Desertor
Galba de Paiva
Silêncio... Inércia...
Morte, o fim de tudo...
Era o estranho ideal que
acalentara
Quando vivi qual cego,
surdo, mudo,
Ou sonâmbulo em crise
longa e rara.
Covarde e tresloucado,
em transe agudo,
De súbito fugi à vida
amara
E marchei, constrangido,
para o estudo
Do enigma que, em vão,
me acabrunhara.
Mas não morri...
Morreu-me o vaso
impuro...
E, distante da carne
transitória,
Colho o passado e planto
o meu futuro.
Nem mistério, nem cinza
à nossa frente...
Apenas o homem louco de
vanglória
Procurando enganar-se
inutilmente.
Nascido em Uruguaiana-RS
em 26 de setembro de
1893, o poeta Galba de
Paiva faleceu no Rio de
Janeiro-RJ em 1º de
julho de 1938. O soneto
acima integra o livro
Antologia dos Imortais,
obra psicografada pelos
médiuns Waldo Vieira e
Francisco Cândido
Xavier.
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