondo a maioria
encontrar-se
efetivamente no mundo
espiritual... Somente a
senhora Tamburini –
disse ela – estava
plenamente convencida de
que não mais estavam no
domicílio terrestre.
Frequentando um
gabinete de estudos
magnéticos, ali mesmo no
hospital, ela
sujeitara-se a testes
que lhe deram a certeza
de não mais estar de
posse do corpo físico.
(Cap. 7, pp. 55 e 56)
24. As explicações
da senhora Tamburini
- Mais de quinze dias
haviam transcorrido
sobre o primeiro
reencontro. Evelina e
Ernesto estavam
familiarizados com os
banhos terapêuticos e já
haviam mantido contacto
com a senhora Tamburini,
que lhes prometera
conduzi-los, logo que
possível, ao Instituto
de Ciências do Espírito,
que funcionava ali
mesmo, num dos recantos
do grande jardim. As
considerações feitas
pela senhora Tamburini
eram bastante
esclarecedoras. No
tête-à-tête quase
diário, ela
solicitava-lhes maior
reflexão em torno da
matéria, a escalonar-se
em diversos graus de
condensação, e mais
amplo exame das
percepções da mente, a
se alterarem conforme os
princípios da
relatividade. Noutro
passo, rogava-lhes
estudar neles próprios a
extrema leveza de que se
viam possuídos, a
agilidade do corpo sutil
que envergavam agora e a
maneira singular com que
exprimiam o pensamento,
como se as ideias se
lhes esguichassem do
cérebro, em forma de
imagens. Que se
detivessem também a
perquirir naquele novo
clima de vida as
ocorrências telepáticas,
que ali se erigiam em
fenômeno corriqueiro,
apesar de não
prescindirem da palavra
articulada. Bastava
maior grau de afinidade,
entre as pessoas, para
que se entendessem
harmoniosamente, em
derredor dos assuntos
mais complexos, com o
mínimo de palavras. A
senhora Tamburini não
tinha dúvidas: eram eles
criaturas desencarnadas
em algum departamento do
Mundo Espiritual, fato
que, apesar do respeito
que nutriam pela nova
amiga, não era admitido
por Evelina e Ernesto.
Certo dia, sentada no
chão relvoso, Evelina
comentou com seu amigo:
"De fato, a cada dia me
sinto mais leve, sempre
mais leve. E, com isso,
vou perdendo o controle
de mim mesma. Noto que
os meus sentimentos
sobem do coração para o
cérebro, à maneira das
águas de um manancial
profundo ao jorro da
fonte... Na cabeça,
observo que as emoções
se transfiguram em
pensamentos que me
escorrem imediatamente
para os lábios em forma
de palavras, a partirem
de mim, quais as
correntes líquidas que
se estendem, para além
do nascedouro, terra
adiante..." Ernesto
considerou que ela,
falando assim, definira
com precisão o estado de
espírito dele também. Um
fato, contudo, intrigava
os dois: era a
existência ali de
árvores e de flores. Se
estavam no Mundo
Espiritual, como poderia
haver em tal lugar
matéria e natureza,
como as da Terra? (Cap.
8, pp. 57 e 58)
(Continua na próxima
semana.)